Zonas bioclimáticas, variabilidade climática e áreas de transição bioclimática

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.46421/encac.v17i1.3761

Palabras clave:

zonas bioclimáticas, variabilidade climática, áreas de transição bioclimática

Resumen

As atuais zonas bioclimáticas (ZBs) de localidades brasileiras são calculadas a partir de valores médios de séries temporais de variáveis climáticas. Tal procedimento ignora variabilidades climáticas em diversas amplitudes e períodos, que interferem no desempenho térmico das edificações projetadas segundo estratégias bioclimáticas indicadas para o estado climático médio. O presente trabalho teve por objetivo demonstrar que a variabilidade climática altera periodicamente as ZBs de uma série de localidades, dando origem a áreas de transição bioclimática. Foram calculadas ZBs ano a ano para 212 localidades no período de 1961 a 2020, usando séries de médias mensais de temperaturas máxima e mínima do ar e de umidade relativa média do ar. Dessa amostra, 26 localidades apresentaram pelo menos uma ZB com ocorrência igual ou superior a 60% da frequência da ZB prevalente. Essa duplicidade de ZBs, resultante variabilidade climática ao longo do período estudado, indica a necessidade de considerar estratégias bioclimáticas de mais de uma ZB para um bom desempenho térmico das edificações em áreas de transição bioclimática. A despeito da dificuldade que algumas situações possam causar na compatibilização de estratégias bioclimáticas, essa abordagem para a atribuição de ZBs para áreas de transição bioclimática resulta em projetos mais resilientes a variabilidades climáticas.

Biografía del autor/a

João Roberto Gomes de Faria, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Professor Associado Voluntário da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru. Atuo no programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. Desenvolvo pesquisas vinculadas ao Núcleo de Conforto Ambiental (NUCAM) na área de conforto ambiental, mais especificamente sobre a relação entre a morfologia espacial e microclimas urbanos e sobre metodologia para qualificação da iluminação.

Citas

AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 4. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.

ANDRADE, T. C.; NERY, J.; MIRANDA, S.; PITOMBO, C.; MOURA, T.; KATZSCHNER, L. Medição do conforto térmico em áreas públicas urbanas de Salvador-BA e calibração do índice de conforto PET usando a técnica árvore de decisão. Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais, v. 4, n. 2, p. 278–296, 2016. https://doi.org/10.9771/gesta.v4i2.16821.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220-3: desempenho térmico de edificações. Parte 3: zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1: edificações habitacionais: desempenho - Parte 1: requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2021a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1-1: edificações habitacionais: desempenho. Parte 1-1: base-padrão de arquivos climáticos para a avaliação de desempenho térmico por meio de simulação computacional. Rio de Janeiro: ABNT, 2021b.

BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES. Atlas nacional 2010. Território e meio ambiente. Recursos naturais e questões ambientais. Domínios morfoestruturais e morfoclimáticos – compartimentos de relevo. Domínios morfoestruturais e morfoclimáticos. Atlas nacional digital do Brasil – PGI. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/atlas_nacional/#/home. Acesso em: 10 jul. 2022.

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Manual de uso da API estações e dados meteorológicos. 2022a. Instituto Nacional de Meteorologia. [Institucional]. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/manual/manual-de-uso-da-api-estações. Acesso em: 25 mar. 2022.

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Normais climatológicas do Brasil. 2022b. Instituto Nacional de Meteorologia. [Institucional]. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/normais. Acesso em: 24 mar. 2022.

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Normais climatológicas do Brasil 1991-2020. Brasília: INMET, 2022c. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/normais#. Acesso em: 24 mar. 2022.

CAVALCANTI, I. F. A.; FERREIRA, N. J. (Orgs.). Clima das regiões brasileiras e variabilidade climática. São Paulo, SP, Brasil: Oficina de Textos, 2021.

CIRINO, P. H.; FÉRES, J. G.; BRAGA, M. J.; REIS, E. Assessing the impacts of ENSO-related weather effects on the Brazilian agriculture. Procedia Economics and Finance, v. 24, p. 146–155, 2015. https://doi.org/10.1016/S2212-5671(15)00635-8.

