A iniciação científica como caminho para introdução do BIM na academia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1884

Palavras-chave:

BIM, BIM na Pesquisa, BIM e iniciação científica

Resumo

Diante da expansão do Building Information Modeling (BIM) no mercado de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), mediante eficiência já comprovada frente ao método tradicionalmente utilizado para a construção no Brasil, estratégias para a disseminação da filosofia BIM tem se tornado cada vez mais importante, especialmente nas instituições de ensino. Entre essas estratégias, a pesquisa surge com forte contribuição, podendo servir como estímulo e sensibilização da instituição (GIESTA et al, 2019).

Dentro desse contexto, o trabalho aqui descrito é resultado do desenvolvimento de um projeto de iniciação científica de nível superior (PIBIC) do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – Campus Recife, atrelado a um projeto de pesquisa em curso desde 2020 e foi desenvolvido por um estudante do curso de bacharelado em engenharia civil.

A pesquisa foi iniciada no ano de 2021 e finalizada em 2022 e culminou com uma experiência na disciplina Desenho Assistido por Computador (DAC), que é ofertada no 4º período do curso de engenharia e ministrada pela primeira autora. Na ocasião, abordou-se o BIM em nível teórico-prático. O nível teórico, nos estudos de referência, para a estruturação do trabalho. Em paralelo o estudante fez uso do software Revit para desenvolvimento do modelo e do aplicativo Augin para demonstração em realidade aumentada, já que o plano de atividades proposto para ser executado por ele, tinha como objetivo avaliar a aplicabilidade de um modelo didático BIM em realidade aumentada, para ser utilizado como apoio nas disciplinas de desenho e projetos diversos, a fim de promover a facilitação do processo de ensino-aprendizagem a partir da visualização realística da edificação.

Para alcance do objetivo proposto, a pesquisa foi dividida em 8 etapas, a saber: aprofundamento teórico; definição do projeto para o modelo BIM; definição das disciplinas abordadas no modelo; escolha das ferramentas; desenvolvimento do modelo; elaboração do formulário; apresentação do modelo em sala de aula; aplicação do formulário. No decorrer da execução do plano de atividades, o orientando foi estimulado a atuar com participação ativa, sendo incentivado a trazer suas contribuições e experiências para agregar ao trabalho proposto. Por se tratar um estudante que já atua profissionalmente com o BIM, ele pôde enriquecer a experiência e contribuir bastante com o processo.

O modelo apresentado partiu de uma proposta de planta arquitetônica trazida pelo próprio estudante, e foi sendo ajustada em encontros semanais para chegar à proposta final. Em seguida, foram definidas quais as disciplinas o modelo deveria contemplar, tendo sido escolhidas: arquitetura, instalações hidrossanitárias e estrutura. A partir daí o estudante partiu para a elaboração do modelo BIM, tendo sido solicitada também a geração da planta em .dwg do mesmo projeto para ser trabalhada posteriormente em uma atividade com a turma do 4º período de engenharia civil, dentro da disciplina DAC.

Antes da apresentação do modelo à turma, houve uma contextualização, com explanação teórica pela docente, com duração de 3h/a sobre conceitos gerais do BIM, além de uma palestra oferecida com a temática: compatibilização de projetos com o BIM, com carga horária de 1,5h. Na sequência, foi proposta uma atividade em equipes de 3 componentes, a ser realizada no software Autocad, tendo como base a planta proposta pelo orientando, que consistia no desenvolvimento de dois cortes, a serem sugeridos por cada uma das equipes, deixando livre as escolhas de solução de telhados, níveis e peitoris. Após as entregas das atividades, houve um momento de escuta, onde os estudantes puderam trazer as principais dificuldades com a experiência do trabalho colaborativo, com a ferramenta autocad, entre outras.

