Experiência do ensino remoto do BIM no IFRN - campus natal central em meio à pandemia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v3i00.284

Palavras-chave:

Ensino do BIM, Ensino remoto, relato de experiência

Resumo

Com o constante aumento da aplicabilidade do Building Information Modeling (BIM) no Brasil, devido à evolução tecnológica no segmento construtivo e às medidas governamentais que visam fomentar e acelerar esse crescimento, faz-se necessário pesquisas visando aumentar a produtividade e a abrangência da metodologia, além de disponibilizar profissionais altamente qualificados para o mercado de trabalho. Nesse sentido, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Integração de Projetos (GIP) vem desenvolvendo, todos os anos, trabalhos inseridos na perspectiva do BIM, de modo a promover treinamentos práticos em softwares de modelagem, como o Revit e o Navisworks, além de atividades teóricas acerca de BIM e de metodologia científica, com estudantes do curso técnico em Edificações, de modo a abordar, principalmente, a disciplina de arquitetura nas fases de concepção, projeto e planejamento de obras. Apesar disso, devido ao contexto pandêmico de Covid-19 e à iminência de isolamento social, fez-se necessária a realização de tais atividades de ensino na modalidade remota, algo pioneiro no grupo e de caráter inovador na área, durante o período de setembro de 2020 à janeiro de 2021, com um conjunto de quatro alunos bolsistas dos projetos vigentes. Desse modo, este trabalho visa expor os resultados de tal experiência realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN (IFRN) – campus Natal Central, por meio de uma análise documental qualitativa da entrevista estruturada aplicada no âmbito da pesquisa.

Nesse contexto, por meio de plataformas digitais de aprendizagem; aplicativos de troca de mensagens; e softwares de modelagem e de produtividade; foi ofertado para os alunos um treinamento teórico-prático piloto que abordava – primeiramente – a parte conceitual e política do BIM; seguida pela metodologia científica e sua utilização na pesquisa; e, por fim, a modelagem em softwares como o Revit – Tudo isso de maneira integralmente remota e com carga horária semanal de 15h. Assim, em uma sala virtual no Google Classroom, a professora coordenadora do GIP adicionava, constantemente, materiais para leitura; vídeos informativos; tutoriais; indicações de fontes; e propostas de atividades a serem realizadas pelos estudantes. Por meio de uma metodologia ativa, em que os alunos se tornaram os principais elementos do processo de aprendizagem, foi possível alcançar um nível 2 (Intermediário) de competência, caracterizado por um sólido conhecimento conceitual e algumas aplicações práticas (SUCCAR; SHER; WILLIAMS, 2013). Nesse viés, foi desenvolvido um questionário, dividido em quatro partes, e com um total de 20 indagações, que abordava as temáticas supracitadas, visando compreender melhor essa experiência de ensino, de modo a verificar o perfil dos alunos colaboradores e a eficácia dos métodos e dos meios os quais foram utilizados para se desenvolver o treinamento. Logo, foi possível estabelecer comparações entre as diferentes atividades realizadas e averiguar quais foram mais efetivas para com sua finalidade. Além disso, foi possível mensurar a capacidade da modalidade remota em substituir a tradicional modalidade presencial.

