Colaboração BIM em software de projetos estruturais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3435

Palavras-chave:

Modelagem para Reforma, Modelagem de Estruturas em Concreto, Análise Estrutural

Resumo

O BIM facilita e potencializa o trabalho em equipe, através da colaboração e integração de informações entre os participantes envolvidos no processo, resultando em uma abordagem eficiente e coordenada. Neste sentido, este estudo busca relatar uma experiência de ensino-aprendizagem através do trabalho colaborativo em torno de um projeto BIM, vivenciado pelos membros do núcleo de estruturas do Laboratório de Práticas em BIM da Universidade Federal da Bahia (LaBIM UFBA). Surgido da iniciativa de discentes de graduação da UFBA, o LaBIM hoje é reconhecido como projeto de extensão dentro da universidade. Atualmente, composto por cerca de 30 integrantes, o laboratório engloba alunos de Arquitetura, Engenharias e Bacharelados Interdisciplinares em seu corpo de membros. O LaBIM foi desenvolvido a partir de uma metodologia de ensino aprendizagem ativa, chamada Aprendizagem baseada em Projetos Interdisciplinares ou Project-Led Education (PLE), como aqui é designada (MELO et al, 2019). Assim, o laboratório tem realizado atividades anuais através do desenvolvimento de projetos multidisciplinares denominados “Desafios”, que visam unificar disciplinas atuantes no processo da indústria da construção civil, fomentando o estudo sobre BIM e sua disseminação no ambiente acadêmico. Para o ano de 2023, o desafio proposto foi desenvolver um projeto de requalificação do anexo da Escola Politécnica da UFBA, uma edificação cuja construção iniciou-se em 2011 e encontra-se interrompida desde 2013. Tratando-se de uma construção existente, até sua atual fase interrompida, e com propostas de modificações baseadas nas atuais necessidades dos usuários da Escola Politécnica, através de formulário; coube ao núcleo de estruturas realizar um estudo para verificar as possíveis adequações à uma nova concepção da estrutura, considerando a continuidade da mesma para além do que já foi construído. Como foi um projeto de 2011, foi necessário analisar junto às normas vigentes, modificadas após este período, grande parte das condições de projeto (ABNT NBR 6118:2014; ABNT NBR 6120:2019). Além disso, foi parte do trabalho considerar e analisar através de drone as condições atuais da estrutura e possíveis intervenções para tratar e evitar manifestações patológicas. Com isso, os ciclos de vida abordados foram estudo de viabilidade, concepção, projeto e manutenção. Dos 18 encontros realizados aos sábados, utilizamos 3 (12h) para os estudos de viabilidade junto aos projetos e normas, 1 (4h) para a coleta de imagens com o uso de drone. Os demais (56h) foram direcionados à modelagem do projeto estrutural, além de reuniões. Os softwares utilizados foram: TQS, Autodesk Revit e AutoCAD; Dropbox e Catenda Hub. A respeito da modelagem, o uso do BIM foi direcionado à Modelagem para Reforma (1340), Modelagem de Estruturas em Concreto (1050) e Análise Estrutural (4210) (BIM EXCELLENCE, 2017). Através de uma abordagem teórico-prática, dentro do modelo de aprendizagem do núcleo, decidiu-se desenvolver todo o projeto estrutural utilizando exclusivamente o ambiente de um software exclusivo de projetos estruturais, neste caso, o TQS – software de elaboração de projetos de estruturas, cuja licença educacional plena foi concedida aos membros do Laboratório, em parceria com a própria TQS. O intuito desta proposta foi levar a essência de trabalho colaborativo do universo BIM para um software que fosse essencialmente voltado para a disciplina de estruturas, explorando e aplicando os usos do BIM dentro deste contexto. Em exceção ao ano anterior, todo o modo de desenvolvimento inicial dos projetos de estruturas surgia a partir do software Revit, onde era feita a concepção estrutural e pré-dimensionamento das estruturas. Em seguida, o modelo era encaminhado para um software de projetos estruturais através de um arquivo interoperável, em IFC, e assim seguiam-se as etapas posteriores de projeto e análise. Agora, de maneira mais profunda e com mais membros participantes, todos os ciclos de vida inerentes ao projeto foram realizados dentro do TQS. “Determinar os métodos que serão