Do zero ao tero
uma iniciativa extensionista sobre o ensino de BIM
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3472Palavras-chave:
BIM, Ensino, Ensino de BIM, UFJF, LABIM, ExtensãoResumo
Parte da tríade indissociável que estruturam as universidades (BRASIL, 1988), a extensão universitária atua como articuladora entre o “ensino, a pesquisa e as demandas da sociedade” (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, 2023). No que diz respeito à relevante discussão sobre o ensino do Building Information Modeling em universidades, autores já relataram experiências positivas que integram ensino e extensão para a disseminação do BIM (GIESTA et al., 2019; JÚNIOR E CAVALCANTI, 2019; SIMAS et al., 2019). Mediante a esse cenário, este trabalho visa ampliar tal discussão, relatando a experiência do projeto de extensão “Do Zero ao Teto: Curso de Modelagem BIM de Projetos Residenciais” desenvolvido pelos alunos membros da Liga Acadêmica de Building Information Modeling e Novas Tecnologias (LABIM) da Universidade Federal de Juiz de Fora, durante o primeiro semestre de 2023.
Na LABIM, os estudantes de cursos da construção civil da Universidade Federal de Juiz de Fora participam de atividades relacionadas ao BIM, visando o seu desenvolvimento na temática. Desse modo, são contemplados com capacitações durante todo o semestre acadêmico, de maneira a possibilitar a integração entre as áreas. No primeiro semestre de 2023, a LABIM estruturou o curso “Do Zero ao Teto: Curso de Modelagem BIM de Projetos Residenciais”, visando contribuir com a comunidade acadêmica, sobretudo do setor AECO (Arquitetura, Engenharia, Construção e Operações), por meio da disseminação dos conhecimentos desenvolvidos internamente ao grupo. O curso gratuito foi oferecido de forma remota e assíncrona, o que permitiu que fosse aberto à todos os interessados no Brasil. A inscrição foi realizada a partir de um formulário on-line no qual obteve 268 inscritos de diversas áreas dentro do âmbito da construção civil. Como uma iniciativa extensionista, o público inicial era focado em profissionais já inseridos no mercado AECO que possuíam pouco ou nenhum conhecimento em BIM, cada vez mais relevante no setor. Ademais, o curso também visava o público formado por discentes de graduação de outras instituições de ensino superior. Entretanto, foi observado participantes também do nível técnico e da pós-graduação, além de alunos de diferentes cursos da própria da UFJF. Os conteúdos, vídeos instrutivos acerca do uso dos softwares Autodesk® Revit® e Autodesk® Navisworks®, foram divididos em cinco módulos (projetos arquitetônico, estrutural, hidrossanitário, elétrico e a compatibilização), com duração de dez semanas, abordando a modelagem de uma residência unifamiliar de dois pavimentos, e, além disso, a compatibilização entre as disciplinas. Vale ressaltar que, as áreas de conhecimento são desenvolvidas a partir da interação entre as disciplinas, tendo como base o mesmo projeto, promovendo maiores interfaces de análises, como, por exemplo, possíveis interferências na modelagem por meio da compatibilização de projetos. Desse modo, a partir das análises advindas da construção da edificação no software, a LABIM proporcionou que os participantes alcançassem o nível de colaboração, o que pode ser entendido como um ponto extremamente positivo, uma vez que, em questionário sobre informações acerca do BIM necessária para matrícula no curso, a menor porcentagem de respostas dos inscritos foi visualizada na categoria de conhecimento do BIM aprofundada (1,8%). Vale destacar também, que, ao longo das semanas, materiais extras, com o intuito de potencializar o conhecimento dos benefícios que o BIM oferece, foram disponibilizados, como recomendações de bancos de famílias, fiação elétrica e criação do diagrama unifilar, entre outros.
O alcance do público, não restrito somente aos profissionais e discentes da graduação, devido a modalidade de ensino escolhida, possibilitou que fossem atingidos integrantes do setor AECO de diversas localidades e níveis profissionais. É um ponto de destaque a expressiva participação de discentes da própria UFJF no curso. Ainda que na instituição avanços vêm sendo constantemente realizados em relação à disseminação e a curricularização do BIM (MOLINA e HIPPERT, 2020; KNEIP E PEREIRA, 2022), pode-se notar uma necessidade por parte dos alunos de maiores e mais amplas experiências, tais como as apresentadas no curso. De fato, a estruturação do curso visava que o participante tivesse uma visão holística e detalhada de toda a construção, possibilitando a difusão do conhecimento BIM em vários projetos, apresentando a potencialidade do software de modelagem e as vantagens da compatibilização. Como um outro ponto de melhoria, tem-se a inclusão de aulas teóricas, não focadas em funcionalidades dos softwares, que poderiam explicar melhor conceitos pilares, justificando a utilização do BIM em projetos, sem resumi-lo a um simples ferramental. Nesse aspecto, essa inclusão seria importante por extrapolar a discussão promovida, mantendo o conteúdo do curso relevante ainda que os softwares apresentados não sejam de fato os utilizados nas atuais e/ou futuras vivências profissionais dos inscritos, por uma série de fatores. Além disso, vale destacar que um desafio encontrado ao decorrer do processo foi a diminuição do funil de estudantes a partir do momento da inscrição, de forma que foi percebida uma redução de alunos que participaram ativamente no curso em comparação ao envio do convite para integrar a sala virtual da plataforma, ou seja, aos inscritos. Nesse sentido, é importante que sejam estudadas as melhores formas de retenção dos participantes do curso ao longo de toda a sua duração. Ainda com tais pontos de melhoria, pode-se entender que a experiência possibilitou a ampliação do conhecimento para a comunidade acadêmica externa da LABIM. Espera-se que o curso tenha contribuído para a capacitação de profissionais já inseridos no mercado de trabalho, além de incentivá-los a buscarem maiores conteúdos relacionados ao BIM. Além disso, ao ser capaz de atingir alunos, em breve profissionais do setor AECO, espera-se que o curso tenha impulsionado o debate acerca do ensino de BIM no Brasil, bem como possa ser utilizado como inspiração para futuras atividades acadêmicas extensionistas.
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Referências
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