Uma experiência com o uso de ferramenta BIM em disciplina de representação gráfica

Autores

Palavras-chave:

Ensino, Geometria Descritiva, Desenho Técnico

Resumo

Neste trabalho apresentamos uma experiência didática realizada com o uso de uma ferramenta BIM em disciplina de representação gráfica. Trata-se da disciplina Desenho Geométrico e Geometria Descritiva (DG e GD) que é ofertada pelo Departamento de Matemática para o primeiro ano do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Desde 1995, uma ferramenta CAD, o software Autodesk AutoCAD, vem sendo utilizada pelos estudantes desta disciplina para reproduzir no computador figuras geométricas desenhadas à mão, assim como visualizar em 3D objetos representados por meio de perspectivas e vistas ortográficas (BARISON, 1996). Entre os conteúdos ensinados na disciplina estão o estudo de ângulos, segmentos, perspectivas, projeções e métodos descritivos, tais como o de rebatimento aplicado a telhados, entre outros. Para estudar ângulos e segmentos, os estudantes constroem poligonais de terrenos e suas curvas de nível. Ao estudar rebatimento, os estudantes modelam um telhado, que também é representado por meio de maquete física. Há dois anos, também foi introduzido no ensino de DG e GD o uso de uma ferramenta BIM (Revit). Esta experiência aconteceu a partir de 2017, com sessenta alunos. Assim, os estudantes passaram a modelar o terreno e o telhado utilizando o Revit. Ao final de 2017 e de 2018, os alunos responderam a um questionário online com o objetivo de identificar as suas percepções quanto à experiência com o uso do Revit, em relação ao AutoCAD. Na percepção dos estudantes que cursaram a disciplina em 2017, a ferramenta BIM os ajudou a compreender o que acontece no espaço tridimensional e que é representado em duas dimensões, além de ser uma forma de mantê-los atualizados. Na percepção dos estudantes que cursaram a disciplina em 2018, o uso da ferramenta BIM os motivou a aprender o conteúdo da disciplina. Além disso, eles tiveram um conhecimento básico no software e uma noção tridimensional reforçando, assim, o aprendizado da teoria. Quanto à interface do Revit, pode-se dizer que é didática, prática e, portanto, fácil de aprender. Quanto ao exercício do terreno, o Revit os auxiliou a compreender a topografia. Quanto ao exercício do telhado, o Revit os ajudou a entender a forma real e agilizou a planificação. Na opinião dos alunos, outros exercícios também deveriam ser propostos, por exemplo: uma fachada de igreja que foi modelada utilizando o AutoCAD. Os alunos são unânimes em afirmar que o ensino de AutoCAD não deve ser dispensado, pois ele é uma base para o uso do Revit, sendo mais indicado para exercícios em 2D enquanto o Revit, para exercícios em 3D. Na nossa percepção, a ferramenta BIM ajudou o aluno a visualizar as superfícies estudadas. Além disso, o estudante teve a oportunidade de conhecer a interface e as vantagens de uma ferramenta BIM logo no início da disciplina, como também do curso de arquitetura. Segundo o esquema conceitual proposto por Succar e Kassem (2015), esta experiência pode ser enquadrada no estágio de ‘modelagem’ e no campo ‘tecnologia’, além de, desenvolver competências técnicas de modelagem e extração de documentações e quantitativos. Nas categorias propostas por Checcucci e Amorim (2014) esta disciplina: (A) tem interface com BIM quando o professor enfoca na visualização espacial e modelagem; (B) trabalhou conteúdos de modelagem geométrica tridimensional e visualização do modelo; (C) envolveu a fase da projetação e (D) envolveu a arquitetura. De acordo com a proposição dos Níveis de Proficiência BIM (NPBIM) de Barison (2015) e Barison e Santos (2011, 2014, 2018), trata-se de uma disciplina isolada em que o NPBIM desenvolvido é o Introdutório, e foram desenvolvidas algumas das competências de um Modelador BIM.

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Referências

BARISON, Maria Bernardete. Uma alternativa metodológica para introduzir recursos computacionais no ensino de Desenho Geométrico e Geometria Descritiva. Semina: Ci. Soc./Hum., v.17, Ed. Especial, p. 28-37, nov. 1996.

BARISON, Maria Bernardete. Introdução de Modelagem da Informação da Construção (BIM) no currículo: uma contribuição para a formação do projetista. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo, 2015. 387 p.

BARISON, M. B.; SANTOS, E. T. Ensino de BIM: Tendências atuais no cenário internacional. Gestão e Tecnologia de Projetos, v. 6, n. 2, dez., 2011.

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______. Advances in BIM Education. In: Ivan Mutis; Renate Fruchter; Carol Menassa. (Org.). Transforming Engineering Education: Innovative, Computer-Mediated Learning Technologies. 1ed.. ASCE, 2018, p. 45-122. Disponível em: https://ascelibrary.org/doi/10.1061/9780784414866.ch04

CHECCUCCI, Erica de Sousa; AMORIM, Arivaldo Leão de. Método para análise de componentes curriculares: identificando interfaces entre um curso de graduação e BIM. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, v. 5, n. 1, p. 6-17, jan./jun. 2014

SUCCAR, B., KASSEM, M. Macro-BIM adoption: Conceptual structures. Automation in Construction, v. 57, p. 64-79, 2015.

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Publicado

2019-11-21

Como Citar

BARISON, Maria Bernardete; SANTOS, Eduardo Toledo. Uma experiência com o uso de ferramenta BIM em disciplina de representação gráfica. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 2., 2019. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2019. p. 1–1. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/222. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Experiência didática realizada

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