Aplicação do BIM no ensino de projeto de arquitetura educacional na Universidade Federal de Roraima
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3483Palavras-chave:
BIM, Projeto de Arquitetura, Ensino, UFRRResumo
O avanço das tecnologias computacionais relacionadas ao processo Building Information Modeling – BIM – tem estimulado a aplicação da plataforma por meio de ferramentas de apoio ao ensino de projeto de arquitetura, assim como em outras disciplinas, desde a graduação, o que demanda amplo debate sobre a aplicação do BIM no ensino (Lopes, 2022). Com a experiência docente no curso de Arquitetura e Urbanismo, mais especificamente, na área de Projeto de Arquitetura, pôde-se perceber a evolução na aplicação do conceito BIM nas salas de aula. O texto tem como objetivo relatar e discutir a experiência de aplicação do BIM, desenvolvida em 2022, na disciplina de Projeto de Arquitetura Educacional do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Como estratégia, foi proposto observar e avaliar o processo de projeto com as ferramentas BIM, assim como adotar o software BIMcollabZOOM[1] para análise e visualização dos arquivos, contribuindo como instrumento de interlocução com os alunos e avaliação dos projetos arquitetônicos. A metodologia adotada pode ser caracterizada como: (i) descritiva bibliográfica - propôs descrever a experiência do uso do BIM no ensino e buscar informações em fontes bibliográficas de referência; (ii) qualitativa - destinado a coleta de dados e interpretação dos resultados do uso do BIM na prática de projeto em sala de aula. Na primeira etapa da atividade, destinada à concepção do partido arquitetônico e estudos de setorização, recomendou-se que fosse desenvolvida a mão, a nível de rabiscos e croquis, por ser uma etapa de maior liberdade no projeto e facilitar os ajustes. Definido o partido arquitetônico, ficou estabelecido que o aluno podia escolher livremente o software BIM que atendesse às suas necessidades projetuais, assim, pôde-se dar início à modelagem do objeto de estudo BIM com as condicionantes do programa de necessidades estabelecido. Ao final do processo, o material foi entregue com extensão IFC[2] e visualizado pelo BIMcollabZOOM. Sendo o IFC um formato que garante a interoperabilidade e, neste caso, viabilizou a avaliação dos modelos pelo professor, mesmo com arquivos gerados por diferentes softwares da plataforma BIM (ZIGURAT, 2019). A proposta foi de que o aluno, em cada etapa do processo projetual pudesse ter um modelo de informações paramétricas do objeto arquitetônico e seus elementos construtivos, podendo trabalhar desde os conceitos iniciais do projeto até a proposta final: incluindo partido arquitetônico, entorno, condicionantes climáticas, espacialidade, volumetria, materialidades, acessibilidade e ergonomia, com vistas ao desenvolvimento até o nível de Ante- projeto (SOUTO, 2020). A disciplina de Projeto Arquitetônico Educacional encontra-se inserida no quinto período da grade curricular do curso, no Núcleo de conhecimentos profissionais destinadas à formação da identidade profissional (DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO-UFRR, 2017).
