Desafio residência universitária: colaboração remota no LaBIM UFBA

Resumo

Durante a pandemia, a forma como as pessoas interagiam mudou significativamente e o trabalho remoto passou a ser um formato cada vez mais recorrente. Nesse sentido, no Laboratório de Práticas BIM (LaBIM) não foi diferente. Para dar continuidade às atividades de modelagem, compatibilização e coordenação que anteriormente ocorriam de forma presencial, ferramentas precisaram ser adotadas e a forma como os processos eram realizados, modificados. Esse resumo retrata uma experiência de ensino-aprendizagem de um projeto realizado em BIM de forma interdisciplinar, colaborativa e remota, durante a pandemia, com foco na utilização do Dropbox e Bimsync. O Laboratório de Práticas em BIM foi criado em 2018 e foi registrado como projeto de extensão em 2020. Vinculado a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o grupo formado por cerca de 30 estudantes de graduação dos cursos de Arquitetura, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Bacharelado Interdisciplinar tem como objetivo o desenvolvimento de estudos sobre BIM, produção acadêmica, desenvolvimento de projetos interdisciplinares (SILVA et al., 2019) e disseminação da metodologia. Anualmente, o Laboratório desenvolve um projeto que engloba todos os membros do grupo, buscando promover o uso da metodologia BIM e suas dimensões. No ano de 2021, o projeto proposto foi o “Desafio Residência Universitária”. A principal motivação para escolha desta edificação foi a possibilidade de dar um retorno para a comunidade acadêmica, por meio da elaboração de um modelo BIM que poderia apoiar na operação e manutenção do empreendimento, além da possibilidade de comparar os resultados obtidos com a realidade. A residência universitária é um complexo oferecido pela Pró-reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil – Proae que disponibiliza habitação, áreas comuns, equipamentos, utensílios de uso coletivo, fornecimento de água, gás, energia elétrica, internet, limpeza, manutenção e segurança para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica da UFBA. O “Desafio Residência Universitária” foi realizado durante 23 sábados, o equivalente a 115 horas de trabalho com participação de todos os membros de forma remota. A fim de apoiar a modelagem da edificação, a UFBA disponibilizou os projetos básicos em CAD para serem utilizados como base. O Autodesk Revit^® 2020 foi o software utilizado para o desenvolvimento de modelos BIM para os seguintes usos: Modelagem arquitetônica (1010), Modelagem de Estruturas de Concreto (1050), Modelagem de Sistemas Hidráulicos (1200), Modelagem de Sistemas de Baixa Tensão (1320) e Modelagem de Sistemas HVAC (1190) (BIM EXCELLENCE, 2017). Além do processo de modelagem, o projeto contou com o apoio do núcleo de Coordenação e 4D para detecção de Interferências, elaboração do Plano de Execução BIM e Coordenação dos modelos. Dentre os ganhos e competências desenvolvidas no projeto, sem dúvidas a utilização do Dropbox e Bimsync foram as mais notáveis, foi neste desafio que essas duas ferramentas foram utilizadas pela primeira vez. A utilização da metodologia BIM tem como proposta a melhoria da comunicação no desenvolvimento de todos os projetos envolvidos, nesse sentido, o uso do Dropbox surgiu como uma forma de auxiliar na produção de forma simultânea entre os projetistas, evoluir a interoperabilidade dentro dos softwares e ajudar na diminuição de tempo de análise e de alterações. Atualmente, existem vários outros softwares no mercado com a mesma função, contudo, o custo elevado para obtenção deles torna-se um impeditivo. Devido a oferta da versão gratuita para até 2GB e da expertise de um dos membros de ter utilizado essa metodologia de colaboração na Empresa Júnior a qual fez parte, o Dropbox foi o escolhido como local de uso padrão para o armazenamento dos projetos. Durante o processo de implantação foram oferecidos treinamentos, juntamente com a disponibilização de um tutorial e um manual de erros. Dentre os desafios encontrados, existem três pontos de atenção ligados a utilização do Dropbox, sendo eles: 1) Necessidade de conexão com a internet para sincronização pela nuvem; 2) Na versão gratuita o limite de armazenamento é de 2 GB; 3) A sincronização não pode ocorrer simultaneamente em mais de um arquivo. Todo esse insumo contribuiu para que os membros do LaBIM tivessem uma grande experiência colaborativa dentro do universo BIM, tendo a capacidade da implementação e perpetuação desse conhecimento fora dos limites do laboratório. No que se refere ao processo de coordenação dos modelos, antes deste desafio, o laboratório utilizava o BIMcollab como Ambiente Comum de Dados para geração de relatórios de interferências. Contudo, devido uma limitação de licenças, somente os membros de Coordenação e 4D participavam do processo. Buscando a integração de todos os membros na atividade e estudo de outros softwares, testou-se a licença educacional do Bimsync como uma alternativa, apresentando resultados bastantes satisfatórios. Além de estarem inseridos no processo, no Bimsync, todos os membros estavam categorizados em seus respectivos núcleos (arquitetura, estrutura, instalações elétricas, instalações hidráulicas, instalações mecânicas e coordenação e 4D (C4D). Semanalmente, era realizado upload dos modelos mais atualizados e ficava a cargo da equipe de C4D identificar as incompatibilidades, possíveis melhorias e marcar os seus respectivos responsáveis. A partir disso os membros eram notificados, podendo comentar o apontamento ou simplesmente resolver. As principais vantagens desse processo estavam relacionadas a centralização das informações de coordenação em um único local, além disso, todos os membros tinham acesso ao que era discutido, podendo dialogar e aprender sobre todos os temas. De forma geral, essa experiência contribuiu para que o processo de desenvolvimento do projeto viesse a se tornar realmente colaborativo, além de uma melhora no processo de coordenação dos projetos. Ambas as ferramentas continuaram a ser utilizadas no laboratório.