Formação executiva em BIM: a FGV na capacitação de gestores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v3i00.323

Palavras-chave:

BIM, Formação Executiva, Gestão Organizacional

Resumo

A adoção de BIM pelas empresas de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO) passou a ser necessária , após a sanção do decreto nº 10.306 de 02 de abril de 2020 para atender as demandas governamentais na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia. Nesse contexto, a Fundação Getulio Vargas (FGV), se estruturou para entregar ao mercado o curso de Formação Executiva em BIM, cujo principal objetivo é desenvolver nos gestores as competências para liderar equipes, empresas e projetos no ambiente BIM, de modo a apoiar e impulsionar a adoção BIM a partir das demandas geradas.

Para Brasil (2020), BIM é “o conjunto de tecnologias e processos integrados que permite a criação, a utilização e a atualização de modelos digitais de uma construção, de modo colaborativo, que sirva a todos os participantes do empreendimento, em qualquer etapa do ciclo de vida da construção”. Por isso, sua implementação por uma empresa da área AECO não pode se pautar em simplesmente adotar uma ferramenta e sim construir um pensamento que ocasionará em uma mudança de cultura organizacional, onde serão necessários investimentos em infraestrutura, revisão do processo de trabalho e diversos tipos de treinamento (AsBEA, 2013).

Na maioria das empresas as decisões empresariais obedecem a uma hierarquia organizada em três níveis: Estratégico, Tático e Operacional. Diante disto, é importante que as capacitações para a efetiva adoção de BIM ocorram em todos os níveis organizacionais. Segundo Succar (2019), os níveis de competências a serem desenvolvidos em uma empresa são: Gerencial, Administrativo, Funcional, Operacional, Técnico, de Implementação, de Suporte e Pesquisa e Desenvolvimento. Ao se tratar do nível gerencial, assuntos como Gerenciamento Geral a partir da adoção de novos sistemas e fluxos de trabalho, Liderança, Planejamento estratégico, Gestão Organizacional e Desenvolvimento de negócios e gestão de clientes se apresentam como itens de foco.

Para a formatação da capacitação, diversas discussões com o Instituto de Desenvolvimento Educacional da FGV foram realizadas para o devido alinhamento entre os conteúdos a serem ministrados com conceitos da instituição de ensino que estão relacionados diretamente à gestão organizacional das empresas. O público-alvo de gestores com foco na formação executiva atua em funções e realidades diversas, como por exemplo: proprietários de empresas privadas atuantes na área de construção civil; arquitetos, engenheiros e administradores que atuam em coordenação e gestão nas empresas de projeto e construção; gestores e servidores públicos que trabalham em órgãos federal, estadual ou municipal e necessitam implementar BIM; diretores e coordenadores de instituições públicas, como por exemplo CEF, Ministério Público e TCU, que atuam na fiscalização de obras e seus contratos; secretários e diretores comissionados em órgãos públicos, na implementação de BIM atendendo as demandas de contratação do governo federal, que desde janeiro de 2021, exigem seu uso em projetos e obras.


O Programa de Formação foi enquadrado na categoria dos cursos de pós-graduação de Curta e Média Duração e foi estruturado com quatro disciplinas com dezesseis horas cada, totalizando sessenta e quatro horas. É ministrado de forma síncrona e mediada por tecnologia. A ferramenta principal utilizada é a plataforma Zoom e para colaboração e networking entre os alunos, também são utilizadas outros aplicativos como Eclass FGV, Slido e Jambord. As disciplinas são sustentadas em três pilares estratégicos: (a) conceituação, (b) avanços e tendências e (c) aplicabilidade. A primeira trata das questões fundamentais para o entendimento sobre BIM, o atual estado da arte e o potencial na melhoria dos negócios. Como não se trata de uma capacitação para o nível operacional e sim gerencial, nesta disciplina são apresentadas as diversas tecnologias BIM que podem ser adotadas ao longo do processo de planejamento, concepção, execução, operação e manutenção, sem a utilização de softwares. Diante disso, para o desenvolvimento do curso não são necessários nem laboratórios de informática, nem a instalação de softwares BIM pelos alunos em seus computadores. Na segunda disciplina é apresentado o impacto da adoção BIM na gestão organizacional, assim como os novos papéis, competências e responsabilidades a serem desenvolvidos pelas organizações na mudança do negócio. São tratadas, também, questões relacionadas à contratação de projetos e obras e demais serviços a serem executados em BIM, em que são discutidos os direitos autorais dos modelos e suas respectivas responsabilidades. A terceira discute o alinhamento da implementação de BIM com as estratégias organizacionais atuais para a real mudança do negócio. São apresentados conceitos para a reestruturação da empresa na adoção BIM, bem como os diversos níveis de requisitos de informações ligados aos processos, políticas, pessoas e tecnologias. Por fim, a quarta disciplina aponta para o plano de execução BIM (BEP), abordando as fases e os procedimentos desde os requisitos para a contração das disciplinas envolvidas no processo de desenvolvimento dos projetos até os entregáveis para apoiar o gerenciamento do ativo.

Assim, a Formação Executiva em BIM, no portfólio da Fundação Getulio Vargas, se configura como um importante instrumento no processo de transformação digital da indústria da construção civil, contribuindo para o impulsionamento da adoção BIM a partir da capacitação dos gestores.

Apresentação no YouTube: https://youtu.be/c99aD8EMhII

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Biografia do Autor

Eduardo Ribeiro dos Santos , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrado em Arquitetura. Doutorando em Arquitetura pelo PROARQ/UFRJ e Professor Convidado IDE/FGV

Pedro Seixas, Fundação Getulio Vargas

Mestre em Sistemas de Gestão. Doutorando em Arquitetura pelo PROARQ/UFRJ e Professor Convidado e Coordenador IDE/FGV.

Cristiane Ramos Magalhães , Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre em Engenharia Urbana. Doutoranda em Arquitetura pelo PROARQ/UFRJ e Professora Convidado IDE/FGV.

Cristiane Lopes Canuto, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrado em Arquitetura. Doutoranda em Arquitetura pelo PROARQ/UFRJ e Professora Convidado IDE/FGV.

Referências

AsBEA, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. GUIA ASBEA BOAS PRÁTICAS EM BIM - FASCÍCULO 1. GTBIM - Grupo Técnico em BIM, São Paulo, SP. 2013.

Brasil. Presidência da República. Decreto nº 10.306 de 02 de abril de 2020. Brasília, DF, 2020.

Succar, Bilal. 201in Competency Table (Version 2.1). Zenodo. 2019. Disponível em: https://zenodo.org/record/2550442#.YFH2g69KhqM, acesso em: 17 mar 2021

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Publicado

2021-05-21

Como Citar

SANTOS , Eduardo Ribeiro dos; SEIXAS, Pedro; MAGALHÃES , Cristiane Ramos; CANUTO, Cristiane Lopes. Formação executiva em BIM: a FGV na capacitação de gestores. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 3., 2021. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2021. p. 1. DOI: 10.46421/enebim.v3i00.323. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/323. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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