A percepção de docentes e discentes sobre a adoção do BIM no ensino de graduação em engenharia civil
Palavras-chave:
Modelagem de Informação da Construção, BIM, implantação, envolvimento, interdisciplinaridadeResumo
A Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modeling, BIM) é uma das principais metodologias de gerenciamento na indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) e tem revolucionado a forma de planejar todo o ciclo de vida de uma edificação. Isto tem levado a uma reestruturação da indústria da AEC e exigido profissionais capazes de compreender e aplicar esta nova forma de gerenciar a construção, o que demanda uma reestruturação, também, do ensino de graduação. Contraditoriamente, a implantação do BIM no ensino de graduação ainda é incipiente e a literatura indica que as instituições de ensino superior não incorporaram a temática em seus cursos, tornando relevante o desenvolvimento de estudos que promovam um avanço do BIM no campo educacional com a sua introdução em disciplina(s) ou em cursos de graduação. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo confrontar as perspectivas de discentes e docentes da Universidade Federal do Ceará, Campus de Crateús acerca do envolvimento com o BIM na graduação de engenharia civil, tornando possível caracterizar o estágio atual de envolvimento e traçar estratégias para a sua efetiva implantação. Para tal, realizou-se, por meio de um questionário eletrônico estruturado, uma survey que resultou em 103 respostas de estudantes (53,4% do total) e nove entrevistas em profundidade, cobrindo todo o corpo docente de formação específica em engenharia civil. Como resultados, identifica-se diversos benefícios que a implementação do BIM pode agregar para o contexto do ensino-aprendizagem na graduação como a melhoria da qualidade dos trabalhos (projetos) desenvolvidos nas disciplinas, ajuda na visualização e compreensão dos conceitos aprendidos nas disciplinas e aumento da interdisciplinaridade (um mesmo modelo de construção pode ser aplicado a diferentes disciplinas). Destaca-se o descompasso entre a alta expectativa dos discentes, que já estão se envolvendo com a temática em diferentes estágios de aprofundamento, e a falta de capacitação e envolvimento do corpo docente para apoiá-los. A falta de visão sobre aplicabilidade e a dificuldade em incluir novos conteúdos em uma disciplina sem aumentar a carga horária mostraram-se como as principais barreiras na visão dos docentes. Estes fatores também se apresentam como barreiras à incorporação do BIM na estrutura curricular do curso, apesar do reconhecimento da importância da temática na universidade e no mercado de trabalho. Pode-se concluir que o envolvimento com o tema na instituição ainda é incipiente, não sustentando a formação em BIM de modo satisfatório e que a atual estrutura curricular prevê ementas com conteúdo extenso e com pouco espaço para implementação de novas formas de aprendizado, dentre elas o BIM.
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Referências
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