Avaliação do grau de maturidade BIM no curso de arquitetura e urbanismo da UFPE
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1887Palavras-chave:
BIM, PIB no ensino, Grau de maturidade BIMResumo
Este trabalho apresenta parte dos resultados de um amplo conjunto de ações desenvolvidas pela Célula BIM UFPE. As células BIM são resultado de um edital lançado pelo Ministério da Economia que apresentava como uma de suas sub-metas a “Proposta e instalação de Célula BIM em Instituição de Ensino Superior (IES) visando estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao Building Information Modeling (BIM)” (BRASIL. Ministério da Economia, 2019). O BIM pode ser descrito como um conjunto de políticas, processos e tecnologias que visam produzir, comunicar e analisar a informação da construção, ao longo do seu ciclo de vida. Está relacionado a uma nova forma de pensar e desenvolver projetos de Arquitetura e Engenharia. Sendo a representação da expressão da inovação na indústria da construção civil, as Células BIM aparecem com um papel fundamental de desenvolvimento de estratégias para a adoção das competências BIM nos cursos de graduação da área. Visando a adequada incorporação dos conteúdos BIM nestes cursos alguns autores (DELATORRE, 2014) sugerem que é necessária uma série de ações preliminares. Este artigo tem por objetivo descrever o desenvolvimento de uma dessas ações: a avaliação do grau de maturidade BIM no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). De maneira geral, o termo maturidade pode ser compreendido como a extensão, a profundidade, a qualidade, a previsibilidade e a repetibilidade de uma habilidade na realização de uma tarefa ou entrega de um serviço ou produto. Segundo Succar (2009), na área do BIM, o conceito de maturidade serve para identificar um conjunto de melhorias de processos que permitam alcançar benefícios específicos, proporcionando uma melhor percepção do crescimento e da diversidade de aplicação do BIM. Nesse sentido, aferir o grau de maturidade é tarefa indispensável para direcionar a criação de ações estratégicas na implementação do BIM nos cursos de graduação.
A metodologia de avaliação da maturidade BIM segue a matriz estabelecida por Boes, Barros, Lima (2021). Nela, o processo de investigação está dividido em três: 1) Políticas: compreende as iniciativas, ações e visões institucionais sobre BIM; 2)Processos: avalia o desempenho do ensino, pesquisa e extensão em BIM; e 3) Tecnologias: compreende o conjunto de softwares, hardwares e sistemas necessários para a utilização do BIM. Esses campos englobam 16 capacidades que determinam o grau de maturidade BIM da IES em cinco diferentes níveis: Pré-BIM, Inicial, Definido, Integrado e Otimizado. A coleta das informações para o preenchimento desta matriz foi feita através de questionários aplicados: (a) ao corpo docente; (b) aos professores que formam o NDE (Núcleo docente estruturador); (c) ao coordenador do curso; e (d) aos coordenadores dos laboratórios de tecnologia que os estudantes do curso têm acesso. Para cada um desses grupos foi elaborado um questionário específico que captasse informações acerca das ações relativas a políticas, aos processos e às tecnologias que envolvem o ensino do BIM.
A avaliação do grau de maturidade BIM mostra que o curso em questão está ingressando no estágio DEFINIDO de incorporação do BIM com MÉDIA MATURIDADE. Isso significa que o envolvimento com BIM neste curso já foi iniciado e está em processo de definição. Em relação ao eixo de Políticas, o desempenho do curso oscila entre inicial e definido. A classificação inicial foi verificada em relação a dois critérios: (a) o conhecimento sobre o Decreto Federal 9.337:2018, onde a maioria dos docentes dizem conhecer, mesmo que alguns não saibam do que se trata; (b) a baixa capacitação e engajamento BIM do corpo docente (não há incentivo formal por parte da coordenação e menos de 10% do corpo docente domina a tecnologia). O eixo de processos também não apresentou uma uniformidade. O que mais levanta o grau de Maturidade BIM neste eixo são os pontos relativos aos critérios de publicações e número de alunos capacitados. Verifica-se uma constância anual de publicação em um congresso internacional da área desde 2014, além de publicações eventuais em revistas. O alto número de alunos capacitados se deve ao fato de que desde 2012 é ministrada semestralmente uma ou duas disciplinas, além de cursos de extensão. Por fim, o eixo de tecnologia é o que apresenta uma maior uniformidade de pontuação. Com exceção do quesito sobre os “acordos institucionais com fabricantes de hardware”, que é praticamente inexistente, todos os demais apresentam um estado Inicial de Maturidade BIM. A avaliação geral da matriz também destaca dois pontos. Primeiro, são verificados desempenhos distintos em relação aos três eixos apresentados: enquanto as ações verificadas nos de políticas e processos estão mais bem desenvolvidas, o eixo de tecnologias é o que precisa de um incentivo maior para que o curso seja classificado com o grau Integrado de Maturidade. Segundo, esse resultado se deve a ações realizadas por menos de 10% dos professores, conforme indica a análise estatística das respostas aos questionários. Isso significa que o grau definido não reflete a maturidade “do corpo docente” do curso, e sim, de um grande esforço de uma pequena parte de professores. Sendo assim, apresentar estágio DEFINIDO de incorporação BIM com MÉDIO GRAU DE MATURIDADE é muito positivo, mostrando que o curso, de maneira geral, apresenta interfaces capazes de facilitar a inserção mais planejada do conteúdo. Isso significa que os esforços não vão partir do zero e encontram um ambiente relativamente preparado para uma inserção melhor estruturada e, futuramente, para uma definitiva consolidação do tema.
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Referências
BÖES, J. S., BARROS NETO, J. de P., & LIMA, M. M. X. de. BIM maturity model for higher education institutions. Ambiente Construído [online], v. 21, n. 2, pp. 131-150, 2021. https://doi.org/10.1590/s1678-86212021000200518.
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DELATORRE, V. Potencialidades e limites do BIM no ensino de arquitetura: uma proposta de implementação. Florianópolis: [s/n], 2014, 293p.
SUCCAR B. Building information modelling framework: A research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, pp. 357–375, 2009. 10.1016/j.autcon.2008.10.003.
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