Diagnóstico da permeabilidade do BIM na matriz curricular da Engenharia Civil UFRJ MACAÉ

Authors

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1916

Keywords:

Matriz curricular, BIM, Engenharia Civil, UFRJ Macaé

Abstract

O BIM exige a atualização dos profissionais da construção civil, por meio de ferramentas que auxiliem no processo de modelagem, análise, simulação e cooperação em um trabalho multidisciplinar. Diante dessa necessidade, o Governo Federal criou a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM em 2017 com o intuito de estabelecer as métricas necessárias para atingir os objetivos. Essa iniciativa incluiu as universidades, consideradas como pontos de partida para a difusão de tal conhecimento. A rede de células BIM toma norteamento nas diretrizes do governo com o intuito de disseminar o conceito entre os cursos de Arquitetura, Engenharia Civil e afins. O presente trabalho faz parte da rede de células BIM e tem como objetivo a realização do diagnóstico da matriz curricular do curso de graduação em Engenharia Civil da UFRJ campus Macaé. Adotou-se o método de Checcucci (2014), que consiste na análise das ementas das disciplinas, mapeamento e categorização dos componentes curriculares, a fim de evidenciar as interfaces com o BIM. Os resultados são expostos em caixas individuais em cores e tons para cada núcleo de conteúdo e o item da categoria. Para tornar a análise efetiva e organizada, utilizam-se oito categorias BIM que podem ser abordadas ou não na disciplina (figura 1). A partir de cada ementa, é possível identificar a relação com o BIM, observando se há alguma interface, se depende do foco dado pelo professor ou se a interface é clara. Após a análise, a grade curricular é remodelada com gradações de cores, sendo possível fazer algumas constatações e observações acerca de lacunas identificadas e processos de ensino que podem ser alterados ou melhorados.

A graduação em Engenharia Civil da UFRJ Macaé possui 10 períodos divididos em: Ciclo Básico, composto por disciplinas fundamentais na formação inicial do Engenheiro, com oito eixos temáticos que totalizam 1470 horas; e Ciclo Profissional, composto por disciplinas e atividades complementares, totalizando 2055 horas (UFRJ-Macaé, 2017) (figura 2). A grade foi inicialmente reformulada e representada no programa Microsoft Excel utilizando a matriz disponibilizada pelo método. Foi adotado o quadro da figura 1 para cada componente curricular (disciplinas e atividades), o qual é subdividido em oito categorias nomeadas com as letras A até H. Em seguida, para cada quadro adotaram-se as cores representadas na figura 3 de acordo com o núcleo ao qual pertence. Essas cores têm três variações de tons de acordo com a interface com os conceitos do BIM. Nesta etapa da aplicação do método, foi adotada apenas a categoria A, que considera a interface do BIM com o componente curricular, este analisado de forma geral: sem interface, possível interface ou clara interface, de acordo com o conteúdo de cada ementa. Dessa forma, o quadro do componente foi pintado por completo na respectiva cor, seguindo a paleta da figura 3. O resultado foi a matriz da figura 4. Após a análise da grade curricular, foram realizadas manipulações com a intenção de identificar as principais disciplinas que têm interação com o BIM. Inicialmente, foram retirados todos os componentes curriculares que não possuem interface com o paradigma BIM, permanecendo somente aqueles que têm possível interface ou interface clara (figura 6). Para obter uma representação mais limpa, os números e as linhas que delimitam as caixas foram ocultadas, permanecendo apenas com a gradação de cores. A matriz da figura 5 mostra o resultado desse detalhamento analítico, evidenciando a filtragem mais apurada da grade curricular. Em seguida, foram mantidas somente as disciplinas nas quais se encontrou uma interface clara com o paradigma BIM, resultando na matriz da figura 7, que aprofunda ainda mais o detalhamento analítico. Com as análises efetuadas e as grades pintadas, foi possível gerar o Quadro da figura 8, que mostra quantitativamente em colunas, as disciplinas em que o paradigma pode ser trabalhado: a primeira mostra a matriz original do curso; a segunda, quais as disciplinas que têm possível interface com o BIM; e a terceira, que mostra somente as disciplinas que possuem interface clara com o paradigma BIM.

