BIM 5D aplicado à disciplina de orçamento de empreendimentos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1877

Palavras-chave:

Orçamento BIM Quantificação

Resumo

Novas tecnologias disponíveis no mercado têm gerado mudanças no procedimento usualmente adotado para orçamentação. Essas novas tecnologias possibilitam maior automação aos processos de extração de quantitativos e cruzamento de dados com as tabelas de custo de bases de referência. O uso dessas novas tecnologias torna possível gerar orçamentos vinculados aos modelos BIM 3D, a partir da adoção do fluxo de trabalho aberto (OpenBIM). Dessa forma, é possível manter os quantitativos e itens do orçamento atrelados ao modelo e possibilitar total rastreabilidade e confiabilidade da informação. No BIM 5D, a variável econômica é embutida no modelo 3D para que os profissionais consigam avaliar os custos do projeto, tornando mais fácil estimá-los e controlá-los. Assim, o BIM 5D conecta o modelo digital de informação da edificação com as estimativas e processos de custos. A partir dessa integração, é possibilitada maior precisão nos custos da edificação. O orçamento BIM 5D, por extrair dados reais a partir da modelagem da informação das disciplinas de projeto, apresenta informações fidedignas relacionadas a quantidade de materiais e elementos construtivos. Dessa forma, é possível aproximar a estimativa de custo do gasto real de execução da obra. Importante salientar que o direcionamento legal no país caminha para a utilização do uso do BIM em função das diretrizes da Lei nº 14.133 de 1 de abril de 2022 e do Decreto nº 10.306 de 2 de abril 2020 que determina que a orçamentação, o planejamento e o controle da execução de obras sejam implementados a partir de 1º de janeiro de 2024, na execução direta ou indireta de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras, referentes a construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de grande relevância para a disseminação do BIM.

Neste trabalho, será apresentado o conteúdo didático desenvolvido para o primeiro semestre de 2022 da disciplina de Orçamento de Empreendimentos da Universidade Federal Fluminense (UFF)que promoveu a elaboração do orçamento de um modelo BIM 3D com a utilização de licença de uso temporário do software AltoQi Visus, que contempla as dimensões 4D (tempo) e 5D (custo) da metodologia BIM. Esse software de orçamento e planejamento se integra ao fluxo de elaboração de projetos BIM, e possibilita que o orçamento seja atualizado em qualquer fase dos projetos. A solução de software em questão importa modelos no formato IFC gerados por outras ferramentas BIM e possibilita, de forma automatizada, a extração paramétrica dos quantitativos de todos os itens modelados (e não modelados) nas fases dos projetos. Com os quantitativos extraídos de acordo com regras definidas pelo usuário, é possível gerar uma lista de quantitativos organizada de acordo com a Estrutura Analítica de Projeto (EAP), definida pelo orçamentista. Para gerar o orçamento, o software conta com um banco de dados que é constantemente atualizado e que contempla diversas bases de referência, a exemplo do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) administrado pela Caixa Econômica Federal (CEF), do Sistema de Custos Referenciais de Obras (SICRO) criado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), dentre outras. No AltoQi Visus também é possível importar e/ou criar insumos e composições desenvolvidas pelo próprio orçamentista. O software gera diversos relatórios gerenciais, a exemplo das curvas ABC (insumos e serviços), orçamentos na forma sintética e analítica, cronogramas, dentre outros.

A experiência didática teve início com a disponibilização de licenças do software AltoQi Visus, com tempo de utilização de quatro meses, para todos os alunos matriculados na disciplina por meio do acordo de cooperação firmado entre a UFF e a empresa AltoQi Education. Em seguida, foi elencado o modelo IFC da disciplina de estrutura, disponibilizado como exemplo no software AltoQi Visus, para o desenvolvimento da atividade e foram fornecidas as premissas que nortearam a orçamentação. Como o orçamento em questão é referente apenas a etapa infraestrutura, o primeiro passo foi a separação dos elementos modelados da infraestrutura e a ocultação dos elementos referentes a superestrutura. O passo seguinte foi a extração automatizada dos elementos modelados relacionados a infraestrutura. A maioria dos elementos não contemplados no modelo foram quantificados por meio da elaboração de regras paramétricas e desenvolvimento de fórmulas, que possibilitaram a criação do vínculo com o modelo e, consequentemente, a extração automatizada de quantidades. Alguns elementos não modelados necessitaram ter seus quantitativos pré-determinados, sendo estes quantitativos adotados como parâmetros de fórmulas que possibilitaram vinculá-los ao modelo, a exemplo dos serviços de escavação e reaterro. De posse da lista de quantitativos dos itens modelados, foram feitas associações destes às composições de custo unitário utilizando as bases do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI) e da Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará (SEINFRA-CE). Na base própria do software, foram criados insumos e composições de custo unitário quando da inexistência destes nas bases de referência elencadas. Também foi promovido o detalhamento e o cálculo da Bonificação e Despesas Indiretas (BDI) diretamente no software por meio da inserção das taxas determinadas para o orçamento. Foi promovida a substituição dos insumos de mão de obra por serviços de mão de obra do SINAPI, que já contemplam os encargos complementares (alimentação, transporte, exames, seguro, equipamento de proteção individual, ferramentas e curso de capacitação) proporcionais a unidade de medição do profissional, além da equalização dos insumos mais impactantes no orçamento como o cimento Portland e as areias. Após a elaboração do orçamento, foi promovida sua análise por meio das curvas ABC geradas pelo AltoQi Visus, na qual foi verificado o alinhamento dos serviços e insumos contemplados na classe A das curvas ABC. Para finalizar a atividade, foi desenvolvida uma pesquisa por meio da aplicação de questionário junto aos alunos, com o intuito de avaliar a opinião destes sobre as diversas funcionalidades do software, além da qualidade dos relatórios gerados e a facilidade de uso. A pesquisa aplicada foi respondida na íntegra por 87% dos alunos matriculados na disciplina. Após a análise estatística das respostas ao questionário, foi determinada taxa de 100% de aceitação da ferramenta por parte dos alunos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Izabella Pessoa Castro, Universidade Federal Fluminense

Doutorado em Ciências dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia. Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ - Brasil),

Felipe Garcia, QISAT Treinamento e Educação S.A.

Graduação em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia de Piracicaba. Analista de Inovação e Produtos Júnior do AltoQi Tecnologia  (Curitiba - PR, Brasil).

Referências

BRASIL. Lei nº 14.133 de 1 de abril de 2.022 Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm. Acesso em 11 de julho de 2022.

BRASIL, Decreto nº 10306 de 1 de abril de 2020. Estabelece a utilização do Building Information Modeling na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling – Estratégia BIM BR, instituída pelo Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10306.htm. Acesso em 11 de julho de 2022.

Downloads

Publicado

2022-06-08

Como Citar

CASTRO, Izabella Pessoa; SANTOS, Felipe Garcia. BIM 5D aplicado à disciplina de orçamento de empreendimentos. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1877. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1877. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Materiais didáticos desenvolvidos

Artigos Semelhantes

<< < 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.