usados para permitir um compartilhamento adequado do modelo de informações pelos membros de uma equipe do empreendimento é uma questão importante” (EASTMAN et al., 2014, p. 21). Desta forma, para que o trabalho se estabelecesse de maneira colaborativa e efetiva, foi utilizado o Sistema de Compartilhamento de Projetos (SCP), incluso no sistema TQS, cujo objetivo é centralizar os projetos desenvolvidos pelo sistema através de servidor. À medida que os membros iniciavam seus trabalhos, estes sincronizam o modelo central com seu modelo local. Ao final da produção, era feito o processo contrário, sincronizando do modelo local para o arquivo central. Assim, os cinco membros do núcleo, remotamente, produziram ao longo do projeto, tendo apenas um modelo central, que ficava em uma pasta compartilhada no Dropbox. Cada membro ficou responsável por modelar uma família de elemento estrutural. Além de geração do modelo de projeto como um produto em IFC, a proposta de utilizar este sistema comunga com a centralização de processos dentro da proposta BIM. Como próximos passos do núcleo, planeja-se utilizar o modelo estrutural para Documentação 2D (2010) e Inspeção de Edifícios (6040) (BIM EXCELLENCE, 2017). Quanto à inspeção, iremos catalogar ao modelo as manifestações patológicas presentes na estrutura, registradas através de drone. Dos desafios encontrados, elencamos os seguintes: (i) Necessidade de internet para sincronização dos modelos locais e central; (ii) Trabalho não simultâneo de diferentes usuários; (iii) Limitação da licença de softwares a subsistemas necessários para representar a estrutura da edificação; (iv) Necessidade na ordenação da produção baseada na divisão dos trabalhos. Exemplificando, o responsável pela modelagem das lajes ficava dependente do responsável pela modelagem das vigas concluir sua etapa. Ao longo do período de desenvolvimento, observou-se algumas vantagens qualitativas: (i) Viabilização do trabalho para os membros que produziam em horários distintos; (ii) O aumento na comunicação e volume de informação entre membros; (iii)  Fácil adesão ao uso da ferramenta, desde os membros experientes aos iniciados, que nunca tinham utilizado o TQS; (iv) Registro de todos os acessos e modificações realizadas pelos membros através da ferramenta SCP, o que facilitou no mapeamento da produção. Dado o exposto, a adoção do BIM aliado com o TQS demonstrou eficácia na condução do projeto, apesar dos desafios inerentes à colaboração e sincronização. O estudo serve como exemplo para a integração do BIM no ambiente acadêmico e na prática da indústria da construção civil.

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Biografia do Autor

Murilo Rocha Moura, Universidade Federal da Bahia

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal da Bahia (Salvador - BA, Brasil).

Fernando Oliveira dos Santos, Universidade Federal da Bahia

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal da Bahia (Salvador - BA, Brasil).

Anthony Alves Lima, Universidade Federal da Bahia

Cursando Engenharia Civil na Universidade Federal da Bahia (Salvador - BA, Brasil).

Alisson de Souza da Silva, Universidade Federal da Bahia

Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia. Doutorando em Engenharia Civil na Universidade Federal da Bahia (Salvador - BA, Brasil).

Reymard Savio Sampaio de Melo , Universidade Federal da Bahia

Doutorado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Campinas. Professor na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Salvador - BA, Brasil).

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, pp. 238. 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, pp. 60. 2019.

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Publicado

02/11/2023

Como Citar

MOURA, M. R.; SANTOS, F. O. dos; LIMA, A. A.; SILVA, A. de S. da; MELO , R. S. S. de. Colaboração BIM em software de projetos estruturais. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 5., 2023. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2023. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v5i00.3435. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/3435. Acesso em: 6 maio. 2024.

Edição

Seção

Experiência de ensino-aprendizagem BIM realizadas

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