Diretrizes para o desenvolvimento de plano de implementação BIM curricular e sua aplicação piloto no Projeto Construa Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1942

Palavras-chave:

Educação, Plano de Implementação BIM, Currículo, Projeto Construa Brasil, Células BIM

Resumo

A adoção do BIM em todo o mundo está ocorrendo em grande escala (MUSTAFFA; SAHHEH; ARIFFIN, 2017; ULLAH et al. 2019; MACHADO; DELLATORRE; RUSCHEL, et al., 2021). Consequentemente, incorporar o BIM na formação de arquitetos, engenheiros e técnicos tornou-se uma demanda e um tema de grande importância para o ensino superior. No entanto, a transformação da educação é uma tarefa complexa e os ciclos de transformação são raros. Portanto, quando um esforço dessa natureza é empreendido, ele deve ser robusto e duradouro. Uma maneira de atingir esse objetivo é planejar a implementação do BIM nos currículos de forma holística. Existem várias propostas para implementação curricular do BIM (MACDONALD, 2011; SACKS; PIKAS, 2013; PIKAS et al., 2013; SUWAL et al., 2014; SOLNOSKY; PARFITT, 2015; RODRIGUEZ-RODRIGUEZ; DÁVILA-PEREZ, 2016; RODRIGUEZ et al., 2017; ZHAO, 2021). No entanto, na maioria dos casos, são específicos de uma única universidade ou de um determinado domínio, não consideram as políticas acadêmicas ou continuam a simplificar a prática segmentando o conhecimento. Dessa forma, este trabalho propõe um protocolo padronizado para a implementação curricular do BIM semelhante à prática geral observada na indústria (COATES et al., 2010; GU; LONDON, 2010), considerando aspectos BIM de processo, tecnologia e políticas na academia alinhados com a missão da instituição de ensino e com as competências profissionais demandadas pela legislação. 

A pesquisa-ação foi a metodologia de pesquisa utilizada. Foram realizados três ciclos: (1) Proposição, (2) Sistematização e (3) Aplicação. A sequência de três ciclos foi executada mais de uma vez, cada uma de forma incremental, resultando respectivamente em (1) Diretrizes para o Plano de Implementação BIM curricular (PIBc), (2) Ferramentas de apoio para o PIBc e (3) PIBc. Cada ciclo envolveu o planejamento, desenvolvimento, monitoramento e avaliação das ações. A condução dos ciclos foi realizada com duas universidades públicas participantes do projeto: Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi facilitada pela liderança do governo federal brasileiro por meio do Projeto Construa Brasil (BRASIL, 2022). Os cursos transformados para incorporar as tecnologias BIM e Indústria 4.0 são Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, respectivamente na UFPR e na UFPE. A pesquisa-ação teve início em julho de 2020 e o acompanhamento de suas ações pela liderança do governo federal deve terminar em dezembro de 2023. Ao todo, um grupo de seis professores e o dobro de alunos, de graduação e pós-graduação, estão envolvidos em cada universidade. Esses grupos são denominados Células BIM. 

A síntese do resultado do Ciclo de Proposição da pesquisa-ação realizada, que determina Diretrizes para o PIBc, é listada a seguir:

  1. Revisão detalhada e análise da prática atual: diagnóstico da Maturidade BIM Curricular (processos, tecnologia, políticas) e análise do Potencial BIM da Matriz Curricular (seleção do núcleo de disciplinas com interface clara com BIM).
  2. Identificação dos ganhos de eficiência da implementação do BIM: definição do objetivo da transformação curricular e do escopo (no núcleo de disciplinas do PIBc).
  3. Desenho de novos processos de negócios e caminho de adoção de tecnologia: caracterização das competências BIM, usos do BIM, formas de incorporação do BIM no núcleo de disciplinas do PIBc; transformação de planos de disciplina; definição de tecnologia; definições de ações e roteiro.
  4. Implementação e lançamento do BIM: execução das ações planejadas (aprovações, treinamentos, desenvolvimentos e oferecimentos).
  5. Revisão, disseminação e integração do projeto no plano estratégico: avaliação e divulgação dos resultados.

Observa-se a adaptação para o ensino das etapas propostas originalmente por Coates et al. (2010) para o desenvolvimento de PIBs de empresas. Estão sendo desenvolvidas as ferramentas de suporte do Ciclo de Sistematização, para a coleta de dados e sistematização da caracterização das competências BIM, usos do modelo e objetivos educacionais que regem a transformação curricular. Em relação ao Ciclo de Aplicação, as diretrizes desenvolvidas mostraram-se genéricas e abrangentes, tendo norteado a transformação de dois cursos distintos com base empírica para a tomada de decisão dos acadêmicos envolvidos. O desenvolvimento do PIBc funciona como um mecanismo de conscientização do BIM entre os envolvidos internamente na Célula BIM. Treinamentos online, seminários e discussões com o facilitador promovem essa conscientização. As ações de aprovação das transformações propostas também funcionam como um mecanismo de conscientização BIM externo à Célula BIM. Além disso, confirmamos que a liderança é fator essencial para o desenvolvimento do trabalho. Essa liderança, que deve ter grande expertise em BIM, torna-se essencial na etapa de Desenho de novos processos de ensino e adoção de tecnologia. Constatamos que, após a caracterização BIM das disciplinas, desdobra-se a necessária transformação do plano de ensino. Se os professores envolvidos não tiverem conhecimento profundo do BIM para o tema, a transformação no plano de ensino pode ser inconsistente. Observa-se que mesmo com uma tímida introdução da competência BIM em um escopo limitado de soluções de engenharia ou arquitetura, o impacto na maturidade BIM curricular é importante e será percebido pela comunidade acadêmica interna e pela prática externa.

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Biografia do Autor

Regina Coeli Ruschel, Universidade Estadual de Campinas

Doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas,. Professora e pesquisadora colaboradora na Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Campinas - SP, Brasil).

Caroline Kehl , Universidade Estadual de Campinas

Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.  Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade da Universidade de Campinas (Campinas - SP, Brasil).

Referências

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Publicado

2022-06-08

Como Citar

RUSCHEL, Regina Coeli; KEHL , Caroline. Diretrizes para o desenvolvimento de plano de implementação BIM curricular e sua aplicação piloto no Projeto Construa Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1942. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1942. Acesso em: 23 dez. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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