Desafios para implementação BIM na graduação

diagnóstico no curso de Engenharia Civil da UFSM

Abstract

Nos últimos anos Building Information Modeling (BIM) vem ganhando espaço no mercado da Construção Civil. Referente ao seu ensino em universidades, as publicações das edições anteriores do ENEBIM e de artigos como Ruschel, Andrade e Morais (2013), Machado, Ruschel e Scheer (2017) e Checcucci (2019) demonstram que este é um tema relevante e com potencial para engrandecer a formação acadêmica dos discentes. Sendo assim, a troca de experiências entre professores, pesquisadores, instrutores e consultores sobre o assunto se faz imprescindível para a evolução e desenvolvimento do mesmo.  No curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) a matriz curricular vigente data de 2005, de modo que as disciplinas englobadas e práticas de ensino utilizadas não acompanharam muitos dos avanços tecnológicos ocorridos no decorrer destes 17 anos. Diante deste cenário, o grupo PET Engenharia Civil iniciou o projeto de pesquisa “Caminhos para a inserção de BIM no curso de Engenharia Civil da UFSM” que tem por objetivo buscar alternativas para implementação de BIM nas disciplinas de graduação do curso de Engenharia Civil da UFSM. Esta pesquisa foi dividida em 3 fases, sendo elas: Fase 1 – Diagnóstico e análise dos dados; Fase 2 – Elaboração de Plano de Implementação BIM; Fase 3 – Aplicação e validação do plano de Implementação BIM. Este trabalho apresenta os resultados obtidos na Fase 1 do projeto de pesquisa.

A Fase 1 possui como objetivo realizar o diagnóstico acerca dos conhecimentos em BIM de docentes e discentes do curso de Engenharia Civil da UFSM. Ademais, tem-se como objetivos específicos: a) entender se há interesse por parte dos alunos em uma maior abordagem sobre o tema durante o curso de graduação; b) entender se há interesse por parte dos professores em participarem de capacitações para posterior inclusão de BIM nas disciplinas ministradas; c) elucidar quais são os principais desafios a serem superados. Para atingir estes objetivos elaborou-se dois formulários distintos, para docentes e discentes Nestes formulários foram apresentados os objetivos da pesquisa juntamente com a pergunta “Você tem algum conhecimento sobre BIM?”. Se a resposta fosse “Sim” ou “Em partes” o formulário encaminhava o entrevistado para perguntas como “O que você entende por BIM?”, “Onde você adquiriu este conhecimento?” e “Você teria interesse em obter mais conhecimento acerca do tema?”. Caso a resposta fosse negativa, este era encaminhado a outra seção que apresentava uma conceituação básica acerca do que é BIM e posteriormente era questionado se o entrevistado teria interesse em obter mais conhecimento acerca do tema. Para os docentes foi também questionado quais seriam as maiores barreiras a serem superadas na visão deles. Estes formulários foram enviados de maneira online, através dos e-mails cadastrados na base de dados da UFSM e as respostas foram obtidas no período de 05 a 18 de julho de 2022. Os e-mails foram enviados a 1.191 contatos, sendo 43 docentes e 1.148 discentes e, destes, 24 docentes e 119 de discentes responderam à pesquisa, o que corresponde a 55,8% e 10,4%, respectivamente.

Como resultado 77 alunos, ou 35,3% dos respondentes, afirmaram que consideram ter algum conhecimento sobre BIM e, destes, apenas 9% adquiriram o conhecimento a partir das aulas da graduação. Além disso, 98,32% dos discentes que responderam acreditam que deveria ter uma maior abordagem sobre BIM na grade curricular do curso de Engenharia Civil da UFSM. Isso fica evidente no comentário deixado por um dos discente durante a pesquisa: “Acredito que há grande importância sobre o assunto para o curso de Engenharia Civil. Logo, existe a necessidade de maior discussão sobre BIM, de forma que seja possível apresentar aos alunos conhecimentos voltados ao tema”. Dentre os docentes que responderam a pesquisa 54,3% não possuem nenhum conhecimento sobre BIM, entretanto 92,3% deste grupo responderam ter interesse em adquirir este conhecimento e 83,33% do total de entrevistados se declaram dispostas a realizar capacitações sobre o assunto. Apesar destes números parecem promissores, os docentes ressaltam barreiras como falta de infraestrutura das salas de aula da universidade e a necessidade de conciliar o seu tempo entre as atividades de docência e de capacitação. Isso é evidenciado pelos comentários realizados na pergunta “Na sua opinião, quais seriam as maiores dificuldades encontradas nesse processo?”, como exemplo: “Tempo para capacitação e implementação com os alunos”, “Encontrar tempo para capacitação”, “Infraestrutura e software disponíveis no CT” e “Cursos muitos extensos, com carga horária semanal elevada, pois dificulta a participação docente pelo choque de horário com as demais demandas do trabalho.”. Complementar a estes desafios, apresenta-se a falta de atualização do currículo do curso de Engenharia Civil da UFSM que enfrenta grandes dificuldades quanto à inovação e dificulta mais ainda a implementação de BIM no ensino. Com a realização da pesquisa, observa-se que há um longo caminho a ser percorrido para a implementação de BIM no curso de Engenharia Civil da UFSM e entre os desafios apontados estão a falta de infraestrutura adequada e a dificuldade em conciliar as atividades de docência e a participação em cursos de capacitação e atualização sobre BIM. No entanto, grande parte dos alunos demonstraram interesse pela maior abordagem do tema na graduação e muitos dos professores se mostraram abertos a participar de cursos de capacitação para posterior inserção do ensino de BIM em suas disciplinas, desde que estes se ajustem às suas agendas. Este interesse por parte dos docentes e discentes é fator de motivação para a continuação dos estudos para posterior implementação das Fases 2 e 3 desta pesquisa.