Uso de referenciais arquitetônicos no ensino do BIM

Resumo

Para o ensino do BIM junto ao curso de arquitetura, optou-se por estruturar as atividades de ensino em torno de um projeto de referência. A disciplina, alocada juntamente aos trabalhos da sexta fase e em um currículo em extinsão, ocorreu de forma concomitante com aulas de projeto de introdução ao paisagismo, projeto de espaços de trabalho e projeto de interiores, mas não possibilitava a efetiva integração entre o desenvolvimento dos projetos e o ensino do BIM. Como objeto de estudo, escolheu-se um referêncial de arquitetura residencial moderna, possibilitando ao aluno o estudo profundo da obra a medida em que consolidava o conhecimento relativo as ferramentas de modelagem. Para o primeiro semestre de 2019, escolheu-se a residência Carmem Portinho, do arquiteto Affonso Eduardo Reidy. A escolha do projeto se deu em função da disponibilidade de informação à respeito da residência – que foi totalmente levantada pelo projeto “Casas Brasileiras do século XX: Documentos da memória da arquitetura através de modelos reduzidos” da FAU-UFRJ, além do fato da residência estar implantada em terreno em declive, possuir mais de um pavimento, possuir rampa, escada, laje inclinada e paredes onduladas, cofigurando um objeto de estudo que explora uma gama de ferramentas necessárias a modelagem de edifícios com foco na disciplina arquitetônica. O conteúdo didático foi introduzido a medida em que os alunos modelavam o edifício, com alguns exercícios distintos à modelagem do projeto referencial ministrados de forma concomitante para aprofundar o conhecimento de algumas ferramentas/opções não contempladas pelo projeto referencial. O curso, estruturado em 18 semanas de 4 horas aula cada, apresentava um conteúdo didático específico a cada aula, demonstrando as ferramentas de modelagem e comando necessários para a sua utlização seguido da aplicação dos mesmos ao projeto de referência. Após a explicação e demonstração, os alunos eram convidados a aplicar os conhecimentos aprendidos na modelagem do projeto referencial e poderiam tirar dúvidas com o prefessor no período da aula. O acompanhamento do progresso do aluno era feito semanalmente através do ambiente virtual de aprendizagem (moodle) onde era requerido ao aluno que entregasse, até o início da aula da semana seguinte, o modelo atualizado com o conteúdo estudado naquela semana. Esta estrutura visava criar um comprometimento do aluno de praticar o uso da ferramenta semanalmente, ao invés de investir um grande período de tempo imediatamente antes de uma data de entrega estipulada. Toda aula foi gravada e disponibilizada ao aluno através do ambiente virtual de aprendizagem, possibilitando assim que o aluno pudesse rever o conteúdo apresentado ao longo da semana se fosse necessário. Dividiu-se o conteúdo didático em 3 momentos distintos: modelagem (8 aulas), documentação (6 aulas) e renderização/graficação (2 aulas). Além das entregas semanais, foram feitas duas avaliações em sala de aula relacionadas a modelagem e documentação respectivamente, ocupando duas aulas. A avaliação em sala de aula se viu necessária como forma do aluno demonstrar que desenvolveu as competências de uso do software, uma vez que as entregas semanais poderiam ser copiadas entre alunos, e como incentivo a prática do software. A estruturação da diciplina desta forma se mostrou extremamente positiva, a medida em que os alunos imediatamente aplicavam o conhecimento aprendido e desenvolveram a competência ao longo do semestre de forma gradual. O uso da ferramenta ultrapassou a proposta inicial e ao final do semestre, alunos estavam modelando as disciplinas de restauro e interiores de forma concomitante e trazendo dúvidas para a aula. Segundo relatos dos próprios alunos, especialmente útil foram os vídeos das aulas, que permitiu a recapitulação do conteúdo no ritmo do aluno que se via livre para repetir, pausar ou avançar até o conteúdo relevante ao trabalho em desenvolvimento.