Implementação curricular do BIM no Curso Técnico de Edificações do IFSul - Câmpus Pelotas.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46421/enebim.v5i00.3467

Palavras-chave:

BIM, Matriz Curricular, Implementação

Resumo

O presente trabalho apresenta o processo de implementação do BIM no projeto político-pedagógico (PPC) do Curso Técnico de Edificações, forma subsequente, do Câmpus Pelotas/RS do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul, 2023). Com o objetivo principal de atender às mudanças demandadas no mundo do trabalho, pretende-se explorar o potencial pedagógico associado à incorporação curricular do BIM, visando uma formação integrada, apoiada em práticas colaborativas que privilegiam a autonomia do educando. Dessa forma,  o corpo docente do curso, composto atualmente por 27 professores, vem debatendo oportunidades de inserção, a partir da análise da permeabilidade BIM na matriz curricular existente, de acordo com as recomendações da Rede de Células BIM - GT TIC, da qual o IFSul faz parte desde agosto de 2022. O Curso Técnico de Edificações, criado em 1968, forma profissionais de nível médio aptos a trabalhar tanto nas fases de planejamento e projeto, quanto na fase de execução de obras, gerenciando e administrando diversas atividades no campo de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC); na elaboração de orçamentos; memoriais descritivos; projetos arquitetônicos e complementares de até 80 m²; bem como no desenvolvimento e execução de levantamentos topográficos, projetos arquitetônicos e complementares sem limite de áreas.

A análise da permeabilidade da matriz curricular foi realizada de acordo com Checcucci (2014, 2021). Na primeira etapa, os componentes foram divididos em quatro grupos: Conteúdos básicos; Conteúdos profissionais essenciais; Conteúdos profissionais específicos e Núcleo de atividades. Dos 39 componentes curriculares obrigatórios da matriz, 31 deles apresentaram interface com BIM. A segunda etapa consistiu na verificação de suas ementas e conteúdos para se estabelecer o grau de interface existente. Foram identificados 14 componentes curriculares com interface clara com o BIM e 17 com  interface possível. Novas análises, em categorias mais detalhadas,  explicitaram o modo pelo qual as interfaces ocorrem: os componentes com interface clara relacionam-se a representação gráfica, projeto de arquitetura e projetos complementares. Atualmente as ações de implementação concentram-se nas disciplinas de Informática Aplicada II e Projeto Arquitetônico II, impulsionadas pelo entendimento de que a modelagem BIM pode, a partir de recursos de visualização tridimensionais aprimorados (tais como realidade virtual e aumentada - RV e RA), contribuir para o desenvolvimento do raciocínio espacial, apoiando a aprendizagem de conceitos fundamentais para a área de representação gráfica e projeto de arquitetura, o que motivou a capacitação docente. Em médio prazo pretende-se ampliar para as disciplinas de Instalações Hidrossanitárias, Instalações Elétricas,  Estruturas de Concreto Armado, Fundações e Topografia. A implementação junto aos componentes curriculares com interface clara relativas ao planejamento de obras (Orçamento, Gerenciamento e Segurança do Trabalho) ocorrerá  em relação à manipulação dinâmica do modelo, extração de informações qualiquantitativas dos insumos e elaboração de cadastro de fornecedores das construções.  O trabalho de conclusão de curso, que envolve o projeto interdisciplinar completo de residência unifamiliar, deve acompanhar  a implementação do BIM nas referidas disciplinas. Em relação aos componentes com interfaces possíveis, foram identificados três componentes curriculares que tratam da representação gráfica a mão e em CAD (Desenho Arquitetônico, Informática Aplicada I e Projeto Arquitetônico I). Entende-se o momento atual como um período de transição que justifica a permanência da representação em CAD, porém associado ao BIM, pela manipulação e visualização dos modelos. Exceto o estágio curricular obrigatório (que pode ou não apresentar interface com o BIM, dependendo da área de atuação), a implementação do BIM junto aos demais componentes curriculares com interfaces possíveis (Materiais de Construção; Materiais e Técnicas Construtivas;  Práticas Construtivas; Noções de Projetos de Estruturas Especiais e Patologia das Construções) deve ocorrer na medida de sua implementação nas disciplinas com interface clara, pois a expectativa é que se configure um processo de retroalimentação entre os componentes relacionados aos projetos de arquitetura e os componentes relacionados à tecnologia da construção. As informações da modelagem da construção estão intrinsecamente relacionadas à modelagem em si, por isso entende-se que essas disciplinas passarão, com o tempo, a subsidiar os componentes de projeto e modelagem conforme a tecnologia BIM presente neles demande estas informações. Essa implementação deverá ocorrer progressivamente, em consonância com a capacitação dos docentes responsáveis pelos componentes curriculares e adequação da infraestrutura física necessária, de acordo com as peculiaridades de cada um. 

