A incorporação da modelagem da informação da construção como processo construtivo e colaborativo na matriz curricular do curso de arquitetura e urbanismo
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3463Palavras-chave:
BIM, ensino, competências, matriz curricularResumo
No cenário atual, o campo da arquitetura e urbanismo está sendo desafiado a se adaptar às demandas em constante evolução impulsionadas pelas novas tecnologias e inovações exigidas pelo mercado contemporâneo. Esta crescente necessidade por formação especializada destaca a importância de uma abordagem educacional que esteja alinhada com essas transformações, a fim de preparar os profissionais para os diversos níveis de especialização exigidas pelo setor. Nesse contexto, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, no ano de 2021, propôs uma nova matriz curricular baseada por competências. Com o propósito de capacitar os profissionais de arquitetura e urbanismo a reconhecerem oportunidades em diversos cenários, a reformulação curricular teve como objetivo principal a aplicação de processos de projeto tecnologicamente avançados. Esses processos são fortemente impulsionados pelo uso de tecnologias, enquanto pautam a prática profissional no compromisso socioambiental. Isso resulta em uma abordagem que promove um posicionamento técnico e crítico, combinado a uma postura reflexiva e ética por parte dos novos profissionais. Além disso, a reformulação enfatiza o desenvolvimento de competências socioemocionais, autogestão e habilidades interpessoais. Para validar essa nova matriz curricular, foi adotada uma abordagem inovadora que incorpora a Modelagem da Informação da Construção como um processo construtivo e colaborativo de projeto. Essa abordagem reconfigura a maneira tradicional de ensinar e aprender arquitetura e urbanismo, sendo essencial para a modernização do aprendizado. Com a adoção dessa tecnologia, as etapas tradicionais de desenho técnico manual foram superadas, permitindo que o tempo no processo de projeto seja direcionado para a busca da interdisciplinaridade, colaboração e gestão de equipes. Esse novo enfoque proporciona uma abordagem mais integrada e eficiente, transformando a maneira como a arquitetura e o urbanismo são praticados e ensinados.
Como mencionado, a metodologia BIM (Building Information Modeling) ou Modelagem da Informação da Construção desempenha um papel fundamental nesta transformação. Ela proporciona uma série de vantagens que reforçam as competências alinhadas com as diretrizes curriculares gerais dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo, bem como com as competências BIM pautadas por Succar. Estas competências são essenciais para que os futuros profissionais aprimorem a tomada de decisões, baseando-se em dados sólidos e promovendo o trabalho em equipe interdisciplinar. Destaca-se o uso de aproximadamente 28 competências BIM na composição desta nova matriz. Questões como: Liderança, Fundamentos básicos, Colaboração, Gerenciamento de projetos, Gerenciamento de equipes e fluxo de trabalho, Modelagem geral, Planejamento, Simulação e quantificação, Construção e fabricação, Operação e manutenção, Documentação, Pesquisa e desenvolvimento geral, dentre outras, são estudadas nas disciplinas que abordam o BIM. Com isso, pode-se dizer que a matriz curricular abrange uma variedade de tópicos essenciais para a formação completa de um arquiteto e urbanista. Temas como arquitetura de interiores, arquitetura comercial, arquitetura de edificações, urbanismo, planejamento, paisagismo, estrutura, instalação elétrica, instalação hidrossanitária, conforto ambiental, patrimônio, expressão gráfica, gestão de pessoas, gestão de projetos, materiais construtivos, concreto, resistência dos materiais, dentre outros, estão presentes nas 52 disciplinas ofertadas. As disciplinas são ministradas por meio de abordagens teóricas, práticas e teórico-práticas, proporcionando aos alunos uma visão abrangente de todas as competências que podem ser trabalhadas em cada temática. Além disso, uma variedade de métodos de ensino-aprendizagem é empregada para enriquecer a experiência educacional, incluindo Aprendizagem baseada em projetos, Aprendizagem baseada em problemas, Aprendizagem baseada em equipes, Gamificação, Estudos de casos, Experiências em laboratórios, Práticas de campo, Design thinking e Sala de aula invertida. Um aspecto diferencial do novo currículo é a valorização da cultura maker, que se reflete em experiências práticas conduzidas em laboratórios como o Pronto 3D (Laboratório de Prototipagem e Novas Tecnologias Orientadas ao 3D), incluindo a fabricação digital no processo de ensino. O curso disponibiliza de dois laboratórios de informática equipados com hardware e softwares, que fornecem aos alunos as ferramentas necessárias para se envolverem plenamente com a metodologia BIM e suas aplicações práticas. Os principais softwares BIM utilizados incluem o Revit, Navisworks, TQS, Dynamo e OrçaFascio. O ensino de BIM acontece já na primeira fase, com a disciplina de Modelagem da Informação da Construção: Processo de Projeto. Nesta etapa, o processo de projeto é explorado por meio da modelagem da informação da construção, sendo apresentado as dimensões do BIM, como são categorizadas e inseridas no processo de projeto. No final desta disciplina, o acadêmico conseguirá diferenciar o processo de projeto tradicional do processo de projeto em BIM, irá modelar, interpretar e representar a informação dos elementos construtivos e avaliar o processo de projeto arquitetônico praticando a colaboração, incorporada à gestão de equipes, aplicando os princípios de modelagem paramétrica na simulação de projetos reais. Em cada fase semestral, as disciplinas que são ofertadas trabalham de forma colaborativa e interdisciplinar e no mínimo em uma delas o BIM é abordado e discutido. Sendo assim, o ensino do BIM é integrado ao ensino de arquitetura e urbanismo em cerca de 32 disciplinas, totalizando aproximadamente 2.600 horas de carga horária ao longo dos 5 anos de graduação. Até o momento, 78 alunos já cursaram as disciplinas da nova matriz, sendo que atualmente está sendo ofertado a 6ª fase.
O processo de projeto adotado pelo curso é caracterizado por uma abordagem colaborativa, onde a modelagem da informação é o alicerce tanto para projetos arquitetônicos quanto urbanos. Essa abordagem experimental, alinhada com as realidades da construção civil, fomenta a interdisciplinaridade e a colaboração, elevando o BIM de uma simples ferramenta a um método e processo central no desenvolvimento projetual. O foco não está apenas em concretizar projetos, mas em capacitar os alunos a modelar informações sobre os elementos construtivos, entender o ciclo de vida de edificações, analisar a sustentabilidade, coordenar diversas interfaces, simular o desenvolvimento de obras e trabalhar colaborativamente. Assim, o curso de Arquitetura e Urbanismo da UNOCHAPECÓ está moldando uma experiência acadêmica que espelha de perto a realidade profissional, preparando os futuros arquitetos e urbanistas para enfrentarem os desafios dinâmicos do campo de maneira abrangente e eficaz.
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Referências
Succar, B., Sher, W., & Williams, A. (2013). Uma abordagem integrada para aquisição, avaliação e aplicação de competências BIM. Automação na Construção, doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.autcon.2013.05.016
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