Residência técnica BIM
um estudo de caso do SENAI e empresas paranaenses
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1915Palabras clave:
Programa de residência, Building Information Modelling, BIM, Experiência de ensino, Capacitação técnicaResumen
A aplicação do Building Information Modelling (BIM) vem sendo impulsionada nacionalmente tanto pelo Decreto Nº 9.377, que determina a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, como pelo reconhecido potencial da metodologia como ferramenta para a melhoria de todo o ciclo de vida de um ativo. No entanto, o processo de adoção do BIM é desafiador pois demanda mudanças massivas em todas as esferas da organização. Os caminhos a serem seguidos dependem dos objetivos e procedimentos particulares de cada empresa. Isso reflete na necessidade da criação de uma estratégia assertiva alinhada aos planos de negócio e, para isso, é imprescindível a atuação de profissionais capacitados na metodologia BIM. Em contrapartida, acompanhando o mercado de trabalho e as pesquisas em relação ao ensino BIM, percebe-se que a formação na área ainda é sintética (BARISON, 2015; KASSEM e AMORIM, 2015; LEAL e SALGADO, 2019) e essa oferta ainda é bastante limitada. Diante dessa demanda latente, no ano de 2021 o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) por meio do Instituto SENAI de Tecnologia em Construção Civil desenvolveu o Programa de Residência em BIM. O programa é voltado tanto para construtoras, incorporadoras e escritórios de projetos (empresas patrocinadoras), quanto para profissionais graduados nas áreas de Arquitetura e Urbanismo ou Engenharia Civil (residentes). O propósito fundamental desse projeto é a difusão do BIM na indústria da construção civil e a capacitação de profissionais para liderar equipes, empresas e projetos, promovendo um ambiente adequado na adoção da ferramenta, acompanhando a implementação e o projeto em suas diferentes fases.
Nessa direção, a abordagem da experiência de ensino apresentada foi teórico-prática, com aplicação e desenvolvimento do conhecimento teórico adquirido pelos residentes nas empresas patrocinadoras, contando com a mentoria contínua dos consultores Senai. Os mentores são especialistas BIM, com experiência na implantação da metodologia em grandes empresas e organizações de âmbito nacional. A mentoria englobou aulas teóricas e agenda semanal para sanar dúvidas dos residentes e orientar acerca dos próximos passos a serem tomados nas atividades práticas. A metodologia do programa de residência BIM foi desenvolvida sob uma base teórica de grande referência, que são os documentos estruturados por Bilal Succar e pela Penn State University, além disso, foi estritamente alinhada às demandas de mercado, seguindo as diretrizes já desenvolvidas e aplicadas pela equipe técnica do Centro de Referência BIM do SENAI desde 2018. As atividades da residência foram divididas em três módulos sequenciais e optativos, contemplando capacitação teórica e atividades práticas em todos eles. Módulo I: capacitação dos residentes e empresas e definições norteadoras de todo o processo de implantação e implementação BIM. Nessa fase foram estabelecidas as metas das empresas sobre a residência, os usos esperados do BIM e os meios necessárias para alcançar esses objetivos. Tais informações foram compiladas em um roadmap com estratégias de curto, médio e longo prazo. Este módulo gerou como resultado relatório de maturidade, mapeamento de processos e toda a documentação BIM. Módulo II: corresponde à prova de conceito para a fase de projeto. Nesta etapa, os documentos e padrões desenvolvidos foram aplicados e testados em um projeto piloto escolhido pela empresa, visando calibrar o processo de implementação às demandas reais e específicas da empresa. Nesse período, as atuações práticas foram intensificadas e o projeto piloto passou por todas as etapas dentro do fluxo BIM estabelecido. A interação com projetistas externos e demais envolvidos no fluxo de projeto também foi aferida. A capacitação nos softwares e plataformas escolhidas pela empresa aconteceu nesse momento, podendo envolver, a depender da demanda da empresa, os usos BIM de modelagem, coordenação 3D, compatibilização, estimativa de custos e planejamento. Módulo III: referente à prova de conceito na fase de obra. São avaliados questões e usos BIM relacionados à execução do empreendimento objeto do projeto piloto e pode envolver, conforme demanda da empresa, usos BIM no planejamento, princípios básicos do Lean Construction e acompanhamento de obra em BIM. A duração da residência varia de 9 a 24 meses, a depender da complexidade do projeto piloto escolhido e de quantos módulos a empresa deseja incorporar no processo.
A modalidade de residência técnica é uma formação incomum dentro da área de AECO. A residência BIM propiciou uma capacitação, além de teórica, bastante prática em uma área inovadora com grande destaque profissional. As empresas, além de absorverem todo o processo de implementação BIM de maneira estruturada, personalizada e com suporte de especialistas SENAI, ao final do processo também têm disponível os profissionais residentes com qualificação totalmente alinhada as suas diretrizes e demandas específicas. Como trata-se de um projeto de capacitação atrelado à entrega de um produto (a implantação), não é possível afirmar que a modalidade de residência desenvolvida seja aderente a qualquer projeto, necessidade comercial ou perfil empresarial. A residência mostrou-se mais assertiva para empresas com um ritmo de absorção da metodologia menos acelerada, com duração de execução de projetos mais previsível e que buscam qualificar também sua equipe interna, uma vez que as capacitações exigem um tempo hábil e carga horária específica que não pode ser acelerada em função de mudanças muito significativas em prazos de entrega. Para empresas e projetos com prazos muito curtos ou com grandes variações de objetivo e prioridades, as consultorias de implantação convencionais podem mostrar-se uma solução mais aderente. O objetivo de capacitar profissionais mostrou-se atendido através das respostas de mercado. Os residentes BIM receberam propostas de trabalho de outros players antes mesmo do final da residência. O que corrobora com a grande demanda do mercado por profissionais com conhecimento na metodologia BIM, muito além da habilidade em modelagem 3D. Vale ressaltar que o afastamento de alguns residentes durante o processo não prejudicou as atividades, uma vez que, através das mentorias, novos residentes foram rapidamente inseridos no fluxo e foram capazes de dar sequência ao atendimento. Contudo, fica claro que a consolidação do Programa de Residência BIM do SENAI responde a uma demanda premente da indústria da construção civil no âmbito da melhoria permanente da oferta de mão de obra especializada, contribuindo assim, para a disseminação da metodologia BIM e impulsionamento do setor.
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Citas
BARISON, M. B. Introdução de Modelagem da Informação na Construção (BIM) no currículo: uma contribuição para a formação do projetista. São Paulo 2015. Dissertação de doutorado, USP. Disponível em: < https://teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-21032016- 101815/publico/TESE_Barison_Password_Removed.pdf >. Acesso em agosto de 2022.
LEAL, B. M. F.; SALGADO, M. S. Propostas de incorporação de BIM no curso de Arquitetura e Urbanismo. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 10, p. e019025, 25 jul. 2019. ISSN 1980-6809. DOI: http://dx.doi.org/10.20396/parc.v10i0.8653676
KASSEM, M.; AMORIM, S. R. L. BIM Building Information Modeling no Brasil e na União Europeia. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2015.
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