Diagnóstico da grade curricular no curso de arquitetura e urbanismo da UFPE para inserção do BIM

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1893

Palavras-chave:

BIM, Diagnóstico, Adoção BIM, Ensino BIM, Graduação arquitetura e urbanismo, Projeto pedagógico

Resumo

Este artigo apresenta uma das ações desenvolvidas pela Célula BIM UFPE. As células BIM são resultado de um edital lançado pelo Ministério da Economia que apresentava como uma de suas sub-metas a “Proposta e instalação de Célula BIM em Instituição de Ensino Superior (IES) visando estimular o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias relacionadas ao Building Information Modeling (BIM)” (Brasil. Ministério da Economia, 2019). O BIM é entendido como um conjunto de políticas, processos e tecnologias que visam produzir, comunicar e analisar a informação da construção. Representando a expressão da inovação na indústria da construção civil, o BIM é tido como um novo conceito em projetos de Arquitetura e Engenharia. Para cursos de graduação nessas áreas, a adoção do BIM é de fundamental importância para a ampliação das competências BIM no setor da Construção Civil (Delatori, 2014). Entretanto, a adequada incorporação dos conteúdos BIM em cursos de graduação deve ser precedida de ações preliminares (BÖES; BARROS; LIMA, 2021), sendo o diagnóstico do projeto pedagógico e, em particular, da matriz curricular, uma delas. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é apresentar o resultado de um diagnóstico da grade curricular no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco. Este tem como propósito avaliar em que medida os conteúdos BIM podem ser incorporados nas disciplinas do curso.

A análise do Projeto Pedagógico Curricular (PPC) observou a capacidade de incorporar atividades interdisciplinares e práticas pedagógicas e tecnológicas compatíveis com o BIM. A matriz curricular foi analisada tendo por base a metodologia desenvolvida por Checcucci e Amorim (2014), criada para a avaliação de cursos de engenharia civil. Esta foi adaptada por Lima et al (2020) para os cursos de arquitetura e urbanismo. Conforme a metodologia, analisa-se a ementa dos componentes curriculares, classificados segundo os seus conteúdos, conforme as diretrizes nacionais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006). Cada grupo é identificado pelo nível de interface entre o componente curricular e o conteúdo BIM, representados em uma escala cromática: clara, caso não haja interface; média caso a interface não seja tão explícita; escura, caso a interface seja forte. O PPC do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) propõe um sistema próprio de classificação e enquadramento das matérias: a) disciplinas instrumentais, referem-se àquelas que apresentam meios e instrumentos práticos para o adequado desenvolvimento de projetos; b) conceituais, as que apresentam, contextualizam e discutem as ideias que instruem as tomadas de decisão; e c) integrativas, as que integram, por meio de problemas de projeto, os conteúdos teórico-práticos necessários ao ato de projetar. Sendo assim, camadas analíticas complementares àquelas adotadas pelos autores citados foram introduzidas para contemplar tais especificidades.

O PPC, por sua concepção estrutural integrativa, mostrou-se compatível com os pressupostos do BIM, pois o conteúdo e os métodos ministrados no curso fornece condições para a implementação de estratégias BIM nas escalas arquitetônica, urbana e paisagística. A matriz curricular do curso de Arquitetura e Urbanismo é extensa, possuindo 173 disciplinas. Isso acontece porque diversas disciplinas possuem uma carga horária que pode ser considerada pequena, de 15 e 30 horas. Dentre as disciplinas oferecidas, verificou-se que 26,01% das disciplinas obrigatórias e 28,73% das eletivas são compatíveis com a inserção de conteúdos BIM. Apesar dessa inserção poder acontecer, de maneira mais teórica, desde o primeiro ano do curso, a maioria delas são oferecidas no segundo e terceiro ano. Em relação às categorias, as disciplinas integrativas e instrumentais são as que mais permitem a inserção do ensino do BIM, sem que seja necessária uma grande alteração das ementas. Diante disso, a inserção do conteúdo BIM na matriz curricular do curso aponta majoritariamente para as disciplinas integrativas e instrumentais. A convergência de conteúdos e métodos no ateliê de projetos, que integra as escalas arquitetônica, urbana e paisagística, estabelece as condições fundamentais para a implementação BIM. Soma-se a isso o fato de que as disciplinas eletivas instrumentais de cada semestre do curso servem de suporte para o desenvolvimento do projeto da disciplina integrativa. A oferta de disciplinas com conteúdo e cargas horárias mínimas, associadas ao uso das pedagogias de aprendizagem baseada em problemas e da sala invertida, criam, em princípio, o ambiente próprio para o aprendizado BIM. No entanto, se matérias e disciplinas apresentam clara interface com o ensino de BIM, sua carga horária, seu enquadramento e sequenciamento no curso podem dificultar o seu ministério. 

Assim, se por um lado, os conteúdos específicos associados aos problemas-chave dos anos letivos do curso (reabilitação, renovação, expansão e conservação urbanas) contribuem para a lógica integradora, por outro lado, algumas disciplinas carecem de cargas horárias suficientes para o ministério dos conteúdos. Além disso, a análise dos componentes curriculares à luz da sua interface com os conteúdos específicos associados ao ensino de BIM, revelou a necessidade de serem incluídas camadas analíticas complementares àquelas adotadas pelos referidos autores. Por exemplo, matérias e disciplinas podem ter clara interface com o ensino de BIM, no entanto, questões de enquadramento e sequenciamento no curso podem dificultar ou mesmo impossibilitar o seu ministério, como também as condições.

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Biografia do Autor

Max Lira Veras Xavier de Andrade, Universidade Federal de Pernambuco

Doutorado pela Universidade de Campinas/TECHNION University. Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco. (Recife - PE, Brasil)

Cristiana Maria Sobral Griz, Universidade Federal de Pernambuco

Doutorado em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora Associada na Universidade Federal de Pernambuco (Recife - PE, Brasil).

Edwin Vidal, Universidade Federal de Pernambuco

Mestrando em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco. Arquiteto e Urbanista da Prefeitura Municipal de Goiana - PE (Recife -PE, Brasil).

Referências

BÖES, Jeferson Spiering; BARROS, José de Paula e LIMA, Mariana Monteiro Xavier de. BIM maturity model for higher education institutions. Ambiente Construído [online]. 2021, v. 21, n. 2 [Accessed 11 April 2022] , pp. 131-150. Available from: <https://doi.org/10.1590/s1678-86212021000200518>. Epub 05 Mar 2021. ISSN 1678-8621.

CHECCUCCI, Erica de Sousa; AMORIM, Arivaldo Leão de. Método para análise de componentes curriculares: identificando interfaces entre um curso de graduação e BIM. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, v. 5, n. 1, p. 6-17, jan./jun. 2014

DELATORRE, V. Potencialidades e limites do BIM no ensino de arquitetura: uma proposta de implementação. Florianópolis: [s/n], 2014, 293p.

LIMA, W. E. F.; MELO, L. A. P. .; MELO, R. S. S. de .; GIESTA, J. P. . BIM no ensino de Engenharia Civil: proposta de adaptação de matriz curricular. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 11, p. e020028, 2020. DOI: 10.20396/parc.v11i0.8657369.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Resolução CES/CNE No 6 DE 2 DE FEVEREIRO DE 2006.

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Publicado

2022-06-08

Como Citar

ANDRADE, Max Lira Veras Xavier de; GRIZ, Cristiana Maria Sobral; VIDAL, Edwin. Diagnóstico da grade curricular no curso de arquitetura e urbanismo da UFPE para inserção do BIM. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1893. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1893. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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