Módulo formativo conjunto em BIM para projetos de engenharia

Resumo

O presente artigo descreve como o Instituto Militar de Engenharia está implementando o BIM em disciplinas de seus cursos de pós-graduação stricto sensu, no sentido de prover aos alunos de pós-graduação um panorama sobre o BIM. Entretanto, as disciplinas são oferecidas também a militares (engenheiros e arquitetos) da Comissão Regional de Obras/1 (CRO/1), que desenvolvem projetos de Arquitetura, Engenharia e Construção.

No âmbito da pós-graduação em Engenharia de Defesa (PGED), foram criadas disciplinas que tratam da aplicação do BIM a projetos de construção em que se busca tanto o conhecimento da tecnologia como o domínio do processo.

Para melhor aplicação dos conceitos, profissionais de Arquitetura e Engenharia foram convidados a participar da disciplina em conjunto com os alunos de pós-graduação stricto sensu. A experiência envolve oportunidades de aprendizagem integrada entre alunos e profissionais no ambiente de universidade, e é pensada como o núcleo para um futuro trilho formativo de extensão que possibilitará o desenvolvimento de projetos mais confiáveis e econômicos no Sistema de Engenharia do Exército.

A disciplina “Introdução ao BIM”, com 45 horas-aula inicialmente sobre a forma remota e atualmente em formato presencial, foi restaurada de modo a possuir dois módulos conectados entre si, ambos ministrados por dois professores do PGED.

No primeiro módulo, é ministrado um panorama das principais definições e noções mais atuais sobre a modelagem da informação da construção, incluindo as normas técnicas que possuem mais aplicabilidade no processo BIM, como a ISO 19650 e a NBR 15965. Tais noções são importantes na medida em que alunos ganham os conhecimentos necessários para iniciar suas pesquisas, e profissionais da CRO/1 têm a oportunidade de aplicar o ensino diretamente em seus desenvolvimentos de projeto.

No segundo módulo, os alunos e profissionais têm a tarefa de desenvolver um projeto de uma construção de aplicação militar por meio de um modelo federado a ser desenvolvido por eles. Cada aluno e profissional assume uma função diferente no projeto – gerente de projeto, gerente BIM e projetistas, incluindo o desenvolvimento de uma proposta de Plano de Execução BIM.

São utilizadas ferramentas computacionais disponíveis no laboratório do IME ou em computadores próprios ou disponíveis no local de trabalho: Autodesk Revit, Autodesk Navisworks, AltoQI Eberick e AltoQI Builder sendo as principais delas.

Os principais usos do modelo a serem praticados sempre envolvem a modelagem geométrica, a análise estrutural e de sistemas mecânicos (água e gases medicinais), a revisão de projeto e a estimativa de custos. Busca-se que o projeto a ser desenvolvido esteja no planejamento para ser licitado no ano seguinte, quando se espera possuir um conjunto de modelos, projetos e informações que garantam que a obra tenha seu valor e prazo de execução bem definidos.

Neste arranjo em que os profissionais desenvolvem o projeto em três meses de forma colaborativa, dentre os trabalhos propostos, já foram desenvolvidos o projeto de uma escola, de uma vila militar sustentável e de adaptação de um centro médico. Ao final, uma avaliação com professores convidados é prevista, em que se propicia uma discussão teórico-prática do assunto, combinando a prática de projeto com a avaliação do modelo federado criado.

Para os alunos e profissionais mais destacados, há a chance de continuar o plano de estudos por meio de uma segunda disciplina “Tópicos Especiais em BIM”, também de 45 horas-aula, em que os alunos têm a oportunidade de pesquisar e conhecer os pontos específicos necessários para desenvolver sua proposta de dissertação e/ou seus trabalhos de mestrado ou de doutorado. Para o caso dos profissionais, há a oportunidade de buscar ainda mais conhecimentos para aplicar no desenvolvimento do projeto ou na melhoria do fluxo de trabalho BIM em seu local de trabalho.

Até agora, em três anos de trabalho em que as duas disciplinas foram oferecidas três vezes – duas vezes de forma virtual e uma vez de forma presencial – foram formados 30 alunos ao total, sendo que 20 são profissionais e 10 são alunos de PG.

O sucesso do projeto, ao permitir a troca de experiências entre alunos de pós-graduação e profissionais do serviço público, culminando em um projeto de obra militar real, tem levado o curso a estudar a extensão da oferta deste módulo formativo. O planejamento é oferecer o curso de extensão para profissionais do Sistema de Engenharia do Exército de todo o Brasil por meio tanto de aulas síncronas com suporte online via plataformas como Zoom e GoogleMeet como de utilização de um Ambiente Virtual de Aprendizagem e de Ambiente Comum de Dados ainda a ser definido.

Para se viabilizar este planejamento, têm se buscado ainda parcerias com software houses para disponibilização de outras ferramentas computacionais que possibilitem a aplicação de outros usos do modelo, como a verificação de códigos e de modelagem das condições existentes e de um Ambiente Comum de Dados que possibilite o treinamento de fluxos de trabalho colaborativo mais complexos e mais de acordo com normas internacionais como a ISO 19650.