Rede de Células BIM ANTAC
DOI:
https://doi.org/10.46421/enebim.v4i00.1952Palavras-chave:
BIM, Ensino, Plano de Implementação, Rede Acadêmica, Associação de Tecnologia no Ambiente ConstruídoResumo
As Células BIM são grupos organizados de professores e alunos de uma instituição de ensino envolvidos na proposição e no desenvolvimento de um Plano de Implementação de BIM curricular (PIBc), em um ou mais cursos, com o intuito na realização de ações acadêmicas para transformação digital no âmbito do Projeto Construa Brasil. A Associação de Tecnologia no Ambiente Construído (ANTAC) desenvolve uma ação multiplicadora de Células BIM segundo diretrizes do Projeto Construa Brasil por meio da Rede de Células BIM ANTAC. Rede de Células BIM ANTAC é facilatada pelos coordenadores do Grupo de Trabalho de Tecnologia da Informação e Comunicação na Construção da ANTAC.
Foi realizada uma chamada geral entre novembro e dezembro de 2021 e os trabalhos da rede iniciaram em janeiro de 2022. Participam ativamente da rede 19 Instituições de Ensino sendo 21,4% privadas e 78,9% públicas. Todas Células BIM Têm anuência institucional para o desenvolvimento do PIBc com o comprometimento e pelo menos analisá-lo para sua avaliação. As Células BIM trabalham na atualização curricular para a incorporação do BIM em 32 cursos, sendo 16 de Engenharia Civil, 11 de Arquitetura e Urbanismo e os restantes de Expressão Gráfica, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Técnico em Edificações e em Obras. A Rede de Células BIM da ANTAC tem boa representatividade no universo total de cursos de Engenharia Civil (6,98%) e Arquitetura e Urbanismo (11,76%) presenciais e ativos segundo a plataforma e-MEC. Com ralação à representatividade regional, 40,6% das Células BIM são da região Sudeste, 34,4% da região Nordeste e 25,0% do Sul. A região Norte não tem representante na Rede. Esta ausência também é percebida em experiências didáticas compartilhadas no Encontro Nacional de Ensino de BIM até 2021.
As instituições de ensino na Rede de Células BIM ANTAC seguem o protocolo padronizado para a implementação curricular do BIM proposto no Projeto Construa Brasil. O protocolo é alinhado à prática geral observada na indústria (COATES et al., 2010; GU; LONDON, 2010), considerando aspectos BIM de processo, tecnologia e políticas na academia alinhados com a missão da instituição de ensino e com as competências profissionais demandadas pela legislação. O protocolo se desenvolve em cinco etapas:
- Revisão detalhada e análise da prática atual;
- Identificação dos ganhos para processo de transformação curricular;
- Desenho de novos processos de ensino e caminho de adoção de tecnologia;
- Implantação e lançamento do PIB e
- Revisão, disseminação e integração do projeto no plano estratégico.
Os membros das Células BIM na Rede encontram-se remotamente mensalmente. No primeiro semestre de 2022 as Células BIM desenvolveram a primeira etapa do protocolo, isto é, a Revisão detalhada e análise da prática atual. Todas instituições participantes realizaram o Diagnóstico da Maturidade BIM curricular dos cursos de interesse. A análise global destes diagnósticos na rede aponta que a Maturidade BIM curricular dos cursos envolvidos é de 44,6%, portanto segundo Böes, Barros Neto e Lima (2021), o nível de maturidade BIM curricular geral é denominado DEFINIDO e a maturidade é classificada como MÉDIA. Isto indica que já está ocorrendo um movimentos nas instituições envolvidas para a incorporação do BIM em suas matrizes curriculares. Nota-se uma leve diferença na maturidade BIM curricular entre os cursos de Arquitetura e Urbanismo (50,8%), de Engenharia Civil (43,6%) e os restantes (31,4%). O nível menor de Maturidades BIM curricular dos cursos de Expressão Gráfica, Engenharia Elétrica e Mecânica podem estar associados á limitação de competências BIM naturalmente desenvolvidas nestas formações. Entretanto, entre os cursos técnicos demonstra um movimento tardio ou não tão evoluído nos cursos participantes.
A etapa de Revisão detalhada e análise da prática atual ainda está em curso. Até o momento somente 37,5% dos cursos realizaram o segundo diagnóstico proposto no protocolo, isto é, a identificação do potencial de incorporação do BIM na matriz curricular. A métrica utilizada para este diagnóstico é de Checcucci e Amorim (2014), que permite identificar na matriz curricular os componentes curriculares com interface clara com BIM, com potencial interface e sem interface. Os componentes curriculares com interface clara com BIM desenvolvem naturalmente as competências BIM, independentemente do foco dado pelo docente. Os resultados parciais desta análise na Rede de Células BIM da ANTAC mostram um perfil interessante, a ser confirmado quando todos os cursos envolvidos realizarem a mesma análise. Observa-se que a percentagem de disciplinas com interface clara com BIM geral é de 37,88% com um desvio padrão alto de 15,26%. Entretanto, quando os cursos analisados são agrupados, observa-se que nos cursos de Arquitetura e Urbanismo 45,80% das disciplinas da matriz curricular tem interface clara com o BIM e os cursos de Engenharia Civil tem 28,80% de interface clara com BIM. Numa primeira análise pode-se inferir que a origem deste perfil estaria no fato de que os cursos de Arquitetura e Urbanismos, fortemente baseados em disciplinas de projeto (de ateliê), são mais práticos e os cursos de Engenharia Civil sejam mais teóricos. Chama a atenção os altos valores de desvio padrão associados ao resultado final da métrica quando analisada globalmente, indicando que a subjetividade associada classificação do tipo de interface com o BIM na disciplina possa estar afetando os indicadores.
A Rede de Células BIM ANTAC é um projeto de duração de dois anos. Tendo sido iniciado em 01/2022 deverá finalizar em 12/2024. Os resultados parciais já demonstram grande potencial de compreensão da Maturidade BIM no ensino e da capacidade latente de incorporação de BIM nas matrizes curriculares dos cursos de graduação de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil no Brasil.
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Referências
BÖES, Jeferson Spiering; BARROS NETO, José de Paula; LIMA, Mariana Monteiro Xavier de. Modelo de maturidade BIM para instituições de ensino superior. Ambiente Construído [online]. 2021, v. 21, n. 2 , p. 131-150. Epub 05 Mar 2021. ISSN 1678-8621. https://doi.org/10.1590/s1678-86212021000200518.
CHECCUCCI, Érica de S.; AMORIM, A. L. de. Método para análise de componentes curriculares: identificando interfaces entre um curso de graduação e BIM. PARC Pesquisa em Arquitetura e Construção, Campinas, SP, v. 5, n. 1, p. 6–17, 2014. DOI: 10.20396/parc.v5i1.8634540. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8634540. Acesso em: 5 set. 2022.
COATES, S. P., ARAYICI, Y., KOSKELA, K., KAGIOGLOU, M., USHER, C., & O'REILLY, K. The key performance indicators of the BIM implementation process. In: Computing in Civil and Building Engineering, Proceedings of the International Conference (icccbe2010), Nottingham, 2010, (p. 157). Nottingham University Press. Disponível em: http://usir.salford.ac.uk/id/eprint/9551/. Acesso em: 11. jun. 2022.
GU, N., LONDON, K. Understanding and facilitating BIM adoption in the AEC industry. Automation in Construction 19.8 (2010): 988-999. 2010. https://doi.org/10.1016/j.autcon.2010.09.002.
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