BIM para Gestão das Construções
experiência de ensino-aprendizagem na pós-graduação em Engenharia Civil da UFBA
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1894Palabras clave:
Building Information Modeling, Modelagem da Informação da Construção, Ensino de BIM, Disciplina teórico-prática, Competências BIM individuaisResumen
Este resumo relata a experiência de ensino e aprendizagem na disciplina optativa ‘Tecnologias avançadas para Gestão das Construções’ do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal da Bahia ofertada no primeiro semestre de 2022. A disciplina, de 51 horas-aula, é dividida em três módulos: BIM para Gestão das Construções, Fundamentos da Construção 4.0 e Tecnologias da Construção 4.0. Este relato contempla a experiência do primeiro módulo de 20 horas dedicado ao desenvolvimento e/ou aprimoramento de conhecimento conceitual de BIM, competências BIM individuais técnicas e funcionais (SUCCAR; SHER; WILLIAMS, 2013). Este módulo contempla os seguintes conteúdos: Fundamentos BIM, Plano de Execução BIM (PEB), Modelagem 3D, BIM para orçamento de obras, BIM para planejamento de obras e Sinergia BIM & Lean Construction. As metodologias de ensino e aprendizagem adotadas neste módulo são: sala de aula invertida (leitura prévia de referências indicadas semanalmente, produção de resumos e discussão em sala de aula) e Team-based Learning ou Aprendizagem baseada em times (MICHAELSEN; SWEET, 2011).
A disciplina contou com a participação de seis discentes. No início do semestre o docente aplicou um questionário de diagnóstico da turma no qual os discentes indicaram o nível atual de suas competências técnicas (habilidades individuais necessárias para gerar entregáveis entre disciplinas e especialidades) e funcionais (habilidades não técnicas necessárias para iniciar, gerenciar e entregar projetos) em BIM. Relativo às competências técnicas, dois discentes indicaram não possuir nenhuma, dois indicaram ter nível básico (compreensão dos fundamentos e aplicação prática inicial) e dois indicaram nível intermediário (sólida compreensão conceitual e alguma aplicação prática). Em relação às competências funcionais, um discente indicou não ter qualquer competência, três indicaram nível básico e dois nível intermediário. O trabalho prático consiste no desenvolvimento colaborativo de um condomínio horizontal no nível de estudo preliminar em BIM. Os entregáveis foram o PEB do empreendimento, modelo BIM (em formato .rvt e .ifc) do empreendimento, orçamento e simulação 4D do empreendimento. A partir dessa atividade, tem-se que o uso do BIM na categoria I (geral) (BIM EXCELLENCE, 2017) contemplado nessa experiência didática foi a modelagem de arquitetura. Relativo aos usos na categoria II (domínios específicos) (BIM EXCELLENCE, 2017), os usos contemplados foram projeto autoral, estimativa de custos e planejamento da construção. Os discentes integraram um único time para desenvolvimento do trabalho prático. A condução do trabalho se deu em paralelo as demais aulas do primeiro módulo. Com o edital em mãos, o time se organizou para definição das funções a serem desempenhadas por cada um, sendo definida a BIM Manager e os integrantes das equipes de modelagem, orçamento e planejamento. Dado o número reduzido de integrantes, alguns deles desempenharam mais de uma função. O desenvolvimento do trabalho se deu a partir do uso de licenças educacionais dos seguintes softwares: Plannerly para planejamento, gestão e conformidade BIM com a ISO 19650, Autodesk Revit® 2022 para modelagem de arquitetura e extração de quantitativos do modelo, OrçaFascio para elaboração do orçamento e Agilean para construção da linha de balanço (planejamento da obra). O desenvolvimento do modelo BIM se deu a partir de capacitação por meio de vídeo tutoriais do Autodesk Revit® e tutoria presencial e remota de um estudante de graduação em Arquitetura e Urbanismo e um estudante de graduação em Engenharia Civil. Estes estudantes são membros do projeto de extensão “Laboratório de Práticas em BIM da UFBA” (SILVA et al., 2019) e esclareceram dúvidas relativas à modelagem 3D. A etapa de planejamento contou com vídeo tutoriais do Agilean e uma apresentação da gerente de sucesso de cliente da Aval Engenharia para introdução às funcionalidades do Agilean. Para a realização do orçamento, não foi necessário apoio externo, uma vez que um dos discentes já possuía conhecimento prévio do OrçaFascio. Durante a realização do trabalho, houve dois encontros de progresso com o docente para esclarecimentos de dúvidas e feedback de resultados parciais. Houve também um encontro para apresentação parcial do trabalho no qual o docente fez sugestões para refinamento dos entregáveis e da apresentação final. O trabalho foi desenvolvido ao longo de oito semanas. A apresentação final, em formato de vídeo de dez minutos, contou com uma banca formada pelo docente responsável da disciplina, dois docentes do curso de Engenharia Civil e uma docente do curso de Arquitetura e Urbanismo. O vídeo ilustrou os entregáveis do projeto e as lições aprendidas em todo o processo.