DUARTE, J. L.; DIAZ-QUIJANO, F. A.; BATISTA, A. C.; DUARTE, A. F.; MELCHIOR, L. A. K.; GIATTI, L. L. Variabilidade climática e internações por doenças diarreicas infecciosas em um município da Amazônia Ocidental brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 2959–2970, 5 ago. 2019. https://doi.org/10.1590/1413-81232018248.21232017.

DUBREUIL, V.; FANTE, K. P.; PLANCHON, O.; SANT’ANNA NETO, J. L. Os tipos de climas anuais no Brasil : uma aplicação da classificação de Köppen de 1961 a 2015. Confins. Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia, n. 37, 24 set. 2018. DOI https://doi.org/10.4000/confins.15738. Disponível em: http://journals.openedition.org/confins/15738. Acesso em: 17 jun. 2021.

EVOLA, G.; COSTANZO, V.; INFANTONE, M.; MARLETTA, L. Typical-year and multi-year building energy simulation approaches: A critical comparison. Energy, v. 219, p. 119591, 15 mar. 2021. https://doi.org/10.1016/j.energy.2020.119591.

GAY, C.; ESTRADA, F.; CONDE, C. Some implications of time series analysis for describing climatologic conditions and for forecasting: An illustrative case: Veracruz, México. Atmósfera, v. 20, n. 2, p. 147–170, abr. 2007.

HELSEL, D. R.; MUELLER, D. K.; SLACK, J. R. Computer program for the Kendall family of trend tests. Scientific Investigations Report, n. 2005–5275. Reston, Virginia: U.S. Geological Survey, 2006. Disponível em: https://pubs.usgs.gov/sir/2005/5275/. Acesso em: 30 set. 2022.

KOCK, K. de S.; OLIVEIRA, G. Variabilidade climática e internações hospitalares na população do sul de Santa Catarina. Rev. Saúde Pública St. Catarina, v. 8, n. 2, p. 87–97, 2015. https://doi.org/10.1590/1413-81232018248.21232017.

KRÜGER, E. L.; ROSSI, F. A.; CRISTELI, P. S.; SOUZA, H. A. de. Calibração do índice de conforto para espaços externos Physiological Equivalent Temperature (PET) para Curitiba. Ambiente Construído, v. 18, n. 3, p. 135–148, set. 2018. https://doi.org/10.1590/s1678-86212018000300272.

LANDSBERG, H. E. The urban climate. New York: Academic Press, 1981(International geophysics series, v. 28).

LUNT, H. “Test reference year”, weather data for environmental engineering and energy consumption in buildings. Report, n. 67. Lyngby, Denmark: Technical University of Denmark, Department of Civil Engineering, 1975. Disponível em: https://orbit.dtu.dk/en/publications/test-reference-year-weather-data-for-environmental-engineering-an. Acesso em: 5 dez. 2022.

MASSON-DELMOTTE, V.; ZHAI, P.; PIRANI, A.; PÉAN, C.; CONNORS, S. L.; BERGER, S.; CAUD, N.; CHEN, Y.; GOLDFARB, L.; GOMIS, M. I.; HUANG, M.; K. LEITZELL; LONNOY, E.; MATTHEWS, J. B. R.; MAYCOCK, T. K.; WATERFIELD, T.; YELEKÇI, O.; YU, R.; ZHOU, B. (Orgs.). IPCC, 2021: summary for policymakers. Climate Change 2021: the physical science basis. contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge (UK), New York: Cambridge University Press, 2021. p. 3–32. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_SPM_final.pdf. Acesso em: 26 mar. 2021.

MEDEIROS, R. M.; KOZMHINSKY, M.; HOLANDA, R. M.; SILVA, V. P. Variabilidade e sensação térmica do período 1962-2015 na Grande Metrópole Recife-PE, Brasil (Variability and thermal sensation of the period 1962-2015 in the great metropolis Recife-PE, Brazil). Revista Brasileira de Geografia Física, v. 11, n. 1, p. 016–027, 14 fev. 2018. https://doi.org/10.26848/rbgf.v11.1.p016-027.

