Bangu caminhável

O Índice de Caminhabilidade como metodologia de projeto

Resumo

Bangu, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, é marcado pela presença da ferrovia, que apesar de contribuir para mobilidade na escala da cidade, divide o bairro, criando espaços desagradáveis ao pedestre. Ainda que os bairros suburbanos tenham tido seu desenvolvimento em função da ferrovia, a evidência do automóvel no planejamento urbano se faz presente nesses locais, o que se percebe pela presença de calçadas estreitas e vias largas, colaborando para o afastamento das pessoas dos espaços públicos. Percursos curtos que poderiam ser feitos a pé, são dificultados por questões de segurança, acessibilidade e mesmo pela falta de conforto ambiental. O trabalho critica o modelo de cidade que prioriza o automóvel em detrimento das pessoas, e propõe a requalificação e transformação da área central de Bangu, visando torná-lo um bairro caminhável. Para guiar o processo de projeto foi utilizado o Índice de Caminhabilidade
(ICam), desenvolvido pelo ITDP Brasil. Propõe-se ainda, adaptar o ICam existente com a inclusão de indicadores de sustentabilidade e resiliência urbana, criando um Índice de Caminhabilidade Verde. Foi possível perceber que a utilização do ICam como metodologia de análise do espaço urbano colaborou para a percepção dos aspectos biofísicos e urbanos do lugar, facilitando o reconhecimento dos problemas do território e o desenvolvimento de um projeto urbano que favoreça a mobilidade ativa e a readequação da cidade sob a ótica do pedestre. A incorporação de novos indicadores ao ICam foi importante, pois além de complementar os parâmetros existente, coloca em pauta a necessidade de transformar as cidades a partir de princípios de sustentabilidade ambiental e resiliência. Ainda, o reconhecimento de padrões urbanos e a criação de tipologias de ruas, permitiu que fosse criado um modelo de bairro caminhável adaptável no contexto do subúrbio carioca e que pode ser utilizado como base para outros projetos na região.