De modo geral, os resultados da entrevista estruturada se mostraram bastante promissores, demonstrando o sucesso da experiência de ensino em análise, a qual é capaz de servir como parâmetro para futuros treinamentos a serem ministrados por todo o Brasil. No primeiro segmento da pesquisa, cujo objetivo foi entender a percepção do contexto geral e dos meios utilizados, foi evidenciado, por unanimidade, que as plataformas utilizadas favoreceram o processo de aprendizagem. Além disso, 75% dos estudantes acreditam que a adaptação para o contexto remoto, juntamente com as atividades disponibilizadas, foi realizada de maneira eficiente, apesar de eles, em sua maioria, ainda preferirem o modelo presencial de ensino. Na segunda etapa da entrevista, buscou-se melhor entendimento acerca das percepções e resultados obtidos sobre a Modelagem de Informação da Construção. Mesmo com um conhecimento bastante limitado dos participantes, na teoria e na prática, antes de entrar no GIP, o treinamento foi capaz de formar indivíduos com conhecimento classificado como intermediário, em ambos os parâmetros analisados sobre BIM; além de ter se mostrado eficiente em aumentar o interesse sobre o tema e estimular os alunos a buscarem conhecimentos por conta própria. Na terceira seção, que avaliou os resultados da experiência acerca de metodologia científica, foi demonstrado que, a partir de conhecimentos básicos que os alunos já possuíam e o estilo de aprendizagem com 75% de aprovação, foi possível formar estudantes capacitados para entenderem o processo de pesquisa e desenvolverem seus próprios trabalhos, com uma metodologia, estrutura e formatação considerável. Por fim, a última etapa do questionário visou avaliar, de maneira geral, a experiência dos alunos durante o treinamento. Como pontos positivos destacados por eles, obteve-se, principalmente, a flexibilidade de horário proporcionada pelo contexto remoto, a qual é praticamente inexistente no modelo presencial; o acompanhamento individualizado por WhatsApp; e as videoaulas gravadas, que possibilitam uma visualização ilimitada das recomendações e conceitos disponíveis. Apesar disso, alguns pontos negativos foram inferidos pelos alunos, a saber, a dificuldade com internet e aparelhos eletrônicos, haja vista a alta demanda de hardware dos programas utilizados; e a dificuldade em acompanhar todas as aulas e atividades propostas. Convém destacar, também, o alto interesse dos alunos por modelagens 3D no Revit e por leitura e produção de artigos científicos, de maneira a comprovar ainda mais a capacidade do treinamento em fomentar interesse pela temática nos componentes do grupo de pesquisa; e uma certa dificuldade, entre os alunos, em realizar revisões bibliográficas, o que pode ser motivado pelo pouco contato com essa atividade fora do meio acadêmico. Em síntese, como resultados genéricos, 100% dos participantes da pesquisa acreditam que a capacitação ofertada irá auxiliar, de alguma maneira, no mercado de trabalho ou no progresso dentro da academia, além de a classificarem como ótima, em uma escala proposta. Infere-se, portanto, a contribuição dessa experiência pioneira no GIP para com a temática do ensino do BIM no Brasil, já que sua aplicabilidade se faz possível em escala macro, haja vista a acessibilidade universal dos meios utilizados e os resultados positivos obtidos, de modo a tornar a metodologia utilizada uma opção para a atual conjuntura e para um futuro de provável ampliação e aprimoramento do Ensino à Distância (EAD).

Apresentação no YouTube: https://youtu.be/PzqMKz0VIqk

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Biografia do Autor

Leo Cardoso Viana Azevedo, Instituto Federal do Rio Grande do Norte

Estudante do curso técnico em Edificações no IFRN - campus Natal Central.

Daniel Victor Fernandes de Oliveira, Instituto Federal do Rio Grande do Norte

Estudante do curso técnico em Edificações no IFRN - campus Natal Central.

Josyanne Pinto Giesta , Instituto Federal do Rio Grande do Norte

Doutorado em Arquitetura e Urbanismo (UFRN - 2013). Professora efetiva do IFRN nos cursos Engenharia Civil, Tecnologia em Construções de Edifícios e Técnico de Edificações e professora colaboradora no Mestrado em Engenharia Civil (UFRN) na disciplina Modelagem da Informação da Construção.

Referências

SUCCAR, Bilal; SHER, Willy; WILLIAMS, Anthony. An integrated approach to BIM competency assessment, acquisition and application. Automation in Construction, [S. l.], v. 35, p. 174–189, 2013. Disponível em: https://etarjome.com/storage/btn_uploaded/2020-11-11/1605085114_11513-etarjome%20English.pdf . Acesso em: 28 fev. 2021.

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Publicado

21/05/2021

Como Citar

AZEVEDO, L. C. V. .; OLIVEIRA, D. V. F. de; GIESTA , J. P. . Experiência do ensino remoto do BIM no IFRN - campus natal central em meio à pandemia. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 3., 2021. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2021. p. 1. DOI: 10.46421/enebim.v3i00.284. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/284. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Experiência de ensino-aprendizagem BIM realizadas

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