A elaboração do diagnóstico da permeabilidade BIM na matriz curricular do Curso Técnico de Edificações provocou reflexões e o aprofundamento da compreensão a respeito das interfaces entre os componentes curriculares, subsidiando a sensibilização do corpo docente para este processo de transição. Ficou claro para o grupo que a tecnologia BIM já é uma realidade para a área AEC, e que os cursos relacionados a esta área de estudos devem obrigatoriamente adaptar-se a ela. A análise realizada a partir do método Checcucci (2014, 2021) auxiliou o corpo docente a compreender que a implementação da tecnologia BIM possibilita a integração entre componentes curriculares de projetos e representação gráfica (modelagem) e componentes teórico-práticos (informações da construção), contribuindo com os processos de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, os docentes que já trabalham com BIM ofereceram curso de capacitação em nível básico aos colegas que ainda não possuem experiência nesta tecnologia, o que oportunizou importantes momentos de trocas de conhecimentos entre profissionais de diferentes áreas. Na sequência serão oferecidos novos módulos em níveis mais aprofundados. Cabe ressaltar que o fato de os docentes do Curso fazerem parte da mesma coordenadoria, reunindo-se semanalmente em reuniões pedagógicas, tem contribuído positivamente no avanço das discussões sobre o tema. Finalmente, a atualização do PPC do curso, mencionada anteriormente, incorporou os avanços proporcionados pela compreensão aprofundada das interfaces possíveis e claras com o BIM, resultante da elaboração do referido diagnóstico. Desse modo, a presença do BIM nos documentos reguladores do novo PPC, com a construção de uma matriz que incorpora esta tecnologia em sua essência, constitui importante avanço em sua implementação curricular. Como expectativa futura, pretende-se avançar, em conjunto com a Rede de Células BIM - GT TIC, na construção do Plano de Implementação BIM Curricular (PIBc) a partir da definição dos objetivos de aprendizagem, que será realizado com base na adaptação de  Bush e Robinson (2018), integrando à Succar et al. (2013) e Ferraz e Belhot (2010).

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Biografia do Autor

Aline Blank, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense

Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas. Professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (Pelotas - RS, Brasil) e Coordenadora do Curso Técnico em Edificações do Campus Pelotas - IFSul.

Luciana Sandrini, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense

Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (Pelotas - RS, Brasil) e doutoranda na UFRGS (Porto Alegre - RS, Brasil).

Referências

BUSH, Rohan; ROBINSON, Melanie. Developing a BIM Competency Framework: Research & Key Principles. 2018.

CHECCUCCI, E. S. Ensino-aprendizagem de BIM nos cursos de graduação em Engenharia Civil e o papel da Expressão Gráfica neste contexto. 235 f. il. 2014. Tese (Doutorado em Difusão do Conhecimento) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.

FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT, Renato Vairo. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gestão & produção, v. 17, p. 421-431, 2010.

IFSul. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Edificações – forma subsequente. Pelotas: IFSul, 2011. Disponível em: http://intranet.ifsul.edu.br/catalogo/curso/40. Acesso em: 07 de agosto de 2023.

MÉTODO de identificação da interface com BIM na matriz curricular. Érica de Sousa Checcucci. 2021. 1 vídeo (27:58 min). Publicado pelo canal do Youtube GT TIC ANTAC. Playlist Células BIM. 7 mai. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= 8i32NV4PLjc&list=PLkL20v6GBV3yEjceOKS8WpQd4xxemV6A2&index=2&t=15s. Acesso em: 17 mar. 2022.

SUCCAR, Bilal; SHER, Willy; WILLIAMS, Anthony. An integrated approach to BIM competency assessment, acquisition and application. Automation in construction, v. 35, p. 174-189, 2013.

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Publicado

2023-11-10

Como Citar

FREITAS, Aline Blank; ROCHA, Luciana Sandrini. Implementação curricular do BIM no Curso Técnico de Edificações do IFSul - Câmpus Pelotas. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE O ENSINO DE BIM, 5., 2023. Anais [...]. Porto Alegre: ANTAC, 2023. p. 1–1. DOI: 10.46421/enebim.v5i00.3467. Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/enebim/article/view/3467. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Planejamento de inserção de BIM na educação

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