Introdução ao BIM: uma experiência didática no curso de Arquitetura e Urbanismo

Resumo

Atualmente, a integração do BIM na estrutura curricular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da (nome da universidade) é pouco discutida. Quase sempre o BIM é pensado como um conteúdo de representação gráfica, pouco impactando na produção do espaço edificado. São conteúdos desvinculados do processo de concepção do projeto de arquitetura, que usam métodos tradicionalmente consolidados no ensino, baseados numa formação inspiradas pelas tradições herdadas dos cursos associados às escolas de belas artes (CORDEIRA, 2012) – ainda vinculados ao conceito da “Caixa Preta” (JONES, 1971). Nesse contexto, a introdução de ferramentas, técnicas e métodos digitais é considerada como conteúdos desvinculados do processo criativo. Estes, em alguns casos, podem prejudicar a qualidade do processo criativo do projeto, e, por isso, devem ser inseridos em etapas mais avançadas do processo de projeto. Em contraponto, professores de expressão gráfica vêm explorando em suas disciplinas, ainda de maneira incipiente, ferramentas, técnicas e métodos de projeto digital (modelagem paramétrica, programação visual, sistemas generativos, prototipagem rápida, realidade virtual e aumentada), dentro de uma abordagem de resolução de problema de projeto. Este artigo apresenta uma experiência didática de uma disciplina introdutória ao BIM. Mesmo com uma carga horária limitada (30 horas), oferecida em uma única semana, a disciplina introduz o BIM no contexto da gestão da informação, mostra sua importância prática de projeto contemporâneo, discute sobre colaboração e integração de projeto no contexto do projeto de arquitetura e urbanismo e, traz, de modo preliminar, a experimentação em ferramenta de modelagem paramétrica e em software de autoria BIM, no contexto da concepção e desenvolvimento de projeto de arquitetura. A disciplina, que é eletiva e ofertada no 4º período, foi estruturada em duas partes: uma teórica de introdução ao BIM; outra prática, de experimentação do BIM dentro de uma lógica do projeto orientado por informação. Esta última abarca dois conteúdos. O primeiro exercita o projeto paramétrico orientado à informação. A partir de exercícios de modelagem paramétrica para resolução de problemas de estudos de massas usando a programação visual vinculado à software de modelagem BIM, os alunos são levados a avaliar as soluções geradas em termos de desempenho da solução proposta (coeficiente de utilização, área construída, volume, custo por m², custo total do empreendimento, atendimento à legislação e contextualização no entorno). Isso acontece graças ao uso de um template que vincula a informação do modelo a um banco de dados que gera informação de projeto. Tais informações são avaliadas pelos alunos para tomada de decisão, com base nos critérios pré-estabelecidos e contidos nas tabelas. Além disso, esse template disponibiliza as pranchas e organiza os desenhos automaticamente. O segundo conteúdo introduz os alunos na modelagem BIM, através do desenvolvimento de um estudo preliminar de projeto de arquitetura. Nessa etapa é apresentado o conceito de classe, família, objeto e instância e é proposto que os alunos desenvolvam um estudo preliminar, com base em critérios de área, dimensão e aspectos espaciais. Para isso, eles usam outro template em que estão definidas as famílias de objetos a serem usados, tabelas com informações sobre áreas, quantidades de componentes, definições de pranchas e desenhos. Os alunos, então, discutem as propostas e desenvolvem uma solução de projeto a partir de critérios pré-estabelecidos. Embora a disciplina seja muito rápida, a forma como ela é estruturada permite a compreensão da importância do BIM no processo de projeto. A discussão teórica apoiada em experimentações práticas mostra ao aluno a importância da informação para as decisões de projeto e como o BIM auxiliá-los em práticas coerentes com os requisitos estabelecidos para o projeto, dentro de uma abordagem criativa da produção do espaço construído.