A influência da composição química na refletância solar e emitância térmica dos materiais frios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/encac.v17i1.3743

Palavras-chave:

Materiais frios, Propriedades radiativas, Composição química

Resumo

Os materiais frios possuem maiores valores de refletância solar e menores, apesar de elevados, de emitância térmica comparados aos revestimentos convencionais, desta forma, aquecem menos suas superfícies. Contudo, os fabricantes erroneamente os denominam de isolantes térmicos, pois apesar da baixa condutividade térmica dos componentes das tintas, a sua espessura é muito fina, o que não excede poucos milímetros, e não é suficiente para impedir a transferência de calor por condução. Portanto, os fenômenos físicos responsáveis pela redução na temperatura superficial destes materiais são as propriedades radiativas superficiais (refletância solar e emitância térmica), as quais não são disponibilizadas pelos fabricantes. Desta forma, objetiva-se identificar os elementos químicos presentes nas superfícies frias que influenciam na refletância solar e emitância térmica. Para isso, foram medidas a refletância espectral e emitância térmica com métodos e equipamentos normatizados pelo Cool Roof Rating Council (CRRC) de 23 materiais frios elastoméricos selecionados do mercado brasileiro e analisadas as micrografias das superfícies com EDS (detector de energia dispersiva de raios-x) acoplado ao microscópio eletrônico de varredura por emissão de campo. Os resultados indicaram que superfícies com acabamento superficial fosco são mais refletivas do que as de semibrilho e estas mais que as de alto brilho por causa das menores quantidades de carbono e maiores em oxigênio confirmado pela forte correlação estatística a 0,1% de probabilidade e visualizado nas diferenças das micrografias. Portanto, maiores concentrações do pigmento de dióxido de titânio, mais refletivos ao espectro infravermelho, não alcançaram maiores refletâncias. Além do mais, a presença do elemento metálico (titânio) em maiores quantidades nas superfícies não foi determinante para menores valores de emitância térmica.

Biografia do Autor

Marcela Macedo de Andrade, Universidade de São Paulo

Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia pela Universidade de São Paulo (São Carlos - SP, Brasil).

Kelen Almeida Dornelles, Universidade de São Paulo

Doutora em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora Doutora no Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU/USP) (São Carlos - SP, Brasil)

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Publicado

26/10/2023

Como Citar

ANDRADE, M. M. de; DORNELLES, K. A. A influência da composição química na refletância solar e emitância térmica dos materiais frios. In: ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 17., 2023. Anais [...]. [S. l.], 2023. p. 1–10. DOI: 10.46421/encac.v17i1.3743. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/encac/article/view/3743. Acesso em: 9 maio. 2024.

Edição

Seção

4. Desempenho Térmico do Ambiente Construído

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