FORTALECENDO PRÁTICAS COMUNITÁRIAS SOCIOECOLÓGICAS PARA SUSTENTABILIDADE LOCAL
Palavras-chave:
Convergência socioecológica, Infraestrutura verde, Práticas comunitáriasResumo
O cenário de um conjunto habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) parcialmente implantado em Igrapiúna, uma cidade pequena do Estado da Bahia, não é muito diferente do que foi reproduzido por todo o Brasil. Em terreno afastado do centro urbano, com infraestrutura básica mínima, baixa mobilidade, nenhuma acessibilidade e inexistência de planejamento e projeto para as áreas verdes e livres entre as unidades habitacionais. Por outro lado, as 30 famílias que foram instaladas vêm desenvolvendo iniciativas de cuidado coletivo no entorno das residências, por meio de ações de manutenção das áreas de uso comum, buscando qualificação na pavimentação, iluminação, segurança e técnicas de plantio agroflorestais. Estas práticas apresentam características emergentes de resiliência local, frente às demandas não atendidas pelo governo e, sobretudo, atitudes de resistência em prol do direito à cidade. A proposta deste artigo é apresentar uma experiência projetual desenvolvida para esta situação-problema, no âmbito de um workshop virtual promovido pela Faculdade de Arquitetura da UFBA no 2º semestre de 2020, quando a pandemia do covid-19 implicava em isolamento social e não presencialidade. A metodologia utilizada envolveu uma pesquisa a dados secundários sobre a região, a presença de um morador local na equipe e diálogos remotos. A apreensão do lugar foi baseada na identificação das práticas locais, buscando entender questões prioritárias e soluções compatíveis com futuras ocupações, respeitando os usos pré- -existentes. Foi desenvolvido um zoneamento, com proposições que contemplavam questões levantadas sobre a possibilidade de geração de autonomia alimentar e de renda para os moradores, ao incorporar áreas agricultáveis, de lazer, de conservação e de venda do excedente. Incorporando à problemática as dimensões integradas de saúde, renda, segurança e mobilidade, foi apresentado o projeto de um abrigo multifuncional que reunia a funcionalidade de ponto de ônibus, ponto de higienização, exposição e venda de alimentos, em local estratégico para a segurança da comunidade.