Implementação do BIM no ensino do urbanismo para a engenharia
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v3i00.314Palavras-chave:
metologia, aprendizagemResumo
O texto apresenta as mudanças realizadas na disciplina de Urbanismo do curso de graduação em engenharia civil do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia - CEUN-IMT, a partir da revisão das competências esperadas e de alterações na metodologia de ensino. A verificação dos objetivos da disciplina anual de urbanismo indicou a necessidade de se repensar a estrutura cronológica da abordagem de formação das cidades bem como da coleta e análise de dados urbanísticos tradicionalmente empregada. A reestruturação incluiu a forma de realizar a leitura da cidade, a maneira de se incorporar conceitos e utilizar instrumentos urbanísticos com o emprego de recursos tecnológicos mais atuais e de ferramentas BIM buscando aquelas que melhor se ajustavam aos objetivos de cada etapa do desenvolvimento projetual.
Diferentes alterações, desde 2017, foram pensadas para a disciplina de urbanismo do curso de engenharia civil do CEUN-IMT. Sua estrutura estava dividida em conhecimentos históricos, instrumentos legais e desenvolvimento de projeto de loteamento.
A disciplina de urbanismo possui carga horária de 80 horas em regime anual de oferecimento e faz parte de um conjunto de áreas com inserção de conteúdos BIM conforme projeto pedagógico do curso. O módulo que realizava a abordagem histórica foi substituído por discussões temáticas e análises morfológicas da cidade sob os aspectos da água, circulação, moradia e trabalho com o intuito de mostrar aos alunos da engenharia civil a importância da observação crítica do espaço construído e de suas infraestruturas.
Os exercícios práticos, associados a esta etapa inicial, passaram a utilizar o Google Earth Pro na análise da forma das cidades considerando água e meio ambiente, circulação e moradia. Os instrumentos urbanísticos e legislação passaram a ser discutidos de maneira contextualizada e a partir de “cases” e problemas que ilustram de forma concreta a relação entre o regramento e o espaço urbano dele decorrente.
A clássica forma de elaboração de mapas temáticos para o planejamento urbano foi substituída pela consulta aos Sistemas de Informação Geográfica – SIG, que permitem hoje a obtenção de informações associadas a bases cartográficas. Os alunos foram incentivados a utilizar estas informações para interpretar e avaliar as características de diferentes locais com a utilização de mapas online e dados abertos de plataformas como “Urban Atlas” da “European Environment Agency”, “NASA - National Aeronautics and Space Administration” e Geosampa que reúne dados georreferenciados da cidade de São Paulo.
Os loteamentos eram desenvolvidos em Autocad e Revit com a aplicação da lei de parcelamento do solo e da legislação ambiental e davam ênfase à distribuição de lotes e vias em grandes glebas. A partir de uma avaliação a respeito das competências a serem adquiridas pelos engenheiros civis para trabalhar em equipes multidisciplinares na área do urbanismo e do planejamento urbano foram realizadas sucessivas alterações até que em 2020 foram estruturadas as novas linhas de abordagem e metodologias com o uso de ferramentas BIM que melhor se ajustavam aos objetivos das diferentes etapas do desenvolvimento da disciplina.
Paralelamente, e logo após a finalização das análises temáticas, inicia-se o desenvolvimento de propostas para uma gleba urbana, objeto de edital público para a construção de habitações, comércio, equipamentos públicos, edifícios mistos, áreas verdes, galpões logísticos dentre outros. As tentativas anteriores contemplaram a modelagem em REVIT de todo o estudo preliminar e também a modelagem deste diretamente no Infraworks sem passar por outro software. A experiência de 2020 mostrou-se mais adequada ao estudo de viabilidade do empreendimento, simulações com diferentes densidades e posterior estudo de massas: setorização inicial em Autocad, massas no Revit e modelagem no Infraworks.
Passar do desenho de vias e lotes para o desenvolvimento de possibilidades de ocupação em glebas utilizando instrumentos legais e ferramentas urbanísticas representou um ganho para a disciplina. A própria disciplina concebia a cidade em duas dimensões ao utilizar apenas o desenho em Autocad. A utilização do Revit no estudo de viabilidade não fez muito sentido, faltava uma etapa de estudo da topografia em Autocad e também uma primeira concepção que permitisse alterações rápidas. A modelagem precisa do Revit não atendia a necessidade de mudanças rápidas, mesmo utilizando os recursos de criação de massas. A utilização direta do Infraworks mostrou-se também inadequada por não permitir o estudo um pouco mais rigoroso e com dimensões precisas.
Equilibrar o ensino de conceitos específicos desta área de conhecimento e o ensino de ferramentas tecnológicas aplicadas à prática projetual, dentro do tempo destinado à disciplina, é um desafio e ponto fundamental para a obtenção de resultados positivos e avanços nesta área.
A disciplina de projeto de rodovias e vias urbanas, oferecida em paralelo à de urbanismo, passará a contribuir, a partir do segundo semestre de 2021, com o desenvolvimento de parte do projeto com a modelagem em Civil 3D de vias e ciclovias previstas nas diretrizes do edital adotado para a disciplina e que posteriormente será importada no Infraworks.
Para os próximos oferecimentos existe a previsão de utilização do Spacemaker, software que utiliza sistema baseado em inteligência artificial, recentemente adquirido pela Autodesk e que permite explorar diferentes soluções de forma mais rápida tornando os processos de planejamento mais eficientes.
Apresentação no YouTube: https://youtu.be/mMcn8qxsoig
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