MONTEIRO, C. A. de F. Da necessidade de um caráter genético à classificação climática: (algumas considerações metodológicas a propósito do estudo do Brasil Meridional). Revista Geográfica, v. 31, n. 57, p. 29–44, 1962.

NUNES, L. H.; LOMBARDO, M. A. A questão da variabilidade climática. Uma reflexão crítica. Revista do Instituto Geológico, v. 16, n. 1–2, 1995. DOI https://doi.org/10.5935/0100-929X.19950002. Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/0100-929X.19950002. Acesso em: 7 mar. 2022.

RORIZ, M. Classificação de climas do Brasil – versão 2. Relatório Técnico. São Carlos, BR: ANTAC, 2013a. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/Climas_v2.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.

RORIZ, M. Classificação de climas do Brasil – versão 2.1. Relatório Técnico. São Carlos, BR: ANTAC, 2013b. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/Climas_v2-1.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.

RORIZ, M. Classificação de climas do Brasil – versão 3.0. Relatório Técnico. São Carlos, BR: ANTAC, 2014. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/Climas_v3.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.

RORIZ, M. Segunda proposta de revisão do zoneamento bioclimático do Brasil. Relatório Técnico. São Carlos, BR: ANTAC, 2012a. Disponível em: https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/Zoneamento.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.

RORIZ, M. Uma proposta de revisão do zoneamento bioclimático brasileiro. Relatório Técnico. São Carlos, BR: ANTAC, jan. 2012b. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/projetos/Proposta_Revisao_Zoneamento_Bioclimatico.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020.

RORIZ, M. ZBBR – Classificação bioclimática dos municípios brasileiros. São Carlos, BR: Universidade Federal de São Carlos, 2004. Disponível em: https://labeee.ufsc.br/downloads/softwares/zbbr. Acesso em: 19 nov. 2020.

STULL, R. Practical meteorology: an algebra-based survey of atmospheric science. v 1.02b. Vancouver: University of British Columbia, 2017. Disponível em: https://www.eoas.ubc.ca/books/Practical_Meteorology/. Acesso em: 23 mar. 2021.

VAN DER BERG, R. G. Kendall’s Tau – Simple Introduction. 2022. SPSS Tutorials. Disponível em: https://www.spss-tutorials.com/kendalls-tau/. Acesso em: 8 dez. 2022.

WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION. Calculation of monthly and annual 30-year standard normals. Technical Report, n. 341. Geneva: WMO, 1989. Disponível em: https://library.wmo.int/doc_num.php?explnum_id=9521. Acesso em: 23 mar. 2021.

WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION. Guide to climatological practices. 2018 ed. Geneva: WMO, 2018(Weather Climate Water, 100). Disponível em: https://library.wmo.int/index.php?lvl=notice_display&id=5668#.Y8hhRa3MKM8. Acesso em: 23 mar. 2021.

WORLD METEOROLOGICAL ORGANIZATION. WMO guidelines on the calculation of climate normals. Geneva: WMO, 2017(WMO, 1203). Disponível em: https://library.wmo.int/doc_num.php?explnum_id=4166. Acesso em: 23 mar. 2021.

ZAVATTINI, J. A.; FRATIANNI, S. Os climas regionais do Brasil (estudo preliminar). Revista Geonorte, v. 9, n. 32, p. 93–106, 29 jun. 2018. https://doi.org/10.21170/geonorte.2018.V.9.N.32.93.106.

Publicado

26/10/2023

Cómo citar

FARIA, J. R. G. de . Zonas bioclimáticas, variabilidade climática e áreas de transição bioclimática. In: ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 17., 2023. Anais [...]. [S. l.], 2023. p. 1–10. DOI: 10.46421/encac.v17i1.3761. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/encac/article/view/3761. Acesso em: 20 may. 2024.

Número

Sección

4. Desempenho Térmico do Ambiente Construído

Artículos más leídos del mismo autor/a