Colaboração OPEN BIM: capacitação de profissionais para trocas de modelos
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v3i00.316Palavras-chave:
OPEN BIM, BIM, ColaboraçãoResumo
O desenvolvimento de um empreendimento envolve inúmeros profissionais que necessitam tomar decisões relacionadas a concepção, a custos, prazos e execução. A organização do processo de projeto é fundamental para que as trocas de informações ocorram de forma eficiente e as tomadas de decisões aconteçam no momento certo. Diante disso, que segundo MELHADO (2001), a qualidade do empreendimento esteja inteiramente ligada à qualidade do projeto.
A indústria AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) vem procurando meios para as melhorias dos processos para a consolidação do empreendimento. Como substituição de um processo sequencial, onde uma etapa de projeto só é iniciada ao finalizar todos os projetos da etapa anterior, apresenta-se a engenharia simultânea onde o desenvolvimento dos projetos ocorre de forma simultânea, resultando na redução de custos e prazos. (CARVALHO et. al., 2010)
A digitalização da indústria também tem o papel importante na melhoria no desenvolvimento do empreendimento, onde BIM toma a vanguarda das discussões por se tratar não somente de tecnologia, mas também de processos e políticas para a concepção, planejamento, execução, operação e manutenção do edifício. (CBIC, 2016). Dentre as perspectivas de melhoria ao adotar BIM podemos apontar não somente os recursos para a comunicação entre as partes envolvidas, mas também a possibilidade da execução do trabalho de forma colaborativa através das trocas de informações de projeto através de modelos.
Segundo Succar (2010) para que as empresas e equipes de projetos possam realizar a colaboração baseada em modelo, estas precisam estar em um segundo estágio de capacidade em BIM, onde a consolidação do primeiro estágio somente acontece após o domínio na modelagem baseada em objetos desenvolvidos por ferramentas como Archicad e Revit.
Para que o fluxo de informação transcorra de forma clara e objetiva, atendendo as necessidades nas tomadas de decisões, é necessário que os softwares utilizados ao longo do processo de desenvolvimento do empreendimento, possuam a capacidade tanto de armazenar as informações em forma de dados, como também de classificá-las corretamente para que assim estas possam ser tratadas, processadas e disseminadas, fazendo com que a informação chegue a quem dela precisa no momento certo. (SANTOS, 2018).
A buildingSMART, órgão mundial da indústria que conduz a transformação digital da indústria AEC, vem desenvolvendo um conjunto de normas e padrões para que interoperabilidade entre os diversos agentes envolvidos no processo de desenvolvimento do edifício aconteça de forma eficiente. Dentre os padrões podemos destacar o IDM (Information Delivey Manual) que trata sobre os processos, O IFC (International Framework for Dictionaries) sobre o mapeamento de termos, o MVD (Model View Definitions) que traduz processos em requisitos técnicos, o BCF (BIM Collaboration Format / Formato de colaboração BIM) que trata da coordenação de mudanças e por fim o IFC (Industry Foundation Class) que é responsável pelo transporte das informações através de dados
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a experiência desenvolvida em dois Treinamentos de Colaboração OPEN BIM (TCOB) realizado pela Graphisoft Brasil e ministrado pelo autor nos meses de novembro de 2020 e março de 2021 para 44 profissionais de arquitetura e engenharia. O TCOB foi desenvolvido pela Graphisoft através do Programa Educacional da própria empresa (Graphisoft Learn) com o objetivo de capacitar profissionais envolvidos nos processos de projeto nas boas práticas para a colaboração através de modelos de informação. Além das questões relacionadas a ferramenta Archicad no processo de interoperabilidade, este treinamento aborda também assuntos pertencentes a organização dos processos, da importância das políticas através do desenvolvimento dos protocolos para uma troca da informação eficiente.
O Treinamento de Colaboração OPEN BIM possui 12h e é dividido em 4 partes. A primeira parte trata dos conceitos fundamentais sobre OPEN BIM. Apresenta um fluxo de trabalho OPEN BIM simplificado e aborda a importância dos protocolos para a interoperabilidade desenvolvidos pela buildingSMART e apresenta de forma básica IFD (International Framework for Dicionaries), IDM (Informationa Delivery Manual), MVD (Model View Definition) e IFC (Industry Foundation Class).
A segunda parte aborda as questões relacionadas ao preparo do modelo para a colaboração e a importância do sistema de classificação para a troca de informações através de modelos. Já a terceira parte mostra como regular um tradutor IFC para a exportação do projeto. Por fim, a última parte trata do processo de importação e as boas práticas para uma efetiva federação dos modelos. Mostra como fazer o controle de versões de modelo IFC para uma integração de projetos com qualidade.
Segundo avaliação realizada pelos alunos após a conclusão do TCOB, o programa proposto foi adequado em relação às necessidades e expectativas, assim como o material de apoio para o desenvolvimento do conhecimento foi relevante. 77% dos alunos consideram que a duração do curso foi adequada. Dentre os pontos positivos apontados destacam-se os fundamentos sobre BIM e o esclarecimento de conhecer as aplicações do IFC e como o configurar adequadamente. Dentre os pontos negativos, os alunos apontaram a necessidade de mais tempo para colocar em prática diversas possibilidades de configuração dos tradutores IFC. Ao longo das aulas, muito se discutiu sobre os acordos entre os projetistas para uma interoperabilidade eficiente, evidenciando a importância dos protocolos de troca de informações através de modelos levantadas na primeira parte da aula.
Apresentação no YouTube: https://youtu.be/Q3uT_uCBTZs
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Referências
CARVALHO, C. E. B.; OKUMURA, M. L. M.; JUNIOR, O. C.. A engenharia simultânea aplicada ao processo de desenvolvimento de produtos especiais. In: Encontro nacional de engenharia de produção Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
CBIC, Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Fundamentos BIM - Parte 1: Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras, Coletânea Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras v.1) Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Brasília: CBIC, 2016. 124p.:il
MELHADO, Silvio Burrattino. Gestão, Cooperação E Integração Para Um Novo Modelo Voltado À Qualidade Do Processo De Projeto Na Construção De Edifícios. São Paulo, 2001. 235p. Tese (Livre-Docência) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.
SANTOS, Eduardo Ribeiro dos. Adoção da Plataforma BIM no Processo de Aprovação de Projetos de Edificações: Desafios e Possibilidades. Rio de Janeiro, 2018. 127 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Arquitetura, 2018
SUCCAR, Bilal. The Five Components of BIM Performance Measurement. In: CIB World Congress. 2010.
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