Ao término da disciplina, o docente aplicou um questionário online para identificar a percepção dos discentes sobre o nível de confiança nas competências BIM individuais exploradas no trabalho prático. No questionário foi utilizada a escala de Likert de sete pontos (JOSHI et al., 2015), em que ‘1’ indica que o discente se considera muito inseguro para performar essa competência, enquanto '7' indica que o discente está muito confiante na aplicação. Dentre as quinze competências analisadas, os discentes se sentiram mais confiantes nas seguintes competências: "Desenvolver/utilizar um registro de habilidades, um diário de treinamento ou similar para acompanhar e registrar habilidades existentes e recém adquiridas" (valor médio igual a ‘6’), “Gerar ou customizar um PEB de acordo com exigências específicas de um projeto BIM colaborativo” (‘5,8’) e “Usar um PEB ou similar para facilitar o processo de colaboração do projeto (‘5,8’)”. Entre as competências que os discentes consideraram ter menor confiança foram: “Usar extensões de softwares (plug-ins) dentro da ferramenta BIM principal” (‘2,6’), “Usar um ou mais software BIM em projetos de uma disciplina (arquitetura, estrutura, etc.)” (‘3,2’) e “Preparar um modelo BIM que possa ser ligado ou vinculado a um cronograma de construção” (‘3,2’). A partir da experiência, percebe-se que a oferta de disciplina teórico-prática sobre BIM na pós-graduação stricto sensu permite a aquisição de conhecimento teórico a partir de leitura e discussões em sala de aula de artigos científicos e potencializa o desenvolvimento de competências BIM individuais atualmente demandadas pela indústria.
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Citas
BIM EXCELLENCE. Model Uses Table. Disponível em: https://bimexcellence.org/files/211in-Model-Uses-Table.pdf . Acesso em: 10 ago. 2022.
JOSHI, A.; KALE, S.; CHANDEL, S. PAL, D.K. Likert Scale: explored and explained. British Journal of Applied Science & Technology, v. 7, n. 4, p. 396-403, 2015. DOI: https://doi.org/10.9734/BJAST/2015/14975
MICHAELSEN, L.K.; SWEET, M. Team-based learning. New Directions for Teaching and Learning, v.128, p. 41-51, 2011 DOI: https://doi.org/10.1002/tl.467
SILVA, Y. D. T. da .; GOMES, C. A. S. .; SILVA, . L. da C. .; MELO, R. S. S. de . Project-led Education no ensino de BIM. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 2., 2019. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2019. p. 1–1. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/251 . Acesso em: 17 ago. 2022.
SUCCAR, B; SHER, W.; WILLIAMS, A. An integrated approach to BIM competency assessment and application.Automation in Construction, v. 35, p. 174-189, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.autcon.2013.05.016
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