Habilidades e competências BIM de alunos de Arquitetura e Urbanismo

Abstract

A adoção do processo BIM (Building Information Modeling) no setor de Arquitetura, Engenharia e Construção do Brasil está em evolução. Apesar disso, ainda existem muitos aspectos a melhorar para a implementação de BIM no mercado de trabalho e ambiente acadêmico. Este resumo descreve uma pesquisa realizada em ambiente de ensino-aprendizagem que propõe o uso de BIM para modelagem arquitetônica de uma edificação, com a finalidade de quantificação de materiais de construção e equipamentos para estimar os custos do projeto (BIM EXCELLENCE, 2016). O estudo enquadra-se no campo “Processos”, no estágio “Modelagem” (SUCCAR, e KASSEM, 2015), e foi realizado na disciplina Tecnologia das Edificações IV do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (MATTANA, 2017) com a participação de 25 alunos de graduação no semestre 2016/1. O projeto utilizado consiste em uma edificação residencial de 42m². Foram aplicados questionários prévios e posteriores à experiência para identificar as habilidades dos alunos sobre o tema BIM, bem como a percepção dos mesmos após realizar o experimento em sala de aula. Em relação ao questionário prévio, ao serem questionados sobre o primeiro contato com BIM, a maioria dos alunos (40%) teve seu primeiro contato com BIM na universidade, 20% tiveram o primeiro contato em empresas de arquitetura ou engenharia e 12% dos participantes nunca teve contato com BIM. Em relação à experiência do aluno com BIM, 42% responderam que sabem o que é BIM, porém, não utilizam; 21% afirmaram que utilizavam ferramenta BIM nos projetos; 21% disseram que escutaram falar sobre BIM, mas que sabiam pouco sobre isso e 4% afirmaram que não sabem nada sobre BIM. Percebe-se que a maioria desses estudantes não tem experiência em BIM, ou seja, foram enquadrados no Nível de Proficiência Introdutório (BARISON, 2015). Em relação à ferramenta BIM que o aluno pretende ou gostaria de utilizar, 64% mencionaram o AUTODESK REVIT e outros 32% mencionaram o GRAPHISOFT ARCHICAD, enquanto que 4% não pretende utilizar nenhuma ferramenta BIM. Questionados sobre o conceito BIM, a maioria caracterizou como um sistema de colaboração (38%), como uma ferramenta (28%) e processo (17%). Após a aplicação do questionário prévio, houve uma explicação sobre BIM, para posteriormente desenvolver o modelo com auxílio da ferramenta AUTODESK REVIT 2015, e então realizar a extração das quantidades. Na finalização do experimento foi aplicado outro questionário que teve como objetivo avaliar a percepção dos alunos sobre a experiência realizada. As respostas demonstram que 80% dos alunos estavam cursando a disciplina pela primeira vez e todos os participantes (100%) concordam que é válido o uso de BIM na disciplina, sinalizando que essa experiência teve uma aceitação positiva por parte dos participantes. Os principais benefícios apontados pelos alunos em relação ao uso de BIM na disciplina foram: (1) facilidade para obter as quantidades para o trabalho final (26%) e, (2) melhor entendimento da execução da edificação (25%) devido à visualização tridimensional e à inserção de informações no modelo. Metade dos participantes aponta que a insegurança para o uso da ferramenta BIM escolhida é um dos entraves, pois usaram o software pela primeira vez e tinham pouco domínio. Outra dificuldade apontada foi a inserção dos dados obtidos pela ferramenta BIM para a discriminação orçamentária (25%) elaborada em software de orçamentação convencional FRANARIN/PLÉO. Recomenda-se a introdução de BIM no currículo desde as fases iniciais, ensinando previamente as funções do modelador BIM. Em relação à definição de BIM, 23% dos participantes considera BIM um software, 23% um processo, 23% um conceito e 23% apontam BIM como sistema de colaboração. Percebe-se que os alunos entenderam BIM não apenas como um sistema de colaboração, mas também como processo, conceito e software.