Análise curricular para implementação BIM no CAU/UFV
novos parâmetros e métricas
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1896Palavras-chave:
Maturidade, Matriz Curricular, Componentes Curriculares, MétricaResumo
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFV incorporou o ensino de BIM desde 2014 e, com a expansão do interesse em absorver o conteúdo em outros componentes curriculares, em 2022 foi formada uma equipe para propor a implantação de BIM no curso. Essa proposta de implantação está sendo apoiada com a coordenação da Rede de Células BIM ANTAC. Essa Rede é uma ação coordenada pelo GT.TIC ANTAC e envolve diversas instituições de ensino públicas e privadas do país. Visando a construção de uma proposta de implantação pautada por análises sistemáticas sobre o contexto local, a equipe desenvolveu seus estudos apoiada pelo método desenvolvido na Rede. Esse trabalho apresenta a incorporação de novas variáveis e parâmetros de análise efetuadas pela equipe local na UFV nessas duas fases de diagnóstico curricular.
Inicialmente foi realizada a análise de maturidade do curso no tema BIM segundo os critérios indicados pela Rede e obtivemos a qualificação esperada. Essa análise verificou a situação atual do ensino, pesquisa, extensão e infraestrutura disponível analisando 16 campos, mas sugerimos a adição de mais dois novos campos que poderiam discriminar com mais precisão o grau de maturidade. Um desses campos introduz a avaliação da carga horária e o outro avalia a quantidade de trabalhos defendidos na pós-graduação. Entendemos que esse último parâmetro evidencia não somente a maturidade do corpo docente, mas também a capacidade de formação de recursos humanos no tema. Apesar dessa adição de novos parâmetros não alterar o índice de maturidade do curso, eles ampliaram em 2% o valor final e conseguiram quantificar a maturidade do corpo docente e das disciplinas oferecidas. Na etapa seguinte, no diagnóstico da matriz curricular, seguimos a maior parte do protocolo apresentado pelos estudos de ANDRAD (2018), CHECCUCCI (2014) e RODRIGUES; LIMA (2017), mas indicamos novas análises possíveis e uma maior acurácia na análise individual de cada componente curricular. Neste trabalho optamos por um experimento que qualificava os componentes com pequenas variações que detalham as análises indicadas pelo protocolo. A primeira variação foi em optamos por avaliar os níveis de interface com BIM para cada uma das categorias de análise do componente curricular para efetuarmos sua caracterização posterior, invertendo o protocolo nesta etapa. Além disso, foram criados axiomas para manter a consistência da análise como, por exemplo, “A Categoria H só pode ser preenchida se existir outras células com mesma cor/grau nas categorias B e/ou C”. Também foram inseridos outros parâmetros para análise e comparação de cenários. O primeiro foi a incorporação da quantidade de carga horária prática e teórica de cada componente, o que resultou em uma análise objetiva da quantidade de componentes com possibilidade de interface com BIM. Além disso, também foi feita uma análise global que pode avaliar a quantidade de componentes por semestre. Nesse caso foi atribuída uma pontuação de zero a dois representando o nível de interface com BIM (ausente, possível ou clara) por componente, o que permitiu avaliar graficamente os semestres com maior possibilidade de incorporação de BIM. Para essa análise tomamos como premissa que os componentes com maior grau de interface possuem mais chance de adoção do que os que demais (inexistente ou possível), uma vez que estes últimos dependem da disponibilidade docente para a adaptação e incorporação de conteúdos BIM. Também efetuamos uma análise global com todas categorias o que resultou em uma evidência gráfica de congruência dos componentes optativos em comparação com os obrigatórios, ou seja, os componentes optativos possuem maior uniformidade nos níveis de interface em suas categorias enquanto os componentes obrigatórios possuem maior heterogeneidade. Com isso foi possível tornar explícita a percepção de que alguns componentes optativos possuem maior permeabilidade ou vínculo com conteúdos BIM do que os obrigatórios.
Já na fase seguinte, de análise da Matriz Curricular, utilizamos o protocolo sugerido pela Rede de Células BIM e entendemos que as Categorias B (Conceitos), C (Competências) e F(Ciclo de Vida) têm relação direta com a seleção, composição e estruturação do conteúdo do componente curricular. Essas três categorias discriminam conceitos BIM, competências técnicas e de execução BIM e as fases do ciclo de vida da edificação que seriam abordadas naquele componente curricular. A partir desse entendimento criamos a métrica “Grau de Especialização” para identificar componentes que apresentam clara interface BIM nessas categorias, mas que podem ser excessivamente generalistas. Essa métrica identifica componentes que, se forem escolhidos para uma implementação direta, podem gerar a implementação de componentes com excesso de conteúdo com pouca carga horária e dificultariam a absorção dos assuntos pelos alunos. Nesse caso seriam componentes excessivamente generalistas que poderiam trazer frustração para o corpo docente e para alunos matriculados. Com essa métrica conseguimos evidenciar aqueles que atingem alta pontuação nesta métrica diferenciando os potencialmente generalistas daqueles que são potencialmente especialistas. Nesse segundo caso são oferecidos menos conteúdos com uma carga horária relativa maior. O índice foi composto da seguinte forma: G=ChT/QIcat onde, G é o Grau de Especialização, ChT é a carga horária total do componente, e QIcat é o produto da Quantidade de Interfaces por Categoria.
Neste trabalho percebemos que há potencial para aprofundamento das análises com inserção de novos parâmetros para a análise de maturidade e na análise da matriz curricular. Esse trabalho mostra uma dessas possibilidades com a inserção de dois novos parâmetros de maturidade do curso a sugestão de uma métrica que se pode se tornar um novo recurso para apoiar estudos mais aprofundados da matriz curricular. Esperamos isso direcione a uma implementação BIM mais informada com construção componentes curriculares de maior consistência e mais bem dimensionados.
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Referências
ANDRADE, R. A. de. Implementação do BIM no ensino: adequação de matrizes curriculares de cursos de arquitetura através da identificação de permeabilidades de conteúdo. 2018. 198 f. Dissertação (Mestrado em ambiente construído) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2018.
CHECCUCCI, E. S. Ensino-aprendizagem de BIM nos cursos de graduação em Engenharia Civil e o papel da Expressão Gráfica neste contexto. 2014. 235 f. Tese (Doutorado em Difusão do Conhecimento) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.
RODRIGUES, B. N.; LIMA, M. M. X. Mapeamento da interface entre disciplinas de engenharia civil e o paradigma BIM. In: Simpósio brasileiro de tecnologia da informação e comunicação na construção, 1., SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO E ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO, 10., 2017, Fortaleza, Brasil. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2017.
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