Edifício de uso misto
experiência de ensino de projeto com uso do BIM
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1900Palavras-chave:
Projeto de arquitetura, Experiência de ensino, BIMResumo
Ao longo dos últimos anos os profissionais do ensino superior de arquitetura e urbanismo tem procurado meios de inserir na graduação o ensino e a aplicação de ferramentas e métodos de trabalho BIM.
No Senai CIMATEC não é diferente, já que o desejo de implantar o BIM surge na criação do curso em 2019. Deste modo o ensino de ferramentas, de processos e políticas BIM tem sido abordada de maneira regular na graduação em arquitetura e urbanismo da instituição. No primeiro semestre de 2022 a coordenação do curso desenvolveu o último esforço relacionado a vontade de ensino do BIM na graduação que foi o desenvolvimento de uma disciplina de projeto de arquitetura do quinto semestre de curso onde todo o projeto seguiu um Plano de Execução BIM (BEP) estabelecido pelo docente da disciplina.
A experiência aqui descrita foi desenvolvida numa disciplina de projeto de arquitetura, com 120 horas de carga horária. Dentro da disciplina, dividida em três unidades (seguindo as diretrizes institucionais – AV1, AV2 e AV3) foi dividida para que os(as) alunos(as) desenvolvessem deste um estudo de viabilidade financeira do empreendimento e estudo de massa para análise de implantação e impacto urbano (AV1), passando pela a concepção, desenvolvimento e detalhamento de projeto arquitetônico de uso misto (torres de apartamentos) e centro comercial e a concepção e pré-dimensionamento estrutural (AV2 e AV3). Os projetos desenvolvidos apresentaram em torno de 34.000 m2 de área projetada, valor este limitado pelo potencial construtivo do terreno segundo as diretrizes urbanas no município, e foram desenvolvidos individualmente ao longo de todo o semestre.
Dentre as competências desenvolvidas na disciplina, que estão estabelecidas no DCC (descritivo curricular de curso), está “Desenvolver projetos aplicando conceitos de trabalho em BIM”, para isso foram trabalhadas e reforçadas competências como modelagem e representação de projetos usando BIM, planejamento e organização de modelos, simulação e quantificação, apresentação e animação de projeto, gerenciamento de modelos e gerenciamento de documentos. Para que essas competências fossem desenvolvidas, foi proposto um conjunto de atividades (mesas redondas, instruções de modelagem e organização de modelos, por exemplo) e documentos relacionados a discussão e aplicação dos conceitos BIM ao longo do semestre. Importante salientar que tais assuntos, como ensino de ferramentas, ambiente comum de dados, BEP, BIM Mandate, já haviam sido tratados em disciplinas anteriores presentes na matriz do(a) estudante, restando para esta disciplina o desenvolvimento de atividades que aplicassem estes conceitos.
Ao longo da disciplina, foram propostos palestras e miniaulas com profissionais convidados sobre evolução, organização, fatiamento e federação de modelos BIM. Além disso, foram estabelecidos um Plano de Execução BIM e dois BIM Mandates, um para o LOD 100 (estudo de viabilidade, este obrigatório) e outro para o LOD 400 (projeto detalhado, este opcional).
Por meio do BEP foram estabelecidos parâmetros como os objetivos BIM e as informações do projeto e o cronograma de entrega. Além disso foram padronizados também, os softwares que deveriam ser utilizados a estrutura de pasta do CDE (Figura 2), os padrões de nomenclatura dos arquivos, das famílias, entre outros.
As avaliações foram feitas através de um esquema de notas, que seguiu o padrão do WorldSkills (competição internacional de competências profissionais). Este esquema de notas leva à observação de aspectos durante o processo de desenvolvimento do trabalho e na entrega do projeto para que seja que as competências gerais e especificas estabelecidas no DCC sejam avaliadas. Esta avaliação foi realizada em cima, do processo de desenvolvimento do trabalho ao longo do semestre, da postura no momento da apresentação do projeto e sobre os documentos solicitados especificados no BEP para cada entrega do semestre (AV1, AV2 e AV3). Dentre os estregáveis solicitados estão: os modelos BIM arquitetônico e estrutural com worksets configurados; conjunto de pranchas para o bom entendimento do projeto; a própria organização do CDE (respeitando nomenclatura e estrutura de pastas), o modelo do navisworks com a integração de modelos, planilha de viabilidade financeira com a apresentação das áreas estimadas e custo da unidade autonoma, perspectivas e vídeos renderizados, entre outros.
Ao final os estudantes entregaram os projetos seguindo os padrões estabelecidos, conseguindo desenvolver trabalhos de grande complexidade, além de renderizar, estimar custos de construção e, em alguns casos, usar ferramentas de modelagem algorítmica generativa paramétrica para definição de características geométricas da edificação
Para o docente, o uso do BIM possibilitou uma correção mais eficaz. O uso de um esquema de notas agilizou as correções e permitiu um direcionamento das atividades de projeto por parte dos alunos.
Um grande limitante foi o conjunto de computadores utilizados pelos alunos, que em muitos casos não apresentavam poder computacional para manipular modelos muito grandes
No entanto, um dos maiores problemas enfrentados não foi o uso de ferramentas e métodos de trabalho BIM, mas sim a gestão de tempo e problemas de ansiedade por parte dos estudantes (softskills). O retorno para atividades presenciais, e a necessidade de tempo dedicado as atividades que antes eram remotas, se mostraram como a principal dificuldade, fazendo com que eles pedissem mais tempo e revisão dos prazos de entrega.
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Referências
EASTMAN, C. et al. BIM Handbook: a guide to building information modeling for owners, managers, designers, engineers and contractors. 2 ed. New Jersey: John Wiley & Sons, 2011.
KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. et al. (...). O processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. 504 p
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