O BIM para ensinar
Uso de ferramenta para o ensino de técnicas construtivas
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1953Keywords:
Ensinar, BIM, Fuzor, Construção virtual, Construção civilAbstract
Introdução
Muito se fala em ensinar BIM nas instituições de ensino. Porém, não é muito discutido a ideia de utilizar o BIM como ferramenta de ensino. Entendendo que o BIM tem várias nuances, buscamos tratar de algumas delas. O BIM sendo a sigla para Building Information Modeling, que é traduzido como Modelagem da Informação da Construção, e consiste em criar virtualmente um modelo representativo da realidade da construção de um empreendimento com o objetivo de gerar um modelo 3D informativo, ou seja, com vários dados inseridos no mesmo. Tais processos, consequentemente, facilita o levantamento de quantidades, detecção de interferências, simulações de todo o desenvolvimento da construção e redução de custo. É perceptível que no que concerne uma obra de construção civil, existem etapas e técnicas construtivas que só podem ser vistas no canteiro de obras, como logística de transporte de materiais dentro da obra, montagem e desmontagem de formas e escoras, entre outras. Desse modo, essas técnicas são apresentadas costumeiramente em visitas técnicas, quando há oportunidade, ou ainda por meio de vídeos gravados em alguma obra real. Isso limita o professor a mostrar aquilo que já está sendo executado por outro profissional.
Neste artigo propomos o uso de softwares BIM como ferramenta de ensino de técnicas construtivas, por meio da reprodução virtual de situações que ocorrem na obra durante o dia a dia, com o intuito de mostrar ainda na sala de aula. Haja vista, uma formação mais completa e imersa na realidade da construção civil.
Desenvolvimento
O uso em si do software não precisa necessariamente partir do próprio professor, mas sim de um apoio de equipes discentes de estudos aplicados em BIM. Dessa forma, o docente responsável pela disciplina não precisa se preocupar imediatamente em ter domínio de vários softwares BIM voltados para a simulação da construção, ou modelagem paramétrica, esse exercício como citado anteriormente pode ser executado por pessoas capacitadas já envolvidas na metodologia BIM, seja por um grupo de extensão ou até mesmo por um ou mais discentes que tenha desenvolvido expertise no assunto durante a graduação. Ao direcionarmos o olhar para as disciplinas de projetos, podemos utilizar modelos 3D, para o estudo térmico e de ventilação natural, verificação de níveis e locação da obra, entendimento dos diversos componentes construtivo que fazem parte do processo de construção e suas principais propriedades, como por exemplo informações geométricas, propriedades físicas, térmicas e mecânicas do material, entre outras possibilidades. Partindo da ideia da simulação virtual, é possível visualizar o processo de execução de formas, armação e concretagem de maneira extremamente detalhadas, assim, o aluno consegue absorver a maneira que é realizada a execução no dia a dia da obra, ao visualizar e compreender as etapas a serem respeitadas no processo de construção. É possível ainda, implementar a realidade virtual e realidade aumentada em conjunto com a construção virtual, ao facilitar ainda mais a visualização.
Neste artigo, propomos a utilização de uma ferramenta de simulação e renderização para auxiliar nas apresentações de técnicas construtivas na disciplina de Tecnologias da Construção. Existem hoje no mercado diversas ferramentas capazes de gerar animações referentes a processos construtivos. Porém decidimos dar ênfase a uma delas, que trata não somete da parte visual, mas também da parte técnica, o Fuzor. Desenvolvido pela Kalloc Studios, o Fuzor é um software que nasceu da tecnologia proprietária de motores de jogos e foi adaptado à indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção, com a proposta de ser uma solução completa do ciclo de vida do projeto. O software trabalha com diversos formatos de arquivos nativos de ferramentas BIM. Uma vez incorporando os projetos à plataforma do Fuzor, é possível visualizar de modo realista, incrementar elementos da biblioteca do próprio software, animar esses elementos, como também os elementos do projeto, gerar vistas com anotações interativas. Diversas funções que podem ser incorporadas para se criar sequências animadas das etapas construtivas de uma obra, partindo de um modelo BIM autoral, o que dentro de uma sala de aula daria mais clareza aos alunos sobre como funciona determinadas demandas de uma construção, como por exemplo a montagem e desmontagem de formas em elementos estruturais como lajes, vigas, pilares, escoramento, colocação de armaduras, concretagem, movimentação de equipamentos, entre tantas outras situações reais de uma obra, que podem ser simuladas virtualmente, afim de exercitar melhor a compreensão dos alunos. As possibilidades ainda se expandem quando pensa-se no uso da Realidade Virtual e Aumentada associada a essa técnica de ensino.
Conclusão
Sob a perspectiva de avanço nos métodos de ensino, dos órgãos competentes, a implementação do BIM como ferramenta de ensino apresenta diversas vantagens, uma vez que, é possível facilitar a visualização de processos construtivos, nos quais, só seriam visualizados em uma visita técnica, ajuda na concentração dos alunos, motiva os docentes e discentes a buscarem conhecimento sobre o BIM e melhora exponencialmente a fixação do assunto. Claro, durante o processo de implementação, ocorreram problemas inevitáveis, nos quais, devem ser sanados como: nível de maturidade BIM inicial tanto dos professores como dos alunos, acesso a softwares e máquinas com hardware suficiente para executar simulações virtuais e tempo para que os professores possam se adaptar e preparar aulas atualizadas e conectadas com a metodologia. Entretanto, essas dificuldades não podem ser motivo para estagnação da ideia.
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References
Fuzor, disponível em: <https://www.kalloctech.com/>
BASTO, P. E. A.; LORDSLEEM JUNIOR, A. C. O ensino de BIM em curso de graduação em engenharia civil em uma universidade dos EUA: estudo de caso. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 16, n. 4, p. 45-61, out./dez. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1678-86212016000400104
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