Estudo de projetos da arquitetura precedente a partir de modelos BIM

Resumo

No processo de ensino-aprendizagem em disciplinas de projeto de arquitetura, os professores não exploram estratégias de ensino de projeto que estimulem e facilitem o seu aprendizado (BRANSFORD; BROWN; COCKING, 2007), enquanto a sociedade consolida tecnologias da informação (TI), como as ferramentas BIM, que possibilita a exploração de novas abordagens pedagógicas (PÉREZ; PONS, 2015). Nos cursos de arquitetura, as ferramentas e modelos BIM podem contribuir no processo de ensino-aprendizagem reflexivo, indo além da representação dos projetos ou à produção de maquetes digitais (CLARO; JORDÃO, 2014). As ferramentas BIM funcionam como um repositório do conhecimento explicitado da arquitetura (KENSEK; NOBLE, 2014) e como facilitador da explicitação do conhecimento tácito presente (AKSAMIJA; IORDANOVA, 2010) no estudo de obras da arquitetura precedente, ajudando o estudante a situar o conhecimento obtido dentro das teorias da arquitetura. Os elementos de um precedente arquitetônico são modelos tridimensionais interativos representados digitalmente, que facilitam maior desempenho cognitivo durante o processo de aprendizagem do projeto de arquitetura (AKSAMIJA; IORDANOVA, 2010). Cada elemento é um repositório de informações que pode ser editado, analisado e reconstruído pelo projetista (LING, 2015). A manipulação experimental e exploração reflexiva destes elementos permitem avaliar o seu potencial e compreender sintaxes compositivas e sua aplicabilidade em situações diversas. Desta forma, a referência arquitetônica não precisa mais ser vista apenas como uma fonte de imagens, mas como um sistema complexo de ordens inter-relacionadas e de conhecimentos (COMAS, 1986). Um modelo tridimensional em BIM permite elaborar diagramas de uma maneira rigorosa e objetiva e expressar a geometria e proporção ou semânticas emocionais e associativas do projeto, por exemplo. Podem explicitar elementos do edifício que são citações de precedentes históricos. Os diagramas ajudam o projetista a analisar mais diretamente as semânticas do projeto, a compreender as intenções estéticas e expressivas do projeto (KENSEK; NOBLE, 2014). Neste contexto, esse trabalho pretende avaliar o uso de ferramentas e modelos BIM para análise da arquitetura precedente. Esta pesquisa contribui no processo de ensino-aprendizagem de projeto de arquitetura, mais especificamente na etapa da análise da arquitetura precedente para formação de repertório arquitetônico. Como estratégia de pesquisa foi escolhido o método do Design Science Research (DSR) para criar, avaliar e comunicar resultados obtidos pelo artefato proposto (LACERDA et al., 2013 ). O artefato, neste caso, é o modelo BIM de obra da arquitetura precedente preparado pelo pesquisador para serem analisados por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo de uma universidade pública de Curitiba. Participaram da pesquisa 72 estudantes de duas turmas, onde o primeiro grupo, formado por 31 estudantes analisou dois diferentes projetos modelados em ferramentas BIM, enquanto o segundo grupo, formado por 41 estudantes, analisou os mesmos projetos a partir de imagens encontradas na internet ou sites dos autores dos projetos. Os dois grupos responderam um mesmo formulário que contém questionamentos das características dos edifícios, baseados nos autores Clark e Pause (1996), para comparação dos resultados. Apesar de ser um primeiro teste deste artefato, foi possível concluir que o grupo que analisou modelos BIM compreendeu melhor aspectos dos edifícios em relação ao segundo grupo.