Abordagens discentes frente às estratégias de implantação do BIM nos cursos de graduação de Arquitetura e Engenharia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3410

Palavras-chave:

BIM no ensino, Ensino de Arquitetura, Ensino de Engenharia

Resumo

As mudanças no setor da construção com a crescente adoção do BIM requerem a adaptação dos processos de ensino-aprendizagem e esse movimento dinâmico traz à tona a discussão acerca do papel do estudante e sua posição mais central dentro de sala de aula. (Baldez et al., 2017) O aprendizado ativo, entretanto, não busca apenas promover apenas a participação dos estudantes em sala de aula, mas sim promover posturas autônomas e capazes de cooperar coletivamente. Quanto mais os alunos participam ativamente do processo de aprendizagem, mais eles compreendem o conteúdo, potencializando sua aplicação. (Cararo e Behrens, 2020) Nesse sentido, iniciativas que contam com o protagonismo discente se multiplicam nas universidades brasileiras abrangendo os cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo e Engenharias, em vistas de promover a difusão do BIM. Este trabalho, portanto, tem como objetivo analisar a participação discente na difusão do BIM em cursos de graduação de arquitetura e engenharia, realizando um diagnóstico dessas iniciativas tomando por base as competências necessárias à formação profissional em BIM.

A partir de pesquisa exploratória realizada em publicações do ENEBIM, sites de busca e redes sociais, foram identificados 7 grupos de diferentes universidades públicas brasileiras que realizam ações com o uso do BIM e se caracterizam como Extensão universitária (processo educativo, cultural e científico que amplia, desenvolve, retroalimenta o ensino e a pesquisa, estabelecendo a troca de saberes entre sociedade e universidade). (SESU/MEC, 2001); Liga Acadêmica (associação estudantil, na qual alunos e professores abordam temas que por vezes são deixados de lado pela estrutura curricular da instituição). (Ferreira et al., 2011); ou Grupo de Estudos (sem uma definição clara, pode atuar ora como liga acadêmica, ora como extensão universitária). Entre os grupos identificados estão: o Laboratório de Práticas em BIM da UFBA, criado em 2018, formado por estudantes de graduação dos cursos de Arquitetura, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Bacharelado Interdisciplinar. Tem como objetivo desenvolver de estudos sobre BIM, produção acadêmica e desenvolvimento de projetos interdisciplinares (Silva et al., 2019); o Grupo de Extensão em BIM, formado por estudantes de graduação e pós-graduação da de arquitetura e engenharia da UFSC surgiu da necessidade de estudo, capacitação e desenvolvimento de atividades que envolvam a metodologia BIM dentro da universidade (em 2018 como Grupo de Estudos em BIM, e em 2019 como Programa de Extensão Universitária). Em 2021 o Grupo de Modelagem Avançada foi formalizado por meio do Programa de Extensão universitária da instituição com o propósito de promover eventos e cursos com temas relacionados a modelagem BIM, modelagem paramétrica, simulações e automatização na arquitetura. (Mattana et al., 2021; GEBIM UFSC, 2022); A Liga Acadêmica de Building Information Modeling e Novas Tecnologias da UFJF surgiu a partir de atividades extracurriculares voltadas para o tema, idealizado como instrumento de difusão do conhecimento em BIM e visando o desenvolvimento coletivo dos discentes da instituição. O grupo conta com alunos de Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e Arquitetura e Urbanismo da UFJF e visa responder a demanda de mercado por profissionais capacitados; no IFRN, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Integração de Projetos surgiu a partir das discussões sobre BIM que se iniciaram em 2011, e deu origem a Liga Acadêmica de Building Information Modeling que atua como extensão universitária e tem como objetivo otimizar a formação extracurricular; o Escritório de Projetos Integrados de Engenharia, projeto de extensão da UFC  teve início em 2015 como grupo de estudos e oficializado como extensão universitária em 2017. Conta com alunos bolsistas dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Sistemas e Mídias Digitais e Engenharias. (EPE UFC, 2023); a Liga Acadêmica de BIM é um programa de extensão da UFCA, composta de alunos do curso de Engenharia Civil e tem a premissa de suprir a deficiência da adoção do BIM no currículo vigente do curso, buscando disseminar esse assunto na região do Cariri. (Moreira et al., 2021); o Grupo de extensão em BIM, com início proposto por discentes do CTEC da UFAL em 2020, propõe a articulação de atividades de ensino, pesquisa e desenvolvimento em torno da área de Projeto e Gestão, tendo como eixos principais Gerenciamento de Projetos, Tecnologias da Informação e BIM. Conta com discentes dos cursos de Engenharia Civil e de Arquitetura e Urbanismo da instituição. (Santos et al., 2022)

A atuação promovida pelos grupos identificados se mostrou similar: em maioria, além de atividades internas com uso de ferramentas BIM, a capacitação em ferramentas é promovida tanto de maneira interna quanto externa. Eventos, produção e publicação de artigos, e apoio em disciplinas da instituição também ocorrem e, apesar do objetivo comum em prol da difusão do BIM em suas instituições de ensino, os grupos atuam, de maneira geral, primordialmente na capacitação em ferramentas BIM – seja ela voltada para discentes integrantes ou externos ao grupo, ou para o público externo à universidade. Ações que promovem maior aprofundamento nos aspectos de colaboração e trabalho integrado que o BIM oferece acontecem em alguns grupos, mas, na maioria das vezes, de maneira interna. Outro aspecto que fica evidente é a publicação dos grupos com foco na divulgação das ações ou no registro de formação e atuação, que não são suficientes para a completa caracterização do grupo e de suas atividades. Foi possível identificar aspectos relacionados a participação docente (que ocorre na maior parte dos grupos) e ao apoio institucional (indicado pela oferta de bolsas de estudo e/ou laboratórios disponíveis). Contudo, não fica evidente quais Competências BIM são de fato desenvolvidas pelos alunos participantes e se (e de que maneira) a disseminação do BIM na instituição ocorre. Apesar de positiva, a participação discente em grupos deste tipo deixa dúvidas se as ações são efetivas para o desenvolvimento das competências BIM demandadas pelo mercado de trabalho, uma vez que estão focadas em sua maioria no treinamento nas ferramentas de modelagem – especialmente Revit e Archicad. É preciso avaliar quais Competências BIM o mercado de trabalho espera dos futuros profissionais do setor e se a atuação do corpo discente responde a essa expectativa.

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Biografia do Autor

Camila Cunha de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestranda do Programa de Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora substituta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de janeiro - RJ, Brasil)

Mônica Santos Salgado, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Titular pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, membro do Corpo Permanente do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (Rio de Janeiro - RJ,  Brasil)

Referências

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Publicado

2023-11-02

Como Citar

SOUZA, Camila Cunha de; SALGADO, Mônica Santos. Abordagens discentes frente às estratégias de implantação do BIM nos cursos de graduação de Arquitetura e Engenharia. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 5., 2023. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2023. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v5i00.3410. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/3410. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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