Relato de experiência

disciplina Modelagem da Informação na Construção

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1930

Palavras-chave:

BIM, Ensino, Engenharia Civil

Resumo

As vantagens da utilização do Building Information Modeling (BIM) aliado as diretrizes impostas pelo governo federal no Brasil vem direcionando o mercado da área de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) no processo de implantação do BIM, assim, recentemente esse mercado tem procurado um perfil de profissionais com competências e habilidades BIM. No entanto, a que se destacar que a maioria das instituições de ensino superior estão buscando preparar os futuros profissionais, mas para tanto faz-se necessário a inserção do BIM nas próprias instituições. Tal processo requer mudanças nos três campos, políticas, processos e tecnologias. Diante deste cenário, o presente artigo tem como objetivo apresentar o processo de implementação do BIM dentro do curso de Engenharia Civil do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) – campus Natal Central (CNAT), apontando as dificuldades enfrentadas, as soluções adotadas e os resultados que vem sendo alcançados com a primeira turma.

O método de pesquisa utilizado foi o relato de experiência, que possui características exploratórias e deve responder quando, onde, como? O relato de experiência é um texto descritivo, sendo importante “contar os detalhes da experiência”, de forma que possa servir de inspiração para os interessados. O projeto pedagógico do curso de Engenharia Civil foi aprovado em 2019 e tem como objetivo definir as diretrizes pedagógicas para a organização e o funcionamento da respectiva engenharia no âmbito do IFRN. Com  3.480 horas destinadas às disciplinas de formação do engenheiro civil; 320 horas destinadas à Prática Profissional, 10 horas dedicadas aos seminários curriculares e 425 horas para a Unidade Curricular de Extensão, a carga horária de atividades do curso totaliza 4.235 horas. A estrutura curricular do curso compreende dez semestres letivos, em regime de crédito e com organização por disciplinas. A inserção do BIM no curso se deu através de uma disciplina obrigatória - Modelagem da Informação na Construção (BIM) de 30h e em seis optativas, cada uma delas com 30h - Compatibilização e Cooperação em Projetos BIM; Representação Gráfica em BIM; BIM e Estruturas de Concreto Armado; Gestão de projetos utilizando BIM; BIM na Infraestrutura Viária; BIM e Instalações Prediais. Importante destacar que estas seis atendem ao total de 180 horas destinados as optativas exigidas pelo curso, de modo que o aluno pode optar pelo eixo BIM, adquirindo assim um acentuado domínio na área. A experiência ocorreu na disciplina Modelagem da Informação na Construção (BIM), no semestre 2022.1, em uma turma composta por 27 alunos. A disciplina que é do 5º período tem um caráter introdutório, com abordagem teórica, visando principalmente desmistificar a imagem do BIM como apenas tecnologia e software. Como procedimentos metodológicos utilizou-se de aulas expositivas e dialogadas, buscando constantemente a interação e participação dos alunos. A sala de aula invertida também foi aplicada, através da utilização do Classroom, onde eram postados artigos e vídeos. Os principais conteúdos abordados foram: Conceitos de BIM, Fluxos de trabalho, Critérios de modelagem 3D, Usos do modelo, Vantagens do BIM, Softwares, Realidade Virtual e Aumentada, Maturidade BIM, Competências e habilidades dos novos profissionais do mercado AEC. Buscou-se ainda com a disciplina abarcar de forma ampla as fases do ciclo de vida, de modo a permitir ao aluno perceber as diversas formas de aplicação do BIM, desde a concepção de um projeto até por exemplo possibilidades de gestão da manutenção dos edifícios. Como critério de avaliação optou-se por duas avaliações do tipo seminário em dupla versando sobre usos do modelo BIM, sendo a primeira livre explanação e a segunda no modelo de um artigo de Revisão Sistemática da Literatura (RSL). Foram priorizadas bibliografias no idioma português, como o Manual de BIM de Eastman e colaboradores (2014), Gerenciamento e coordenação de Projetos BIM de Sergio Leusin (2020) e BIM e inovação em gestão de projetos de Manzione, Melhado e Nóbrega Júnior (2021).

Como principais resultados alcançados pode-se destacar a curiosidade dos alunos na temática, a compreensão de que o BIM inclui processos e políticas e não somente tecnologias, bem como um interesse e uma urgência em adquirir mais conhecimentos na área, inclusive com inicio de um movimento de pressão junto a instituição, no sentido de maior inclusão dos conteúdos BIM dentro das disciplinas, de forma obrigatória na matriz do curso. No entanto, a que se relatar a existência de um percentual de cerca de 11% de alunos que se mostraram desmotivados e decepcionados com o perfil teórico da disciplina, visto que os mesmos esperavam tratar-se de disciplina com teor ferramental. Os mesmos almejavam aprender modelagem 3D, através do software Revit da Autodesk na disciplina. Diante do quadro estes alunos praticamente deixaram de frequentar a disciplina, culminando na reprovação. Dificuldades podem ser apontadas, principalmente a baixa adesão ao método sala de aula invertida, quando identificou-se que somente uma pequena parcela efetivamente assistia aos vídeos e lia os artigos propostos. A que se destacar também a dificuldade apresentada pela grande maioria dos alunos na segunda avaliação, a saber a elaboração de uma RSL, embora estes já tivessem cursado a disciplina Metodologia Científica e Tecnológica no 3º período, com 30 horas e Leitura e Produção de textos acadêmicos  no 1º período, com 60 horas. Pode-se elencar como possíveis causas dessa dificuldade os reflexos do período de ensino remoto emergencial vivenciado pela turma em questão. Aspectos positivos visualizados durante e após a disciplina foi o maior interesse de inserção dos alunos em ações de extensão e pesquisa na área do BIM, como na Liga Acadêmica de BIM (LABIM) do curso de Engenharia Civil e no Grupo de Estudos e Pesquisa em Integração de Projetos (GIP), que tem como uma de suas maiores linhas de pesquisa o BIM. Como maior contribuição do estudo para o ensino do BIM no Brasil tem-se a apresentação de uma experiência real de uma disciplina BIM, em um contexto inicial de quase total desconhecimento da área por parte dos alunos, apontando as principais dificuldades vivenciadas com suas possíveis causas, sobretudo em um cenário pós-pandêmico, bem como a identificação do potencial da disciplina na disseminação do BIM dentro da instituição em seus três pilares ensino, pesquisa e extensão.

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Biografia do Autor

Josyanne Pinto Giesta , Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

Doutorado em Arquitetura e Urbanismo  pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.  Professora efetiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Natal Central (Natal - RN, Brasil).

Alfredo Costa Neto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

Mestrado em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Natal - RN, Brasil).

Thalita Giesta Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Cursando Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal - RN, Brasil). 

Referências

Não houveram citações no trabalho

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Publicado

08/06/2022

Como Citar

GIESTA , J. P. .; COSTA NETO, A.; COSTA, T. G. . Relato de experiência: disciplina Modelagem da Informação na Construção. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1930. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1930. Acesso em: 4 maio. 2024.

Edição

Seção

Experiência de ensino-aprendizagem BIM realizadas

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