COLLABORATIVE ACADEMIC EXERCISE: A STUDENT EXPERIENCE
DOI:
https://doi.org/10.29327/sbqp2021.438033Keywords:
Collaborative exercise, Co-creation, Projectual process, Student experienceAbstract
Pesquisadores dizem que é comum pensarmos em um processo projetual como sendo pré-planejado e altamente estruturado, mas na prática, os projetistas atuam de modo mais fluido, o que Lawson (2015, p. 2017) chamou de “atividade natural”. Apesar de natural, Veloso e Elali (2014) e Lawson (2015) concordam que, entre outras coisas, é imprescindível o uso de ferramentas colaborativas como forma de desenvolvimento das habilidades sociais para negociação, diminuição de tensão entre os atores e a apropriação idearia do produto pelo usuário final. Para tanto, a ideação conjunta necessita da “incorporação de processos de colaboração e de gestão integrada”, de acordo com Veloso e Elali (2014, p.4), explicando que o diálogo e empatia devem permear todas as etapas de projetação, partindo das atividades na academia. O presente artigo vem relatar a experiência discente com instrumentos de cocriação centrados no usuário, que estabelecem como pré-requisito a incorporação de conceitos de percepção sensorial, usabilidade e desenho universal, recomendando a observância de diretrizes para projeto acessível. Tal experiência fez parte de uma disciplina de pós-graduação em arquitetura e urbanismo, ocorrida no segundo semestre de 2019; com 16 alunos divididos em quatro equipes, que foram desafiadas pelo docente a criarem, cada uma, ao menos três opções de paraciclo para implementação no campus universitário, utilizando metodologia e ferramenta pré-estabelecidas pelo professor. Isto posto, a metodologia determinada foi a ‘GODP’ (MERINO, 2016), que prevê o planejamento centrado no usuário para a escolha de técnicas e ferramentas de desenvolvimento de projeto, estabelecendo três marcos projetuais: inspiração, ideação e implementação. Como apoio ao marco ‘ideação’, em específico, foi determinada a ferramenta ‘TRÊS’ (SILVA, 2020), que consiste em três balizadores conceituais: percepção sensorial, usabilidade e desenho universal; para que estes apresentem-se nas propostas conceituais obtidas na referida etapa, ainda que com graus de pregnância distintos. Outrossim, embora desenvolvida antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciar a crise pandêmica, a referida ferramenta foi criada para ser acessada por meio digital com internet (SILVA, 2020); desse modo, a inserção, organização e o alinhamento dos dados pelos usuáriosprojetistas, ocorreu simultaneamente em locais diferentes, e todas as informações agrupadas em um arquivo intercambiável, no qual todo o arcabouço criativo lançado foi categorizado; a fim de que cada conceito obtivesse uma lista de prérequisitos originais que pode ser revisitada sempre que necessário. Ao final, a experiência de projetação colaborativa apresentou muitas inseguranças, possivelmente por sua ascensão contrastante com as poucas práticas metodológicas acadêmicas capazes de apoiá-la (VAN TURNHOUT et al., 2017). Apesar disto, os instrumentos utilizados obtiveram êxito em suas propostas de atribuição de marcos projetuais, o que facilitou em específico a etapa de ideação, a qual rendeu várias propostas conceituais que satisfizeram a condição de conter ao menos um dos pilares do método e da ferramenta utilizados (percepção sensorial, usabilidade ou desenho universal), de modo que estes se apresentaram claramente nas soluções conceituais concebidas. Esta experiência andragógica desafiadora foi um exemplo do que Veloso e Elali (2014, p.1) chamaram de uma “cultura projetual participativa e colaborativa no ambiente acadêmico”; dificilmente exercido efetivamente, bem verdade. Em uma cultura projetual acadêmica participativa, as práticas andragógicas podem vir a viabilizar a cocriação generativa, apresentando-se como recursos otimizadores na medida em que são alimentadas, geridas e acionadas virtualmente por seus colaboradores. Contudo, a despeito do êxito no desafio proposto e da necessidade de ajustes pontuais; é necessário destacar o argumento de Palmer et al. (2018) que considera soluções práticas (métodos, tecnologias e ferramentas) relevantes nos esforços coletivos; mas que representam apenas parte de um significado ainda maior: a apropriação por parte dos usuários finais, projetistas e colaboradores, dos modos de negociação e flexibilização mutuamente acordados de projetação, para que ocorra avanços efetivos e não apenas circunstanciais, visando o desenvolvimento dos jovens profissionais.
References
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