DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DAS PRAÇAS E OCORRÊNCIAS CRIMINAIS EM ESPAÇOS PÚBLICOS

Abstract

Um dos desafios das cidades contemporâneas é a manutenção da vida pública, constantemente ameaçada pela violência urbana. Partindo do princípio de que fatores socioespaciais e do desenho urbano podem auxiliar na prevenção de ações criminosas e aumentar a sensação de segurança, o presente artigo analisa a relação entre a distribuição socioespacial das praças e incidências criminais nos espaços públicos, tendo como recorte a Regional Central do município de Vila Velha-ES. Após a contextualização temática, foram elaborados mapas da distribuição das praças e de densidade criminal em espaços urbanos, registrados entre 2016 a 2019, com base nas ocorrências de homicídios, tráfico de drogas, roubos e furtos, que também foram correlacionados com a avaliação da qualidade socioambiental das praças, realizada em trabalhos anteriores. Os resultados evidenciam uma fragmentação na distribuição das praças, não atendendo toda a população da regional, além de maiores índices de crimes violentos em áreas com ausência de praças. Percebe- se uma relação entre incidências criminais e aspectos socioeconômicos, evidenciando que em bairros mais adensados, de menor renda e maior vulnerabilidade social apresentam maiores índices criminais. Em relação aos crimes de roubos e furtos, nota-se que estes ocorrem, frequentemente, em regiões de altas densidade e renda per capita, contemplando também praças centrais, circundadas por áreas comerciais e grande fluxo de pessoas. Tal cenário foi registrado nas praças do Centro, Glória e Itaparica, que apesar de receberam boas classificações na avaliação da qualidade socioambiental, apresentam iluminação, vigilância e morfologia urbana que comprometem a segurança pública, refletindo o contexto da região onde estão inseridas. As análises demonstram que o fenômeno da violência urbana, apesar de complexo, influencia e é influenciado pelo espaço urbano, sendo assim, para promover cidades seguras, vivas e sustentáveis tornam-se necessários investimentos que qualificam o contexto urbano, incluindo seus espaços livres públicos.