Interfaces entre o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Juiz de Fora e o Building Information Modeling

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1914

Palavras-chave:

BIM, Educação em Engenharia, Ensino de BIM, Grade curricular

Resumo

Os estudos acerca da inserção do Building Information Modeling (BIM) na graduação abordam, em sua maioria, os cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo. Entretanto, o BIM se mostra importante para outras formações, como a Engenharia Ambiental e Sanitária, em que sua aplicação é discutida para o estudo de áreas degradadas (CARNEIRO e SILVEIRA, 2020), gestão de recursos hídricos (FERREIRA et al., 2018), entre outros. Desse modo, em um cenário onde discussões acerca do ensino do BIM na formação de engenheiros ambientais e sanitaristas são escassas, o presente trabalho visa avaliar as disciplinas da grade curricular do referido curso na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com base na interface existente entre essas disciplinas e o BIM, possibilitando, pois, a formulação de propostas para sua inserção na graduação.

A metodologia utilizada neste trabalho consiste na análise dos componentes curriculares do curso com base em quatro categorias: “relação componente curricular e BIM” (a), “pode trabalhar algum conceito importante do BIM” (b), “pode trabalhar com alguma etapa de ciclo de vida de edificação” (c) e “pode trabalhar alguma disciplina de projeto” (d) (CHECCUCCI e AMORIM, 2013; CHECCUCCI e AMORIM, 2014). Para a classificação da interface, a categoria a se divide em “não se visualiza nenhuma interface com o paradigma” (1), “depende do foco dado pelo professor” (2) e “tem interface com o paradigma” (3). Assim, a metodologia propõe que a interface com o BIM pode ocorrer de duas formas diferentes. Para cada disciplina avaliada é associada uma tabela, preenchida em quatro campos diferentes a partir das análises conduzidas em cada uma das categorias. Utiliza-se uma escala de cores que permite a identificação visual da relação dos componentes curriculares com o BIM. Para a avaliação do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFJF, foram consideradas as ementas de todas disciplinas obrigatórias presentes na mais recente matriz curricular, sendo consultado também o Plano Pedagógico de Curso. Concluiu-se que, dentre os quatro primeiros períodos da graduação, apenas três disciplinas apresentam interfaces com o BIM, sendo elas Introdução à Engenharia Ambiental, Contexto e Prática em Engenharia Ambiental e Sanitária, ambas dependentes do foco dado pelo professor, e Desenho Auxiliado por Computador, com interface explícita. Para cada um dos períodos seguintes, pode-se observar a presença de, no mínimo, duas disciplinas que possuem interface com o Building Information Modeling. Dentre os períodos que apresentam mais de duas disciplinas com interface, a maioria delas é dependente do foco dado pelo professor.

A análise conduzida permite a formulação de algumas sugestões. Na disciplina Introdução à Engenharia Ambiental poderiam ser introduzidos conceitos relativos ao BIM, relacionando-a aos conteúdos que serão vistos posteriormente no curso, ao passo que na disciplina Contexto e Prática em Engenharia Ambiental e Sanitária poderiam ser estudadas aplicações bem sucedidas do BIM nas áreas correlatas à formação. A disciplina Desenho Auxiliado por Computador pode atuar em uma posição estratégica, fornecendo os conhecimentos necessários para integrar os conhecimentos até então obtidos a respeito do BIM com o conteúdo profissionalizante a ser visto nos próximos períodos. Com a criação de um modelo em uma disciplina, as relações existentes entre os componentes curriculares possibilitaria o seu aproveitamento e aperfeiçoamento em um momento posterior do curso, em uma disciplina que se relaciona com a primeira. Como exemplo, tem-se a possibilidade da comunicação de modelos nas disciplinas Mecânica dos Fluidos e Hidráulica Geral. Dentre as disciplinas do curso, a exemplo das citadas, é importante destacar a existência daquelas que são ofertadas de forma obrigatória também para os graduandos em Engenharia Civil. Desse modo, tem-se um ambiente extremamente favorável para o aprendizado de BIM, já que os alunos poderiam utilizar os modelos desenvolvidos por outros discentes para a realização de atividades. Devido a outras experiências ou modelos previamente desenvolvidos, como discutido, a existência de modelos construídos em softwares BIM diferentes torna-se uma possibilidade, o que trabalharia, assim, o conceito de interoperabilidade. Essas ações poderiam ainda ser potencializadas com a adoção de grupos mistos, formados por alunos dos dois cursos. Haveria, assim, ganhos simultâneos para ambos os currículos e, dessa forma, um impacto positivo ainda maior, ampliando a discussão do BIM de maneira efetiva. Com as discussões apresentadas, espera-se que este trabalho constitua um ponto de partida para futuras pesquisas envolvendo a inserção do BIM nos cursos de Engenharia Ambiental e Sanitária, bem como seja um incentivo para aumentar as discussões nessa área. Além da integração de disciplinas aqui proposta, no que diz respeito ao ensino do BIM, Molina e Hippert (2020), afirmam que “como, de maneira geral, os currículos não dispõem de espaço para a inserção de novas disciplinas obrigatórias a opção tem sido a criação de disciplinas eletivas e grupos de pesquisa”. Embora a inserção curricular do BIM de forma isolada e focada em apenas algumas disciplinas dos cursos não possibilite um maior aproveitamento dos seus benefícios, é coerente imaginar que uma reforma curricular que aborda simultaneamente uma grande quantidade de disciplinas de dado curso pode ser de difícil realização. Nesse sentido, futuros trabalhos podem propor a criação de disciplinas eletivas para o curso de Engenharia Ambiental como ferramentas precursoras do debate do BIM. Com tais disciplinas, seria possível avaliar as dificuldades para sua inserção no curso mais facilmente, uma vez que a identificação de tais aspectos seria fruto da vivência dos discentes e dos docentes, podendo ou não se comparar àquelas anteriormente descritas pelos autores citados, isto é, “a falta de materiais didáticos ou estrutura de laboratórios que permitam o atendimento simultâneo de grande uma grande quantidade de alunos”. Como outra sugestão, sobretudo considerando a quantidade de disciplinas com as quais foi possível perceber a existência de interface com o BIM, mas cuja aplicação depende das orientações sugeridas pelos professores, a análise da percepção acerca do BIM pelo corpo docente do curso também se mostra importante, conforme proposto por Lima et al. (2020) ao realizar a análise do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte com a mesma metodologia aplicada neste trabalho.

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Biografia do Autor

Rafael Bonioli Kneip, Universidade Federal de Juiz de Fora

Cursando Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora - MG, Brasil).

Larissa Costa Barros, Universidade Federal de Juiz de Fora

Cursando Arquitetura e Urbanismo naUniversidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora - MG, Brasil).

Thiago Esteves Botti , Universidade Federal de Juiz de Fora

Cursando Engenharia Ambiental e Sanitária na Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora - MG, Brasil). 

Referências

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Publicado

2022-06-08

Como Citar

KNEIP, Rafael Bonioli; BARROS, Larissa Costa; BOTTI , Thiago Esteves. Interfaces entre o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Juiz de Fora e o Building Information Modeling. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1914. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1914. Acesso em: 22 jul. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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