Análise da Percepção de Aprendizagem do Ensino de BIM

Um relato de experiência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3482

Palavras-chave:

Ensino de BIM, Percepção de aprendizagem, Avaliação

Resumo

A disciplina BIM Ferramentas é uma eletiva oferecida pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) destinada aos alunos pertencentes ao último período do curso de Engenharia Civil. O perfil deste aluno abrange um conhecimento prévio quanto a relevância dos processos de modelagem e alguns, no campo profissional, já atuam no mercado de trabalho com o BIM. O objetivo da eletiva é apresentar os conceitos fundamentais e usos do BIM em diferentes disciplinas de projetos, abordando as etapas construtivas de uma edificação, desenvolvendo habilidades e competências para o trabalho em equipes multidisciplinares. Durante o curso, foram utilizadas as ferramentas da Autodesk®, o REVIT® e o NAVISWORKS®. As aulas foram ministradas de forma online e síncronas, aplicando a metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) para facilitar o aprendizado. O objetivo deste relato de experiência é apresentar a percepção dos alunos quanto a aprendizagem em BIM, compartilhar lições aprendidas e destacar as contribuições que essa experiência poderá trazer para futuras ações pedagógicas.

As aulas foram desenvolvidas no primeiro semestre de 2023 e organizadas em três momentos consecutivos e complementares. O primeiro momento teve como foco a contextualização dos conceitos e usos do BIM, destacando a importância do planejamento e da execução do BIM Execution Plan (BEP). No segundo momento, revisaram-se as ferramentas para a modelagem do edifício até a construção do modelo federado. No terceiro momento, foram abordados temas como detecção de interferências no modelo e o uso do BIM para o planejamento de obras. Para avaliar a percepção sobre o nível de aprendizado e a relevância do BIM, foi aplicado um questionário aos alunos que cursaram a disciplina. Dos 13 alunos matriculados, 9 participaram das aulas online e realizaram as entregas planejadas. O questionário foi categorizado em 2 grupos de questões, sendo o primeiro para avaliar a percepção dos alunos quanto ao conceito de BIM, como sendo um conjunto de políticas, processos e tecnologia que interagem trazendo uma nova mudança de paradigma na gestão de processos na Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) conforme Succar (2009) e o segundo grupo, analisa o conhecimento dos usos do BIM e uma autoavaliação em relação ao próprio aprendizado. As questões foram avaliadas usando a escala Likert de cinco níveis de percepção, onde o nível mais baixo (1) representou discordância total e o nível mais alto (5) representou concordância total. As perguntas avaliaram, a percepção dos alunos sobre o conhecimento dos usos do BIM, sua relevância, bem como em relação ao método de ensino-aprendizagem, nível de dificuldade de aprendizado e meios que facilitaram a compreensão. Em relação à tecnologia aplicada, as questões analisaram o acesso à tecnologia para o aprendizado. Quanto aos processos, as questões avaliaram a compreensão dos alunos sobre os processos necessários para o aprendizado. No que diz respeito às políticas (pessoas), as questões analisaram a compreensão dos alunos sobre a relação com os professores, a colaboração com os colegas e o trabalho em equipe, e como isso contribuiu para o aprendizado. Por fim, as últimas questões buscaram entender o efetivo aprendizado dos alunos por meio de sua autoavaliação.

Durante as aulas, percebeu-se a necessidade de realizar reuniões presenciais, pois os desafios enfrentados não estavam relacionados apenas aos conceitos teóricos, mas ao acesso à tecnologia e à colaboração entre os alunos. Neste semestre, foram realizados dois encontros presenciais, um com a aplicação prática das ferramentas para a construção do modelo, e outro para a realização das análises com o modelo federado. Essas práticas resultaram em trabalhos de análise e relatórios, buscando compreender a comunicação nas etapas do projeto, a importância da compatibilização e o estudo no planejamento da construção. Ao final do semestre foi aplicado o questionário e o resultado desta pesquisa descreve as percepções dos alunos sobre as tecnologias, processos e políticas envolvidas no trabalho com o BIM e seus usos, verificou-se que a maioria dos respondentes considerou que seu aprendizado se deu por meio do acesso à tecnologia, fornecido pela instituição de ensino, bem como pelo acesso irrestrito a ela. Um segundo ponto relevante destacado pelos respondentes foi o aspecto político (pessoas), que contribuiu para o aprendizado em BIM. As questões relacionadas à política envolveram a prática em projetos reais, a experiência dos tutores ou professores e o trabalho colaborativo. Quanto aos processos, dois aspectos do aprendizado foram apontados pela percepção dos alunos que devem ser observados com mais atenção: a necessidade de tornar os processos em BIM mais claros no ensino das disciplinas e a intensificação da integração interdisciplinar. Ao analisar a compreensão dos usos do BIM pelos alunos em relação à sua autoavaliação no final das aulas da eletiva, observou-se que, apesar de apresentarem um conhecimento acima da média, avaliaram-se abaixo da média em alguns aspectos. A autoavaliação abordou pontos como a dedicação às práticas, o aprendizado por meio de pesquisas fora do ambiente escolar e o interesse por processos de projeto nos quais o BIM está presente. Neste contexto, o aspecto mais positivo avaliado foi a aprendizagem colaborativa, onde a interação com colegas e profissionais da área, por meio de pesquisas fora do ambiente escolar, foi mais significativa. Por meio deste relato foi possível identificar algumas lições aprendidas que poderão beneficiar futuras práticas, aumentando as percepções positivas dos alunos e introduzindo novas abordagens para promover um melhor aprendizado. Entre essas lições, destaca-se a importância de exemplos práticos para aumentar a percepção sobre o uso do BIM e as interfaces entre disciplinas. Além disso, o aspecto político do BIM, envolvendo pessoas, deve ser abordado de forma mais atuante, incentivando o trabalho colaborativo, interações interdisciplinares e outras ações práticas no processo de projetos realizados por pessoas, o que tende a contribuir para um aprendizado mais eficiente.

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Biografia do Autor

Aparecida Tomioka, Instituto Mauá de Tecnologia

Doutoranda em Engenharia pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Guaratinguetá - SP, Brasil).

Referências

SUCCAR, B. Builing information modelling framework: A research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction. v. 18, 357-375, out. 2009.

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Publicado

02/11/2023

Como Citar

TOMIOKA, A. Análise da Percepção de Aprendizagem do Ensino de BIM: Um relato de experiência . In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 5., 2023. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2023. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v5i00.3482. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/3482. Acesso em: 6 maio. 2024.

Edição

Seção

Experiência de ensino-aprendizagem BIM realizadas

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