Análise de matriz curricular e interface BIM

aplicação no curso de Engenharia Civil da UFSM

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3429

Palavras-chave:

BIM, Ensino, Análise curricular, Engenharia Civil

Resumo

O número de publicações crescentes a cada edição do Encontro Nacional de Ensino de BIM (ENEBIM), que ocorre desde 2018, demonstra a grande relevância que o ensino de BIM vem conquistando nos últimos anos (ANTAC, 2023). Isso também pode ser evidenciado pelo aumento no número de publicações que abordam o ensino de BIM apontado por Ruschel, Andrade e Morais (2013), Machado, Ruschel e Scheer (2017) e Checcucci (2019). Neste contexto surgiu o interesse por parte do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em promover a adoção do ensino de BIM em seu curso de graduação.  Isso ficou evidenciado pelos resultados apresentados por Bianchini et al (2022) que identificaram interesse bastante expressivo por parte da comunidade acadêmica da UFSM acerca do tema BIM. Motivado por este cenário, através de um projeto de mestrado, iniciou-se neste mesmo ano a proposição do ensino de BIM no curso de Engenharia Civil da UFSM. A partir desta pesquisa, a instituição recebeu o convite para ingressar na Rede de Células BIM, à qual o curso de Engenharia Civil passou a integrar a partir de maio de 2023. 

O objetivo inicial da pesquisa de mestrado que visa a adoção de BIM no ensino de graduação em Engenharia Civil da UFSM é entender qual a possível interface entre BIM e a matriz curricular vigente do curso. Este resultado servirá de base para propor a elaboração de um Plano de Implementação BIM.




A fim de cumprir este objetivo, realizou-se a análise de componentes curriculares apresentada no Portal BIM Acadêmico (PBA, 2023), que consiste em uma adaptação do método proposto por Checcucci e Amorim (2014). Esta metodologia consiste em uma planilha de análise que utiliza um quadro de tamanho padronizado para cada disciplina da matriz curricular e inclui 8 categorias de análise para cada componente curricular. Neste caso, foram adotadas as categorias indicadas para cursos de Engenharia Civil (EC). A análise seguiu as premissas observadas na planilha “Orientações” e sua análise foi realizada a partir da experiência da mestranda em BIM, analisando cada componente de acordo com o Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Após análise inicial, o resultado prévio foi discutido em conjunto com o grupo de professores e estudantes que integram o projeto de pesquisa “Caminhos para a inserção do ensino de BIM no curso de Engenharia Civil da UFSM”, registrado na plataforma de projetos da UFSM, com o intuito de validar as informações e finalizar a análise. Para preenchimento da planilha foram utilizadas as cores azul, vermelho e amarelo, em três diferentes tonalidades, de acordo com o núcleo das disciplinas e a possível interface da componente curricular com BIM, respectivamente. 

 

A matriz curricular vigente apresenta 10 semestres, com 66 disciplinas obrigatórias que são divididas em três núcleos: Conteúdos Básicos, Conteúdos Profissionalizantes e Conteúdos Específicos. Neste caso, não foram analisadas as disciplinas eletivas. Dentre as componentes curriculares obrigatórias, encontrou-se que 56,1% destas possuem alguma interface com BIM. Entre as categorias analisadas, todas possuem algum potencial de aplicação nas disciplinas do curso, mesmo que de maneira apenas teórica. Nas Categorias B (Conceitos relacionados ao BIM) e C (Competências BIM de domínio técnico ou de execução) os resultados indicam grande potencial de utilização de modelos BIM como ferramenta de auxílio no ensino-aprendizagem das disciplinas, de maneira a facilitar o entendimento do aluno quanto aos conceitos técnicos da engenharia civil que são abordados pelos docentes. Na categoria E (Potencial de integração da disciplina), o destaque foi a integração com alunos de outros semestres, visto que na matriz analisada os conteúdos que se complementam entre si são apresentados gradativamente ao aluno ao longo dos 10 semestres de formação. Na categoria G (Disciplinas que podem ser trabalhadas), três disciplinas se destacaram de maneiras diferentes. A disciplina “(1) Arquitetura” se destaca mais vezes com clara interface em comparação com a disciplina de “(2) Estruturas” que se destaca mais vezes com possível interface. Isso ocorreu devido ao entendimento de que as disciplinas de estruturas não possuem potencial para ensinar BIM, mas sim para utilizar-se de modelos BIM como ferramenta de melhoria ao aprendizado, visto que estes modelos poderão auxiliar a concretizar os conteúdos técnicos que são aprendidos a cada semestre. Além disso, a matriz curricular do curso analisado possui um aspecto de formação generalista que engloba 5 eixos de formação: Construção Civil e Materiais de Construção, Estruturas, Pavimentação e Transportes, Geotecnia e Saneamento. Assim, na categoria G, destaca-se também a disciplina “(6) Outros” com 20 componentes apresentando alguma interface ao BIM. Dentre os itens de maior dificuldade para inclusão de BIM, destacam-se conceitos de “orientação a objetos”, “desenvolvimento de componentes para bibliotecas BIM”, etapa de “demolição ou requalificação” e a disciplina de “instalações mecânicas”. A análise demonstrou que a matriz curricular apresentada possui grande interface com BIM e que a continuidade do estudo, com o desenvolvimento de projeto-piloto, materiais adequados e a elaboração de um Plano de Implementação BIM estruturado podem refletir em mudanças concretas, duradouras e com potencial melhoria no processo atual de ensino-aprendizagem do curso de Engenharia Civil da UFSM, formando profissionais mais preparados e com conhecimentos mais concatenados. Além disso, as discussões prévias que ocorreram com docentes e discentes demonstraram que estas mudanças possivelmente aumentarão os níveis de motivação e engajamento de estudantes e professores ao longo do curso de graduação. Por fim, esta análise será apresentada ao NDE do curso para que os objetivos da implementação BIM possam ser mapeados e sejam a base para a elaboração de materiais didáticos e para a estruturação de um projeto-piloto.

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Biografia do Autor

Larissa de Quadros Bianchini, Universidade Federal de Santa Maria

Mestranda em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil). 

Bruno Brandão Rodrigues, Universidade Federal de Santa Maria

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil).

Dara Cristina Bratz, Universidade Federal de Santa Maria

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil).

Lara Rosa Ceolin, Universidade Federal de Santa Maria

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil).

Natalie Vione do Santos, Universidade Federal de Santa Maria

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil).

 

André Lübeck, Universidade Federal de Santa Maria

Doutorado em engenharia civil pela Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil). Professor Adjunto na Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria - RS, Brasil).

Referências

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Publicado

02/11/2023

Como Citar

BIANCHINI, L. de Q. .; RODRIGUES, B. B. .; BRATZ, D. C.; CEOLIN, L. R.; SANTOS, N. V. do .; LÜBECK, A. . Análise de matriz curricular e interface BIM: aplicação no curso de Engenharia Civil da UFSM. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 5., 2023. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2023. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v5i00.3429. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/3429. Acesso em: 6 maio. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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