O BIM como disciplina obrigatória no curso de Engenharia Civil no IFMG-GV
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1907Palabras clave:
Disciplina BIM, Engenharia Civil, Matriz Curricular, Construção CivilResumen
Com o crescente interesse da indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) pela utilização da Modelagem da Informação da Construção (BIM), também aumenta a procura por profissionais capacitados e que apresentem domínio no uso dessa metodologia. Porém, a falta de profissionais qualificados e o desconhecimento dos benefícios do BIM acabam gerando dificuldades para sua implementação e aplicação (LINO; AZENHA; LOURENÇO, 2012; GODOY; CARDOSO; BORGES, 2013). Com isso, para suprir a alta demanda das empresas, estúdios de arquitetura e engenharia quanto ao uso da metodologia BIM é muito importante que se inclua nos currículos de formação técnica e profissionalizante, principalmente na área de AEC, conteúdos de BIM, com o intuito de capacitar os futuros profissionais, a fim de que novas habilidades e conhecimentos sejam disseminados (CRUZ; CUPERSCHMID; RUSCHEL, 2017). No entanto, a inserção das competências e dos conhecimentos necessários ocorre de maneira lenta, sendo imprescindível o incentivo às universidades para a adoção de BIM durante o ensino da graduação (CLEVENGER et al., 2010; BARISON; SANTOS, 2010). Segundo Sabongi (2009), Sacks e Pikas (2013) e Checcucci (2014), a introdução de BIM nas universidades ocorre lentamente devido a alguns desafios, como: novos métodos de ensino; falta de materiais, livros e outras fontes específicas; docentes despreparados; custo das plataformas; multidisciplinaridade requerida; criação de componentes curriculares; e carência de normas/requisitos para a implementação no currículo. Mesmo diante dos percalços apontados para inserção do BIM, é preciso que as Instituições de Ensino Superior (IES) que ofertam cursos na área da AEC abordem em suas matrizes curriculares, novos processos construtivos e novas metodologias que visam melhorar a eficácia da construção civil, sendo imprescindível que os Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) estejam em consonância com as inovações tecnológicas e com o mercado de trabalho. Para Checcucci (2014) ter disciplinas integradas é a forma mais adequada de abordar BIM na graduação, pois permite uma formação mais abrangente e em um processo contínuo durante todo o curso. Além disso, considera-se que o aprendizado imersivo sobre modelos tridimensionais (3D) pode ser uma maneira valiosa para aprimorar a capacidade dos alunos de reconhecer uma variedade de princípios de construção.
O PPC consiste em um documento orientador que traduz as políticas acadêmicas institucionais com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Entre outros elementos, é composto pelos conhecimentos e saberes necessários à formação das competências estabelecidas; estrutura e conteúdo curricular; ementário; bibliografia básica e complementar; estratégias de ensino; docentes; recursos materiais; laboratórios e infraestrutura de apoio ao pleno funcionamento do curso. É de suma importância que o PPC esteja sempre atualizado, bem como sua matriz curricular, a qual é elaborada de acordo com os objetivos que se pretende alcançar no curso, e está vinculada com o perfil de formação profissional. Ademais, a exemplo dos Engenheiros, suas atribuições profissionais são obtidas através da análise da matriz curricular cursada. O curso de Engenharia Civil do Instituto Federal de Minas Gerais, campus Governador Valadares (IFMG-GV) foi criado no ano de 2018, e tem como compromisso formar engenheiros civis numa perspectiva humanística ampla, com uma sólida base científico-tecnológica que os credencia a enfrentar os desafios demandados pela contemporaneidade, numa perspectiva crítica e reflexiva, e ainda, que seus egressos estejam à frente de seu tempo, preparados para realizar todas as habilitações legais normatizadas pelo sistema CONFEA/CREA. Neste sentido, diante do desenvolvimento tecnológico e importância do BIM na indústria da construção, o curso de Engenharia Civil do IFMG-GV inseriu como disciplina obrigatória a “Modelagem da Informação da Construção” em sua matriz curricular, com carga horária de 40 horas-aula, no 8º período do referido curso. Os conteúdos referentes a ementa da disciplina são: Fundamentos de BIM; Modelagem paramétrica; Interoperabilidade; Padrões existentes para troca de informação entre disciplinas de projeto; Industry Foundation Classes (IFC); Revisões dos principais programas computacionais de BIM; Estudos de caso de aplicação de BIM na AEC. Espera-se que os estudantes adquiram conhecimentos necessários para aplicar a tecnologia BIM em projetos e obras de Engenharia Civil e desenvolver a parametrização de informações, assim como aplicar conceitos de técnicas construtivas na modelagem da informação.
Por fim, ressalta-se que, embora seja uma metodologia emergente e muito importante para os profissionais da indústria AEC, um estudo realizado por Brito e Ferreira (2015) com estes profissionais para avaliar o grau de aplicabilidade, importância, além de estratégias na representação, análise do planejamento e controle de obras utilizando a metodologia BIM, os resultados informam que 43,9% dos participantes ou não conheciam o BIM ou nunca haviam o utilizado. Ainda, entre os que haviam utilizado, 15,2% utilizaram pouco, 21,2% utilizaram medianamente e somente 19,7% haviam utilizado muito. Todavia, acredita-se que este cenário tende a mudar, uma vez que o Governo Federal lançou em 17 de maio de 2017 o decreto nº 9.377/18 que exige o uso do BIM a partir de 2021, quando da execução de projetos de obras públicas. Essa medida faz parte da Estratégia Nacional de Disseminação do BIM no Brasil (DA COSTA; MELLO; RAMOS, 2020).
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Citas
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