Na sequência, o estudante pesquisador apresentou o modelo, utilizando o software (Revit), contemplando as disciplinas de arquitetura, estrutura e instalações hidrossanitárias. Além disso, demonstrou em tempo real, algumas possibilidades do modelo BIM como: extração de quantitativos, obtenção de vistas e cortes e detecção de conflitos. Por fim, forneceu um QR code do modelo para que os alunos pudessem experimentar a visualização em realidade aumentada usando o Augin. No decorrer da experiência, os alunos foram elucidando dúvidas e tecendo comentários acerca do projeto que eles tinham trabalhado anteriormente. Ao orientando, foi dada autonomia para demonstração do modelo e respostas aos questionamentos trazidos pelos alunos, tendo ele demonstrado habilidade técnica com as ferramentas, capacidade de síntese da pesquisa e explanação em público, além da contextualização do BIM com o mercado de trabalho.

Para avaliação do modelo didático virtual BIM utilizando RA, foi solicitado que respondessem a um formulário eletrônico, elaborado com a participação efetiva do estudante pesquisador, e que trazia questões sobre a abordagem do BIM na disciplina, o modelo didático proposto, a desenvoltura do aluno pesquisador, além da comparação entre a ferramenta CAD e BIM para a execução da atividade proposta, entre outras.  Dos 18 estudantes da turma, 15 responderam ao formulário.

Os resultados obtidos demonstram que o modelo proposto contribuiu para eliminar alguma possível dúvida de representação 2D ou compreensão de algum elemento do projeto para 86,7 % dos respondentes. Para 93,3% deles, o modelo em RA ajudaria na representação do projeto e poderia contribuir com outras disciplinas do curso. O mesmo percentual considera que o uso de uma ferramenta de modelagem BIM poderia ter facilitado/ agilizado o trabalho proposto e teria facilitado o trabalho em equipe. Quanto à atuação do estudante pesquisador no momento da exposição do modelo, esta foi considerada excelente por 66,7% dos respondentes, ótima por 20% e boa por 13,3%.

Face ao exposto, quanto à pesquisa, pode-se concluir que a experiência gerou bons resultados no processo ensino-aprendizagem tanto do orientando como da turma. Vários alunos descreveram positivamente o fato de terem tido a oportunidade de conhecer o potencial oferecido pelo BIM e relataram a necessidade de atualização do curso e do uso do Bim em outras disciplinas. Quanto ao estudante, percebeu-se uma grande evolução quanto à apresentação de trabalhos acadêmicos, à compreensão da pesquisa científica e ao rigor tecnológico inerente a ela. Também se percebeu que ele se manteve motivado e ativo durante a execução da pesquisa. Isto posto, destaca-se por fim, a importância da pesquisa científica na disseminação do BIM nas instituições de ensino.

 

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Biografia do Autor

Keylla Costa do Carmo Alves, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade de Pernambuco.  Professor Instituto Federal de Pernambuco (Recife - PE, Brasil).

Januário Leal de Moraes Vieira, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

Doutorando em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - Campus Recife. (Recife - PE, Brasil)

Fabio Felix de Oliveira Júnior, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

Graduando em Engenharia Civil pelo IFPE (Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Recife-PE, Brasil).

Referências

GIESTA, J. P; COSTA, T.G.; NETO, A.C. Inserção do ensino do Building Information Modeling (BIM) na Academia: novas perspectivas por meio da pesquisa. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 2., 2019, Campinas, SP. Anais[...]. Porto Alegre: ANTAC, 2019. Disponível em: https://antaceventos.net.br/index.php/sbtic/sbtic2019/paper/view/176

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Publicado

2022-06-08

Como Citar

ALVES, Keylla Costa do Carmo; VIEIRA, Januário Leal de Moraes; OLIVEIRA JÚNIOR, Fabio Felix de. A iniciação científica como caminho para introdução do BIM na academia. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 4., 2022. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2022. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v4i00.1884. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/1884. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Experiência de ensino-aprendizagem BIM realizadas