BIM e ensino híbrido para gestão da construção

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v3i00.301

Palavras-chave:

Graduação, Engenharia Civil, Gestão da Construção, Competências BIM técnicas, Revit, Navisworks, Ensino Híbrido

Resumo

A experiência didática aconteceu no componente curricular obrigatório “Gestão da Construção” do curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A seleção deste componente deu-se após uma análise da matriz curricular realizada para identificar a permeabilidade da Modelagem da Informação da Construção (BIM) com as disciplinas do curso de Engenharia Civil da UFRN (LIMA et al., 2020). Uma vez identificada uma alta permeabilidade, outro passo importante foi a abertura e interesse na inserção do BIM pelo docente responsável pela disciplina. Além disso, outro ponto relevante na viabilidade dessa inserção foi a adoção do Ensino Híbrido como metodologia ativa de ensino-aprendizagem.

O componente curricular tinha carga horária total de 60h com dois encontros semanais presenciais de duas horas/aula. Foi ofertado aos estudantes do 6º período, no semestre letivo 2019.1 e tem como principal objetivo desenvolver competências de orçamento e planejamento de obras. Nesse semestre houve duas turmas, uma no turno matutino (20 estudantes) e outra no turno vespertino (14 estudantes). A inserção do ensino de BIM seguiu uma abordagem teórico-prática. Uma vez que esse foi o primeiro contato dos estudantes com BIM foi necessária uma abordagem teórica sobre os fundamentos do BIM (conceito, interoperabilidade, modelagem paramétrica e usos do BIM). Em seguida, deu-se início a abordagem prática com a modelagem da disciplina de arquitetura de uma residência unifamiliar no Autodesk Revit com o objetivo de extrair os quantitativos e realizar a simulação 4D no Navisworks. Foram utilizados a sala de aula invertida e a rotação por estações como modalidades do ensino híbrido em dois momentos distintos da disciplina (Fundamentos do BIM e BIM para gestão da construção), cada um com uma carga horária de 4h/aula. Essas duas modalidades foram usadas de modo complementar uma a outra. Inicialmente foi usado a sala de aula invertida com o Google sala de aula como ambiente de aprendizagem virtual (AVA). No AVA foram disponibilizados com duas semanas de antecedência da aula de Fundamentos do BIM diferentes materiais de apoio (vídeos, artigos, capítulos de livro e manuais) sobre: (1) Fundamentos do BIM e (2) usos do BIM para extração de quantitativos e simulação 4D. Após esse momento assíncrono, os estudantes trabalharam o conteúdo da sala de aula invertida por meio da rotação por estações, sendo a atividade dimensionada para uma duração total de 60 minutos com quatro estações de trabalho (Dramatização, Mapas Mentais, Vídeo BIM, Plano de implementação). Em cada estação os estudantes tinham que desenvolver uma atividade em grupo com duração de 15 minutos. Os produtos destas atividades foram apresentados na aula seguinte. Ao término das apresentações das atividades resultantes de cada uma das estações, foi realizada uma discussão para correção a aprofundamento dos conceitos trabalhados. Na etapa de BIM para gestão da construção, foram compartilhadas no AVA videoaulas sobre modelagem de Arquitetura, Extração de quantitativos e simulação 4D. Essa foi a última intervenção na disciplina e aconteceu de forma assíncrona, com um momento presencial de 2h/aula para que os estudantes tirassem as dúvidas relacionadas a modelagem. Ao término de cada uma das intervenções na disciplina, os estudantes tinham a sua disposição um questionário eletrônico, para que pudessem avaliar a experiência. Dentre os resultados apontados pelos estudantes destacam-se: a dinamicidade proporcionada pela rotação por estações, de modo que eles viam o ato de aprender como algo divertido e leve, o fortalecimento do trabalho em grupo e colaborativo e o estímulo da criatividade. Além disso, pelo fato de terem contato com o conteúdo previamente a aula (sala de aula invertida) podiam participar das discussões com mais segurança. Com relação as videoaulas, os estudantes conseguiram acompanhar bem o processo de modelagem e replicar o modelo proposto, apesar de alguns estudantes apontarem como principal dificuldade a falta de recurso computacional em casa, isso pode ser balizado com a utilização do laboratório de informática da universidade.

Dentro do contexto de inserção do ensino de BIM baseado em competências proposta por Succar, Sher e Williams (2013) pode-se concluir que a experiência didática relatada desenvolveu junto aos estudantes competências BIM individuais de domínio e técnicas. Além disso, as atividades em grupo desenvolvidas na rotação por estações, evidenciaram as competências BIM do grupo: essenciais. Com base na experiência relatada também é possível perceber uma estreita relação entre o ensino do BIM e a utilização de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, uma vez que essas fortalecem a autonomia dos estudantes e o trabalho colaborativo, o que é essencial para o sucesso de uma implementação BIM. Dentre as principais dificuldades dessa experiência pode ser evidenciado o fato dos estudantes chegarem ao 6º período do curso sem ter contato com o BIM em disciplinas anteriores, o que demandou uma fundamentação teórica sobre BIM e não apenas usos do BIM para gestão da construção: extração de quantitativos e simulação 4D. Apesar disso, os conteúdos BIM foram trabalhados com êxito, o que aponta para a necessidade de iniciar a inserção do ensino a partir da identificação de docentes com interesse e que tenham entendido a importância do ensino do BIM na graduação dos cursos de Engenharia Civil.

Apresentação no YouTube: https://youtu.be/74pLdhkCLRs

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Biografia do Autor

Weslley Eunathan Fernandes Lima , Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Mestre em Engenharia Civil (UFRN-2020) - área de concentração em processos construtivos e estruturas. Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Potiguar (2017) e Técnico em Edificações (SENAI-2014). 

Reymard Savio Sampaio de Melo , Universidade Federal da Bahia

Doutor em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas. Professor na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Atuais interesses de pesquisa: Tecnologias digitais na Gestão da Construção.

Referências

LIMA, Weslley Eunathan Fernandes; MELO, Luane Assunção Paiva; MELO, Reymard Sávio Sampaio de; GIESTA, Josyanne Pinto. BIM no ensino de Engenharia Civil: proposta de adaptação de matriz curricular. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 11, p. e020028, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.20396/parc.v11i0.8657369

SUCCAR, B; SHER, W.; WILLIAMS, A. An integrated approach to BIM competency assessment and application.Automation in Construction, Amsterdam, v. 35, p. 174-189. 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.autcon.2013.05.016

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Publicado

21/05/2021

Como Citar

LIMA , W. E. F. .; MELO , R. S. S. de. BIM e ensino híbrido para gestão da construção. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 3., 2021. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2021. p. 1. DOI: 10.46421/enebim.v3i00.301. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/301. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Experiência de ensino-aprendizagem BIM realizadas

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