Constatou-se que é possível trabalhar todas as etapas do BIM nas disciplinas já existentes na grade, começando com a inserção de forma clara em três disciplinas do primeiro período do Ciclo Básico. Mais da metade das disciplinas que compõem o Núcleo de Conteúdos Profissionalizantes podem permear os conceitos, etapas e projetos BIM. Todas as disciplinas do Eixo Sistemas Estruturais possuem ao menos uma interface com o BIM com potencial para todos os conceitos e etapas. Assim como o Eixo Sistemas de Construção Civil possui a maior quantidade de disciplinas e carga horária com interface clara com BIM. Os processos iniciais de modelagem devem ser introduzidos na disciplina “Desenho Técnico Aplicado à Engenharia Civil”, pois é a cadeira que ambienta os alunos na área de expressão gráfica e projetos técnicos. 23% (780 horas) da CH total de disciplinas obrigatórias (3390 horas) têm interface clara com BIM e 30,6% (630 horas) dos Ciclos Profissionalizante e Específico (2055 horas). A fim de gerar melhores resultados para definir a forma que o BIM deve ser abordado na grade curricular de Engenharia Civil da UFRJ Macaé, devem ser realizados estudos direcionados aos professores de cada Eixo Temático, entendendo suas demandas, dificuldades e possíveis oportunidades ao adotar o BIM. Trabalhos acadêmicos com enfoque no BIM também podem ser realizados por alunos, a fim de salientar a importância de sua adoção e fomentar incentivos públicos e privados em novos laboratórios de informática e infraestrutura. É importante comentar que um currículo balizado somente em ferramentas BIM tende a se tornar ultrapassado devido ao rápido avanço tecnológico. Porém, seus conceitos e, principalmente, a visão sistêmica de todos os processos e relações que podem acontecer dentro de uma construção, propiciam a formação de profissionais capazes de formular soluções de maneira mais rápida e eficaz. Desta forma, é possível concluir que a adoção do BIM, mesmo que de forma superficial, é fundamental na formação do Engenheiro Civil formado na UFRJ Macaé.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Leandro Tomaz Knopp , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrado profissional em Engenharia Urbana PELA Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor Assistente na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus Macaé (Macaé- RJ, Brasil).

Esdras Pereira de Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorado em Engenharia Civil / Estruturas pela Universidade Federal Fluminense. Professor Adjunto I na Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé (Macaé - RJ, Brasil)

References

BRASIL. Decreto nº 9.983, de 22 de agosto de 2019. Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling. Brasília: Diário Oficial da União, 22 ago. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9983.htm. Acesso em: 01 jun. 2022.

CHECCUCCI, E de S. ENSINO-APRENDIZAGEM DE BIM NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E O PAPEL DA EXPRESSÃO GRÁFICA NESTE CONTEXTO. Salvador, 2014. 235 f. Tese (Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento) – Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

CHECCUCCI, E. de S.; AMORIM, A. L. de. Método para análise de componentes curriculares: identificando interfaces entre um curso de graduação e BIM. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, v. 5, n. 1, p. 6-17, jan./jun. 2014.

EASTMAN, C., TEICHOLZ, P., SACKS, R., LISTON, K. Manual de Bim: Uma Guia de Modelagem da Informação da Construção para Arquitetos, Engenheiros, Construtores e Incorporadores. 1ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.

FERREIRA, P. G. BIM NO ENSINO: AVALIAÇÃO DA GRADE CURRICULAR DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UFRJ MACAÉ SEGUNDO O PARADIGMA BIM. Macaé, 2020. 178 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil). Instituto Politécnico – Centro Multidisciplinar UFRJ Macaé, 2020.

RUSCHEL, R. C.; ANDRADE, M. L. V. X. de; MORAIS, M. de. O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? Ambiente Construído. Porto Alegre, 2013, n. 2, p. 151-165.

Published

2022-06-08

How to Cite

KNOPP , Leandro Tomaz; OLIVEIRA, Esdras Pereira de. Diagnóstico da permeabilidade do BIM na matriz curricular da Engenharia Civil UFRJ MACAÉ. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1916. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1916. Acesso em: 25 nov. 2024.

Issue

Section

Planejamento de inserção de BIM na educação

Similar Articles

<< < 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 > >> 

You may also start an advanced similarity search for this article.