O uso do BIM no ensino-aprendizagem nos Institutos Federais na Região Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v3i00.280Palavras-chave:
BIM, Institutos Federais, Projetos Pedagógicos dos Cursos, Desenho de arquiteturaResumo
Este estudo tem como objetivo investigar o uso da tecnologia Building Information Modelling (BIM) no ensino-aprendizagem do desenho de arquitetura nos cursos técnicos em Edificações, ofertados pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia na Região Nordeste do Brasil. Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, que tem por finalidade, além da oferta de educação profissional e tecnológica em todos os seus níveis e modalidades, o alinhamento entre ensino, pesquisa e extensão ao desenvolvimento regional. Criados em 2008 pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro, os Institutos Federais representam um marco na história da educação profissional brasileira. Cada Instituto é composto por unidades descentralizadas de ensino, distribuídas ao longo de todo o território nacional. Até o ano de 2019, de acordo com dados da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, um total de 579 unidades estavam vinculadas à 38 Institutos Federais. Entre os cursos oferecidos pelos Institutos Federais está o de técnico em Edificações, nas modalidades integrado, subsequente e concomitante. No Brasil, os profissionais formados em Edificações são considerados técnicos de 2º grau das áreas de Arquitetura e de Engenharia Civil e estão legalmente habilitados a projetar construções com até 80m² de área total, bem como exercer a atividade de desenhista. Neste sentido, inevitavelmente, o ensino-aprendizagem do desenho de arquitetura torna-se objeto de conhecimento de diferentes unidades curriculares, integrantes do plano de estudos do curso técnico em Edificações. A partir desta premissa, surge o interesse em identificar o uso das tecnologias digitais de projeto no ensino-aprendizagem do desenho de arquitetura, tomando como recorte específico o BIM, posto que, há um forte movimento para sua difusão no país. Neste sentido, faz-se necessário a ampliação das discussões sobre a inserção do ensino de BIM nos cursos técnicos em Edificações. Embora considerado um paradigma recente, pode-se observar que algumas instituições de ensino no Brasil já adotaram o BIM, principalmente em cursos de Arquitetura e Engenharia Civil, mesmo que ainda em um nível introdutório. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa documental, que teve como fonte de dados os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) e, como suporte para a interpretação das informações coletadas, foi adotado o método de análise de conteúdo. Sendo a educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados, um dos objetivos dos Institutos Federais, o levantamento teve como foco a referida modalidade. Para a recolha dos dados, buscou-se no Portais Institucionais, informações pertinentes aos campi que oferecem o curso de Edificações e os arquivos em formato digital dos PPCs. No Nordeste, de nove Institutos Federais, os quais agregam 201 unidades, apenas o Instituto Federal Baiano não dispõe do curso de Edificações na sua estrutura de ensino. Assim, foram identificados 47 campi que ofertam o curso técnico integrado em Edificações. Desse total, apenas 36 PPCs estavam disponíveis para consulta pública. Após a aplicação do método, foi possível verificar que em somente sete dos 36 cursos, que tiveram seus Projetos Pedagógicos analisados, a tecnologia BIM é utilizada no processo de ensino-aprendizagem do desenho de arquitetura. São eles: IFAL Coruripe, IFCE Itapipoca, IFMA Pinheiro, IFPB Catolé do Rocha, IFSertão-PE Petrolina, IFS Sertânia e IFS Lagarto. Este fato pode estar diretamente relacionado tanto à desatualização dos Projetos Pedagógicos de Cursos, quanto à pensamentos contrários ao uso da tecnologia BIM no processo de ensino-aprendizagem, visto que, mesmo em cursos que tiveram seus currículos atualizados nos últimos 4 anos, o ensino do BIM não foi inserido. Outro aspecto que também pode interferir para a não inclusão do BIM no Projetos Pedagógicos dos cursos técnicos em Edificações dos Institutos Federais pode estar na possível ausência de capacitação de docentes, em relação à utilização desta tecnologia. Entretanto, com a publicação do Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019, que dispõe sobre a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, um novo cenário começa a se configurar no Brasil. Trata-se de uma mudança de paradigma, na qual diferentes instituições de ensino devem buscar a adequação dos seus currículos e a capacitação dos seus professores, uma vez que, a partir de janeiro de 2021, será proposta a exigência do BIM na elaboração e geração da documentação gráfica de determinados modelos de arquitetura e de engenharia, que tem como demandante o Poder Público. Embora, a pesquisa desenvolvida tenha abordado especificamente a utilização do BIM no ensino-aprendizagem do desenho de arquitetura, ao longo da investigação foi possível verificar que as unidades curriculares que tratam sobre outros assuntos relacionados à construção civil como instalações elétricas, instalações hidrossanitárias e gestão de obras, que poderiam ser beneficiadas com o seu uso, não apresentam em suas ementas qualquer referência à modelagem BIM. Por fim, como contribuição do estudo para a temática do ensino de BIM no Brasil, destaca-se a identificação e a especialização dos campi dos Institutos Federais localizados na Região Nordeste que já adotaram o BIM em seus currículos, bem como daqueles que necessitam planejar a inserção nos Projetos Pedagógicos dos Cursos em futuro próximo.
Apresentação no YouTube: https://youtu.be/8m3xBf_I2Qc
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Referências
Brasil. Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. Dispõe sobre a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling e institui o Comitê Gestor da Estratégia do Building Information Modelling. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9983.htm
Brasil. Decreto nº 90.922, de 6 de fevereiro de 1985. Regulamenta a Lei nº 5.524, de 05 de novembro de 1968, que dispõe sobre o exercício da profissão de técnico industrial e técnico agrícola de nível médio ou de 2º grau. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D90922.htm
Brasil. Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm
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