Cada aluno trabalhou individualmente no semestre 2022.2, que foi proposto como tema, uma creche localizada no Campus Universitário da UFRR, tendo como público alvo, os filhos dos funcionários. O aluno foi incentivado a trabalhar sua proposta através da associação de desenhos à mão e no computador, utilizando o conceito BIM através de softwares específicos de escolha do aluno. O aluno entregou seu arquivo do trabalho final em uma pasta criada e compartilhada pelo professor no Google Drive, contendo o modelo paramétrico em IFC, os documentos técnicos (pranchas) em PDF e o memorial descritivo em DOCX. Pode-se observar a porcentagem de uso do software BIM no desenvolvimento do tema, para um total de 26 alunos na turma: 42% utilizaram o Revit, seguidamente com 38% o ArchiCAD e finalmente destaca-se o uso do Sketchup e AutoCAD com 12% e 8% respectivamente, sendo que, os dois últimos programas não trabalham o conceito BIM, mas foram aceitos para efeito de avaliação, já que na ementa da disciplina não obriga o aluno ao uso de determinado software BIM no processo de aprendizagem. O processo de desenvolvimento do projeto dispôs de análises do entorno, visita in-loco ao terreno, análises bioclimáticas, análises de fluxo viário, normativas, organograma, zoneamento e volumetria. Como resultado final para avaliação o aluno entregou: (i) arquivo do trabalho final (modelo 3D) salvo em formato IFC, garantindo a interoperabilidade com o modelo para ser avaliado pelo professor; (ii) planta de situação, planta de locação, planta geral, planta de cobertura, cortes, fachada e memorial descritivo arquitetônico, destaca-se a importância de demonstrar os elementos construtivos da proposta, assim como os materiais aplicados, organização espacial e paisagismo. O uso do BIMcollab ZOOM (Versão Educacional 6.2-2022) -IFC, para avaliação do modelo paramétrico, foi o escolhido pela interface amigável e fácil de trabalhar, que permite visualização geral do modelo BIM, seja em perspectiva ou vista ortográfica. A ferramenta permite salvar as observações o que garante a interlocução com os alunos a partir de anotações e comentários.
Como principal limitação na aplicação do BIM no ensino do projeto de arquitetura observou-se a falta de conhecimento do software BIM ao nível médio por parte do aluno, o qual criou limitações para sua proposta. Como recurso, atualmente na revisão do PPC[3]DAU-UFRR do curso está sendo acrescentada uma nova disciplina para o ensino do BIM no segundo semestre da graduação. Outra limitação seria que em alguns casos o aluno não tem o conhecimento complementar de outras matérias como estruturas e construção para criar um modelo 3D mais real. A aplicação do processo BIM na avaliação de projetos arquitetônicos na graduação é possível com os avanços computacionais, resultando em espaços positivos na avaliação geral da turma de projeto arquitetônico educacional. O conceito BIM facilitou todo o processo projetual, na sala de aula, cabe ao professor acompanhar essas mudanças e ao aluno ficar atento às tecnologias. Este, será um tema a ser ajustado e discutido constantemente pelo meio acadêmico em futuras pesquisas.
[1] BIMcollab ZOOM – É um visualizador de modelos BIM integrada nos fluxos de trabalho de gerenciamento de problemas e ajuda a encontrar falhas de informações.
[2] IFC- Industry Foundation Classes é um formato de arquivo neutro e aberto e permite a interoperabilidade em projetos dentro de um fluxo de trabalho BIM <https://www.construagil.com.br/post/o-ifc-%C3%A9-muito-mais-que-um-formato-de-arquivo>.
[3] PPC – Plano Pedagógico do Curso do Departamento de Arquitetura e Urbanismo-UFRR.
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Referências
DAU - DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO – Universidade Federal de Roraima (DAU – UFRR), Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Boa Vista, 2017.
DNIT - DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. Conceito BIM, 09 de março de 2021. Disponível em: < https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/bim-no-dnit/o-que-e-o-bim>. Acesso em: 15 de janeiro de 2023.
LOPES, Rudner Fabiano. BIM NO ENSINO: ganhos e impasses. 2022. 210p. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Arquitetura-Universidade Federal de Minas Gerais.
SOUTO, A.E; CONTO, V. ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA PARA ENSINO E APRENDIZAGEM DE PROJETO ARQUITETÔNICO Os meios analógicos, digitais e sua relação na formação e atuação do arquiteto. Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade-PIXO, Rio Grande do Sul, v. 4, n. 15, p. 100-121, Primavera de 2020.
ZIGURAT. IFC e Interoperabilidade BIM. ZIGURAT/Global Institute of Technology, 04 de abril de 2019. Disponível em: <https://www.e-zigurat.com/blog/pt-br/ifc-e-interoperabilidade-bim/>. Acesso em: 20 de dez. de 2022.
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