NOVOS TERRITÓRIOS DOMÉSTICOS EM TEMPOS PANDÊMICOS, UM ESTUDO COM ÊNFASE NA CRIANÇA
Palavras-chave:
Criança, território, territorialidade, apropriação espacial, COVID-19Resumo
A dinâmica imposta pela situação sanitária ocasionada pela pandemia do Sars-CoV-2 influenciou diretamente no cotidiano familiar. Neste cenário, as crianças também sofreram diversas mudanças em sua rotina. O fechamento de escolas, creches e áreas de lazer, até a reorganização e adaptação de espaços trouxe à tona desafios para se conviver com o público infantil em ambientes confinados. Apesar da escassez de estudos sob esta ótica, pode-se afirmar que pandemia da COVID-19 afetou crianças de formas multifacetadas. Este trabalho é pautado na reflexão e nos questionamentos sobre a relação pessoa-ambiente em períodos de confinamento, mais especificamente a relação entre as crianças e suas moradias. A pesquisa de caráter exploratório foi desenvolvida no âmbito da disciplina Relação Pessoa-Ambiente, ofertada no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, vinculado à Universidade Federal da Paraíba. Objetivou-se refletir acerca da percepção infantil sobre a casa em tempos de pandemia. A metodologia utilizada buscou correlacionar a dimensão CRIANÇA/CASA e foi construída a partir da tríade (imagem, percepção e representação), sendo feito o uso do desenho como expressão imagética do ambiente do ponto de vista infantil,- desenvolvidos por oito crianças com idade entre quatro e nove anos. Inicia-se o estudo com a conceituação de território e territorialidade, a partir das palavras de autores de referência no tema, perpassando o conceito de territorialidade de criança, para então aproximar com discussões relacionadas à dimensão analisada neste trabalho. Território, territorialidade e apropriação do espaço conduzem a interpretação dos desenhos infantis postos sob análise. Os resultados obtidos apontam uma ressignificação do lar enquanto espaço construído por adultos, mas que também é apropriado por crianças. Observou-se no público analisado que a casa, por vezes, não é mais vista como local de abrigo e acolhimento, mas como o local sob o qual se recolhe e se realiza atividades possíveis ao confinamento.